Octavio Paz, poeta e ensaísta, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1990

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Poeta civilizador

Paz: “Amor e política são dois pólos unidos por um arco: a pessoa

 

 

“Para mim a poesia e o pensamento são um sistema de vasos comunicantes. A fonte de ambos é minha vida: escrevo sobre o que vivi e vivo”.

 

 

Octavio Paz Lozano (Cidade do México, 1914 – Cidade do México, 20 de abril de 1998), poeta e ensaísta mexicano, o latino-americano que ousou pensar por si mesmo.

 

 

O escritor, poeta e ensaísta mexicano, foi o mais celebrado autor da América Latina nos últimos anos, (autor de Salamandra”, entre muitos outros), foi laureado com o prêmio Nobel de literatura em 1990.

 

No final do século XVIII, o filósofo alemão Emmanuel Kant propôs que o lema da modernidade fosse: “Ouse pensar por si mesmo”. O escritor mexicano Octavio Paz foi um dos que ousaram e só por isso mereceria ser lembrado. Poeta e ensaísta, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1990, homem de ação na cultura e na política, chegou ao final da vida como uma das personalidades latino-americanas mais respeitadas de seu tempo.

 

 

 

Carreira diplomática 

 

 

Octavio Paz viveu e atuou em diversos países. Em 1938, mudou-se para Paris, onde entrou em contato com o surrealismo e o existencialismo.

 

 

Entre 1945 e 1951, trabalhou na embaixada do México na capital francesa e, de 1962 a 1968, foi embaixador na Índia, cargo que abandonou por razões políticas.

 

 

O poeta foi casado com a escritora Elena Garro, com quem teve uma filha, Helena, e com Marie José Tramini, artista plástica de origem francesa.

 

 

Em agosto de 1997, Paz afirmou, em entrevista para a televisão mexicana, que a poesia “é a memória dos povos e uma grande “fabricante’ de fantasmas”.

 

 

“A memória é criadora e, assim, paradoxo da poesia. Esta é a memória dos povos, mas também aquela parte secreta da alma na qual, de alguma forma obscura e ambígua, se reflete e perfila o futuro”, disse o poeta.

 

Em 1997, a Universidade Nacional Autônoma do México instituiu uma cátedra extraordinária para Octavio Paz. Foi a primeira vez que uma cadeira foi criada para homenagear um escritor ainda vivo.

 

Nascido em 1914 na Cidade do México, Paz estreou na poesia aos 16 anos e também foi precoce como militante político. Sua primeira simpatia foi pela esquerda. Um ano depois de a Guerra Civil Espanhola estourar, em 1936, ele viajou para a Europa e empunhou armas contra o fascismo. Aos poucos, no entanto, distanciou-se do socialismo. Criticou a filosofia marxista e, mais ainda, os intelectuais latino-americanos que gostariam de aplicá-la ao continente. Sua conversão ao liberalismo – ainda que nunca tão espalhafatosa quanto a do romancista peruano Mario Vargas Llosa – rendeu-lhe inimizades em seu país.

 

Seu rico ensaísmo político, construído sobre firmes bases de reflexão histórica e antropológica, tem ponto alto em “O Labirinto da Solidão”. Redigido entre o final dos anos 40 e o início da década de 50, o livro ganhou status de clássico e tornou-se indispensável nas discussões sobre o México e a América Latina. Mas seu pensamento jamais se restringiu ao próprio continente. Paz foi um difusor cultural, um “civilizador”. Traduziu obras de poetas da China e da Índia, países onde serviu como diplomata, refletiu sobre as “conjunções e disjunções” – como gostava de dizer – que uniam ou separavam Ocidente e Oriente, Hemisfério Norte e Hemisfério Sul.

 

Amor e política são dois pólos unidos por um arco, a pessoa”, escreveu Paz em 1993. Foi o ano em que lançou um de seus últimos livros, A Dupla Chama, dedicado ao tema do erotismo, faceta do escritor pouco estudada pelos críticos. Paz foi um dos maiores poetas eróticos do século XX, um dos poucos a preocupar-se em renovar a desgastada linguagem do amor. Dos primeiros poetas maduros, escritos ainda na década de 30 e reunidos em Libertad Bajo Palabra, até as obras-primas tardias como Blanco (traduzido pelo também poeta Haroldo de Campos em Transblanco, o amor foi para ele um assunto e uma metáfora do trabalho artístico.

 

Paz é um poeta a ser contado entre os rebeldes. Começou sob influência do surrealismo, mas jamais se acomodou a uma única escola. Era um poeta-crítico, em dois sentidos: porque teorizou sobre a literatura em livros como O Arco e a Lira e Os Filhos do Barro e porque desmontou e remontou incessantemente as engrenagens da língua em sua poesia. Muito mais do que o chileno Pablo Neruda, que se tornou autocomplacente depois dos primeiros êxitos e não faz jus à mística criada pelos críticos esquerdistas em torno dele, Paz deverá ser lembrado como o poeta-símbolo da América hispânica no século XX.

 

Entrou de vez para a história da literatura, cumprindo o Destino de Poeta que traçou num texto de 1944: Palavras? Sim, de ar/ e no ar perdidas./ Deixa que eu me perca entre palavras./ deixa-me ser o ar entre esses lábios./ um sopro vagabundo sem contornos./ que no ar se desvanece./ Também a luz em si mesma se perde.

 

Paz morreu no dia 20 de abril de 1998, aos 84 anos, em decorrência de câncer ósseo, na Cidade do México.

A morte de Paz foi anunciada publicamente pelo presidente do país, Ernesto Zedillo, que afirmou que “o México perdeu seu maior pensador e poeta”.

 

Octavio Paz tinha câncer e flebite (inflamação da membrana interna das veias), que o afastaram de atividades públicas nos últimos anos. Ainda assim, em dezembro de 97, assistiu à abertura da fundação que recebe o seu nome.

 

Os últimos meses da vida do escritor foram marcados por uma série de incidentes. A começar pelo incêndio de sua casa na Cidade do México, em dezembro de 96, que o abalou profundamente por destruir parte de sua biblioteca, onde guardava exemplares de obras raras e pinturas. Desde então, Paz foi internado várias vezes, em função de sua doença.

Em julho de 1994, o poeta foi submetido a uma operação cardíaca em Houston, nos EUA, mas sua recuperação foi satisfatória.

(Fonte: Correio do Povo –Cronologia – ANO 116 – Nº 202 –20 de abril de 2011)
(Fonte: Veja, 29 de abril de 1998 – ANO 31 – N° 17 – Edição 1544 – MEMÓRIA/ Por Carlos Graieb – Pág; 120)

(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada / FOLHA DE S.PAULO – ILUSTRADA / das agências internacionais – São Paulo, 21 de abril de 1998)

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