Max Weber, intelectual, sociólogo e pensador alemão, um dos gigantes do século 20

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SÁBIO E TRÁGICO

Weber: a mulher, Marianne, foi o anjo que o protegeu na doença e na glória

Max Weber (Erfurt, 21 de abril de 1864 – Munique, 14 de junho de 1920), intelectual, sociólogo e pensador alemão, foi um dos mais importantes sociólogos alemães, autor de “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” e “Economia e Sociedade”, foi um dos gigantes do século 20.

Poucos pensadores chegaram ao final do século 20 em tão boa forma quanto Max Weber. No caminho de Karl Marx interpôs-se o stalinismo e o Muro de Berlim.

O divã de Freud chega candidato às lojas de móveis usados, inútil como o porta-chapeus. Jean-Paul Sartre virou relíquia dos anos 60.

Max Weber, embora menos conhecido que os citados, chega com a reputação de mestre supremo na área das ciências sociais.

Considerado um dos dez melhores livros de não-ficção do século XX, aparece em primeiro lugar (com antologias A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo) e terceiro (com Economia e Sociedade).

Weber se faz presente, no Brasil, tanto na influência sobre um clássico como Os Donos do Poder, de Raimundo Faoro, quanto entre intelectuais brasileiros.

Ao longo de uma vida iniciada no momento de glória alemã que foi a unificação do país promovida por Bismarck, e terminada no momento de eclipse que foi a derrota na I Guerra Mundial, Weber formulou conceitos que vêm servindo como faróis à ciência política. Por exemplo, a distinção entre os três tipos de autoridade é a tradicional, de bases afetivas, como a exercida nas famílias pelo patriarca; a racional-legal, fundamentada em leis e regras impessoais e universais; e a carismática, que assoma de líderes tomados pela inspiração profética. Ou a distinção entre os dois tipos de ética, a que costuma recorrer o presidente Fernando Henrique Cardoso é a ética de convicção e a de responsabilidade, a primeira baseada num princípio e só nele, como a do pacifista que não quer participar da guerra e não participa, e a segunda em um cálculo de resultados, como a do igualmente pacifista que não quer participar da guerra mas calcula que a consequência disso pode ser pior, e acaba participando.

Sobretudo, Weber é o teórico da burocracia. A burocracia é o meio pelo qual o Estado atua para atingir determinados fins. Com o tempo, entretanto, passa a ser um fim em si. Assim, a burocracia, criada como recurso racional pelo qual o Estado exerce sua dominação, de maneira impessoal e universal, torna-se um espantalho irracional a impor prescrições que já não se sabe para que servem. Entramos aqui em pleno domínio daquilo que se vê como o “espírito de tragédia” de Weber. Os paradoxos situam-se no cerne do pensamento do sociólogo alemão. Se a burocracia tem esse lado bom e esse lado ruim, o mesmo vale para a democracia, que, se amplia a possibilidade de liberdade, também amplia a de corrupção. O poder é, para Weber, a face mais acabada da tragédia. “A vontade do povo é uma ilusão infantil”, dizia. A democracia estará para sempre comprometida pelo estigma do pequeno número. Qual seja: é sempre uma minoria que manda. Quer num país, quer num partido político, o poder sempre escoará dos muitos para os poucos, porque os pequenos grupos são mais organizados e têm maior capacidade de manobra.

O senso de tragédia de Weber tem um pai na figura do filósofo Friedrich Nietzsche, uma de suas grandes admirações. Já o pai de sua sofrida apreciação da autoridade e do poder talvez seja o pai propriamente dito, quer dizer, o pai do próprio Weber, um advogado também chamado Max, que descontentava o filho pelas maneiras arrogantes, em especial quando exercidas sobre a mãe do sociólogo. Uma vez, quando tinha 23 anos e acabara de se mudar para Heidelberg, em cuja famosa universidade começava a dar aulas, Weber convidou a mãe para visitá-lo. O pai, sem ser convidado, veio junto. O filho revoltou-se – e expulsou-o. O velho Weber morreria semanas depois, de modo que esta foi a última vez em que se viram. Um mês após a morte do pai, Weber começou a dar sinais da doença mental que o acometeria pelos próximos sete anos. Tinha pensamentos persecutórios, não conseguia trabalhar. Prostrou-se, desceu aos infernos.

A coincidência do incidente e morte do pai com o aparecimento da doença leva a discutir se o divã de Freud deve, mesmo, ser posto de lado. Indiscutível é a vitória de Weber sobre si mesmo ao elaborar, quando de sua recuperação, logo aquele que seria seu mais famoso livro, A Ética Protestante… A tese, originalíssima, de que o capitalismo nasceu do temor a Deus e da devoção ao trabalho dos protestantes revela o quão distante estão as investigações de Weber das de outro alemão que se propôs a dissecar o capitalismo, Karl Marx. Se para Marx a religião era o ópio do povo, para Weber era a seiva vital, o leite primevo, a primeira lufada de ar a encher-lhe os pulmões. Weber foi longe, no estudo das religiões. Chegou às religiões da Índia e da China.

Movido por uma curiosidade insaciável, Weber aprendeu russo, em poucas semanas, para se aprofundar nas questões suscitadas pela Revolução Russa de 1905. Em outra fase da vida foi conhecer a comunidade proto-hippie de Ascona, na Suíça, habitada por adeptos da liberdade sexual. Ao voltar, claro, escreveu sobre o erotismo. A visita a Ascona foi motivada por um convite da amiga – e amante, no fim da vida – Else Jaffé. Ora, essa Else era irmã de Frieda Weekly, as duas nascidas Von Richthofen, e Frieda, mais liberada ainda que a outra, foi a alemã que deixou marido e filhos para se casar com o inglês D.H. Lawrence, o autor de O Amante de Lady Chatterley. Ficamos assim sabendo, por esse lado mundano do livro de Diggins, que o ascético sociólogo alemão e o sensual romancista inglês tiveram um ponto comum na ligação com as irmãs Von Richthofen.

A grande presença feminina do livro, porém, é Marianne, a mulher de Weber, anjo que cuidou dele na glória e na doença, e no intervalo ainda se firmou entre as principais líderes feministas de seu tempo.

Marianne é autora de uma biografia do marido de que se extrai com frequência citações tão bonitas pelo carinho para com o biografado como pelo senso poético. Assim, quando Marianne descreve o passeio do casal pelas ruas de Heidelberg, no dia de verão em que se iniciou a I Guerra: “O sol poente brilhava como brasa incandescente (…) Com um arrepio, os seres humanos estavam agora à beira da realidade. E ainda mais tocante do que o destino dos jovens era o dos homens que agora se moviam consciente e soberbamente do auge de suas vidas para dentro da escuridão”. Marianne, descreve a morte do marido, trecho de encerramento:

“No final da tarde, Weber deu o último suspiro. Enquanto morria, caía uma tempestade e relâmpagos iluminavam sua cabeça pálida. Parecia um cavaleiro morto. A face denotava suavidade e elevada renúncia. Partiu para algum lugar distante, inacessível. A terra mudou”.

(Fonte: Veja, 19 de maio de 1999 – ANO 32 – N° 20 – Edição 1598 – LIVROS/ Por Roberto Pompeu de Toledo – “Max Weber – A Política e o Espírito da Tragédia”, de John Patrick Diggins – Pág; 164/165)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Max Weber (1864-1920) era Alemão e um dos grandes expoentes da sociologia moderna. Formou-se em Direito, e após concluir o curso, trabalhou nos tribunais de Berlim. Reingressou na universidade para os cursos de Direito Comercial, Alemão e Romano, onde defendeu sua tese de doutorado. Em 1893, casou-se e no ano seguinte, tornou-se professor de economia na Universidade de Freiburg, e no ano de 1986 transferiu para a Universidade de Heidelberg.

Se para Durkheim a história era universal para todas as sociedades – positivismo, em Weber veremos que há uma defesa de uma pesquisa da história em seus documentos e na interpretação das fontes – idealismo. As diferenças de cada sociedade dão-se pelo processo histórico, não por estágios de evolução, como dizia o positivismo. O que distancia Weber os métodos de busca das ciências naturais.

Weber propõe, então, o Método compreensivo, no qual mescla a história, e a relação às particularidades e a Sociologia para analise dos fenômenos sociais. Essa concepção é uma tentativa de interpretar o passado e sua conseqüência no presente, deveriam ser capazes de extrair os sentidos das ações e das relações sociais. Esses elementos seriam para ele subjetivos e repletos de valores e de emoções. Assim, Weber se distancia do método explicativo, que trazem resultados de exatidão; dados objetivos.

Em Weber, o objeto de estudo das ciências sociais seriam as ações sociais; a ação social seria a conduta de um individuo com o objetivo de atribuir sentido à sua ação voltada para a ação dos outros. Há quatro tipos de ações sociais: Ação social racional com relação a fins, ação social com relação a valores, relação social afetiva e ação social tradicional.

Ação social racional com relação a fins: Ação tomada racionalmente em busca de um objetivo que foi previamente definido.
Ação social com relação a valores: É uma ação que para se chegar a um objetivo usa-se as convicções, os valores.
Ação racional afetiva: Ação que é tomada por sentimentos;
Ação tradicional: É a que se baseia nos costumes.
Weber tem uma abrangência muito grande em suas obras: religião, capitalismo, política, burocracia, etc. E contribui para a consolidação da sociologia como ciência. É um dos clássicos da Sociologia.

(Fonte: http://paginamundodaciencia.wordpress.com/2013/08/11/max-weber – Escrito por Lucas Ferreira – Max Weber – 11 de agosto de 2013 – por Matheus Gonçalves / em Ciências Sociais)

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