Martha Gellhorn, jornalista e novelista, primeira mulher a atuar como correspondente de guerra

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A primeira mulher a atuar como correspondente de guerra

Martha Gellhorn (8 de novembro de 1908 – Londres, 15 de fevereiro de 1998), jornalista e novelista americana, primeira mulher a atuar como correspondente de guerra. Cobriu a Guerra Civil Espanhola, a do Vietnã e os conflitos entre Israel e árabes. Seu último trabalho nas trincheiras foi aos 81 anos, durante a invasão americana no Panamá. Foi a terceira mulher do escritor Ernest Hemingway e lamentava ter ficado mais famosa por isso do que por seu trabalho.

Militante antifascista

Gellhorn começou por acaso na profissão. Judia e pacifista, virou militante antifascista por conta do nazismo, que apoiava o franquismo na guerra na Espanha. Foi para lá não para escrever, mas, com uma carta de apresentação da “Collier”s”, foi convencida a relatar o que via em Madri. A revista pediu mais.

Seria possível dizer que Gellhorn (1908-1998) foi “a” mais notável correspondente de guerra do século 20. Mas seria sexismo. Na coragem e na qualidade dos escritos, ela não deixava nada a dever a ninguém. Os textos cobrem conflitos da Guerra Civil Espanhola (1936-39) à invasão americana do Panamá (1990).

Separados no tempo por meio século, têm em comum a empatia com as principais vítimas dos conflitos: civis e soldados forçados a lutar.
“Escrevi ficção porque adoro, e o jornalismo por causa da curiosidade que […] só termina com a morte. Embora eu há muito tenha perdido a fé inocente de que o jornalismo é uma luz orientadora, ainda acredito que ela é melhor que a escuridão total”, escreveu ela.

Gellhorn não tinha os horários rígidos de um jornal; podia ir para onde quisesse e passar o tempo necessário. Cobriu a invasão soviética à Finlândia e esteve na guerra entre chineses e japoneses antes de os EUA entrarem no conflito, em 1941. Ironicamente, a partir daí teve mais problemas para trabalhar –ao contrário do então marido e também correspondente Ernest Hemingway (1899-1961). Só em 1943 pôde cobrir a guerra na Europa –e o fez tão bem, ou melhor, que o marido. Hemingway era um garotão narcisista, figura central de vários de seus textos. Gellhorn era boa observadora. Dizia que, “para fins de higiene mental”, desistira “de tentar pensar ou julgar” –embora deixasse clara, por exemplo, sua posição na Guerra dos Seis Dias (1967).

Crítica do envolvimento dos EUA no Vietnã, ela condenou as restrições que surgiram depois para o registro de conflitos, como na Guerra do Golfo (1990-91).

Martha faleceu dia 15 de fevereiro de 1998, de câncer, aos 89 anos, em Londres.

(Fonte: Veja, 25 de fevereiro de 1998 -– ANO 31 – N° 8 – Edição 1535 – DATAS – Pág; 57)
(Fonte: www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada – A Face da Guerra”, de Martha Gellhorn/ Por RICARDO BONALUME NETO
da Folha de S.Paulo – 17/01/09)

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