Manuel Contreras, general do Exército chileno e diretor da temida polícia política da ditadura de Augusto Pinochet

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Manuel Contreras, temido chefe da polícia de Pinochet

Manuel Contreras, em imagem de 28 de janeiro de 2005, foi condenado a mais de 500 anos de prisão (Foto: Arquivo / AP Photo)

Manuel Contreras, em imagem de 28 de janeiro de 2005, foi condenado a mais de 500 anos de prisão (Foto: Arquivo / AP Photo)

Ele dirigiu a Dina, a polícia política que matou mais de 3.200 pessoas.

Manuel Contreras (Santiago, 4 de maio de 1929 – Santiago, 7 de agosto de 2015), general do Exército chileno e diretor da temida polícia política da ditadura de Augusto Pinochet (1915-2006), considerado um dos maiores criminosos da história do Chile.

Manuel Contreras Sepúlveda, considerado o pior criminoso da história do Chile, foi o Mentor da Operação Condor, foi o homem mais temido do Chile nos primeiros anos da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), como chefe da Direção de Inteligência Nacional (Dina).

Esse organismo, que Contreras começou a organizar antes do golpe militar com o qual Pinochet derrubou Salvador Allende, é o responsável, segundo dados oficiais, pela maioria dos 1.192 detidos desaparecidos no Chile nesse período e de mais de 1.500 execuções por causas políticas.

O militar Contreras, foi condenado a mais de 500 anos de prisão por múltiplos casos de tortura, desaparecimento e sequestro de opositores, era considerado um dos maiores criminosos da história do Chile.

Considerado a “mão direita” de Pinochet – seu professor na Academia de Guerra e com quem tomava café da manhã nos primeiros anos do regime -, Contreras dirigiu a temida Direção Nacional de Inteligência (Dina), a polícia política que vitimou mais de 3.200 opositores, entre mortos e desaparecidos, durante a ditadura (1973-1990). Ele começou a organizar a Dina antes do golpe militar com o qual Pinochet derrubou Salvador Allende

Ele nunca reconheceu nada e, quando as evidências apontavam sua responsabilidade, culpava outras pessoas, até mesmo o próprio Pinochet, a quem em seus últimos anos acusou de ter enriquecido com o narcotráfico.

Também acusou Pinochet de ser o verdadeiro chefe da Dina, alegando que ele só cumpria suas ordens. Contreras ainda atribuiu crimes da Dina à CIA (agência de inteligência dos Estados Unidos), entre eles alguns emblemáticos, como o homicídio do ex-chanceler Orlando Letelier, cometido em Washington, em 1976, e o do general Carlos Prats, antecessor de Pinochet no comando do exército, morto em 1974 em Buenos Aires.

Contreras foi sentenciado no Chile a sete anos de prisão pelo crime de Letelier e a dupla prisão perpétua pelo homicídio de Prats, que morreu junto a sua esposa, Sofía Cuthbert.
Segundo Contreras, o autor material de ambos assassinatos, o americano Michael Townley, era na realidade um agente da CIA.

 

Graduado na Escola das Américas, na qual o exército americano treinava oficiais latino-americanos em técnicas anti-subversivas, Manuel Contreras foi um especialista em disfarçar ou ocultar seus crimes.

Em 1975 projetou a Operação Colombo para encobrir o desaparecimento de 119 presos políticos, os quais, com a ajuda das polícias secretas de Brasil e Argentina, fez figurar como membros do Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR), mortos em expurgos internos desse grupo.

A Operação Colombo foi um prefácio da Operação Condor, uma coordenação entre as ditaduras militares do Cone Sul para eliminar opositores, que Contreras criou também em 1975.

Dito plano foi proposto por Contreras a seus pares de Brasil, Argentina, Paraguai, Bolívia e Uruguai após visitar o quartel-general da CIA nos Estados Unidos, segundo consta em documentos desclassificados da agência.

Em várias ocasiões, a última em 2010, quando já estava preso, Contreras afirmou que estava orgulhoso de seu trabalho na Dina pois, segundo sua opinião, esse trabalho salvou o Chile de uma ditadura marxista.

Seu distanciamento de Pinochet começou quando viu que este, que ao deixar o poder em 1990 afirmou que “o dia em que tocarem em um só dos meus homens se acaba o Estado de Direito”, não cumpria sua ameaça e o deixava à mercê dos tribunais.

Suas relações com os americanos se quebraram antes, em 1977, quando Washington pediu sua extradição – rejeitada pela Justiça chilena – pelo assassinato de Orlando Letelier.

Nesse mesmo ano Pinochet ordenou a dissolução da Dina e a substituiu pela Central Nacional de Informações (CNI), embora a mudança tenha sido de fachada.

Retirado do exército, Contreras criou primeiro uma empresa privada de segurança e depois foi viver em um povoado rural a mil quilômetros de Santiago, até que a Justiça chilena o processou e o condenou, em 1995, pelo crime de Letelier.

Contreras morreu estando condenado no Chile a 516 anos em 58 sentenças definitivas por violações aos direitos humanos, mas faltou a revisão pela Corte Suprema de outros seis julgamentos, que somavam outros 69 anos de prisão, além de 27 processos decididos em primeira instância, que lhe valeriam mais 339 anos atrás das grades.

Em 1995, a Justiça italiana o condenou à revelia a 14 anos de prisão como autor indutor de homicídio frustrado contra o ex-vice-presidente do Chile, Bernardo Leighton, e sua esposa, Anita Fresno, cometido em Roma em 1975.

Manuel Contreras morreu em uma cama do hospital, onde permanecia desde setembro de 2014, por causa de suas diversas doenças, enquanto a opinião pública acreditava que estava na prisão militar de Punta Peuco, junto a cerca de uma centena de outros violadores dos direitos humanos.

Contreras morreu em 7 de agosto de 2015, aos 86 anos, no Hospital Militar de Santiago. O militar sofria de câncer e diabetes e teve seu estado de saúde agravado nos seus últimos dias.

Contreras morreu sem cumprir os mais de 500 anos de prisão a que estava condenado em dezenas de julgamentos por violações de direitos humanos, mas com seu grau de general e sem ter se arrependido de seus crimes.

“Era um dos homens mais desprezíveis do Chile (…), matou muita gente”, disse na Televisão Nacional o advogado dos direitos humanos Roberto Garretón.

(Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/08 – Da EFE/ MUNDO – Do G1, em São Paulo – 08/08/2015)

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