Luiz Maklouf Carvalho, escritor e jornalista, é autor de “Mulheres que Foram à Luta Armada”, vencedor do Prêmio Jabuti de Reportagem de 1999

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Jornalista e escritor Maklouf foi um repórter fiel à mais nobre missão do jornalismo

 

Era obsessivo ao buscar as histórias, apurava com rigor os fatos e perfeccionista no texto; assim alcançou o patamar de grande nome do jornalismo

 

Bacharel em Direito e vencedor de dois prêmios Jabuti

 

 

Luiz Maklouf Carvalho (11 de abril de 1953 – São Paulo, 16 de maio de 2020), jornalista e escritor.

 

Luiz Maklouf Carvalho foi um dos grandes nomes do jornalismo brasileiro. Alcançou esse patamar porque reunia as principais qualidades dos melhores repórteres: era obsessivo ao buscar as histórias, apurava com rigor os fatos e era perfeccionista no texto. Escrevia ao mesmo tempo com objetividade, sem firulas, mas com estilo. Era um jornalista consagrado, com passagens bem-sucedidas em vários veículos, como o Estadão, e na redação da revista Época.

 

Fora para a Época depois de alguns anos na Piauí, onde publicou algumas das principais reportagens de sua carreira, dignas de aparecer numa antologia de obras clássicas do jornalismo brasileiro.

Maklouf era repórter do jornal O Estado de S. Paulo desde 2016. Ao longo de sua carreira, teve passagens por diversos veículos, como os jornais Resistência, Movimento, Folha de S.Paulo, Jornal do Brasil, Jornal da Tarde e também pelas revistas Época e Piauí.

 

Bacharel em direito pela Universidade Federal do Pará, o escritor e jornalista se mudou para a cidade de São Paulo em 1983. É autor de “Mulheres que Foram à Luta Armada”, vencedor do Prêmio Jabuti de Reportagem de 1999, com história de militantes da esquerda revolucionária do sexo feminino que lutaram contra o regime militar (1964-1984).

 

Também é autor de “Já Vi Esse Filme”, ganhador do prêmio Jabuti de 2007, que trata dos primeiros escândalos de corrupção do PT, entre 1984 e 2005. Maklouf também é autor de “O Coronel Rompe o Silêncio”, e coautor de “Vultos da República”.

Maklouf se formou bacharel em direito pela UFPA (Universidade Federal do Pará). Desde 1983, morava em São Paulo.

 

O jornalista nasceu em Belém, no Pará, e era repórter do Estado de S. Paulo desde 2016. Ele também trabalhou nos jornais Resistência, Movimento, Jornal do Brasil, Jornal da Tarde, Folha de S. Paulo e das revistas Época e Piauí.

 

Escreveu livros como “Mulheres que foram à luta armada” e “Já vi esse filme: reportagens e polêmicas sobre Lula e o PT (1885-2005)”, obras que renderam a ele por duas vezes o prêmio Jabuti na categoria de livro-reportagem.

Sua obra mais recente foi lançada em 2019: o livro “O cadete e o capitão: a vida de Jair Bolsonaro no quartel”, que investiga o momento em que o atual presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), decidiu trocar a carreira militar pela vida política.

 

Quando trabalhava, no Jornal da Tarde, do Grupo Estado, na década de 1990, Maklouf revelou o primeiro escândalo de corrupção do PT, o chamado “caso CPEM”, em referência a uma empresa de consultoria com esse nome. A reportagem ouviu a acusação do então dirigente petista Paulo de Tarso Venceslau, contra a empresa e o advogado Roberto Teixeira, compadre de Luiz Inácio Lula da Silva, então presidente de honra do PT.

 

A empresa seria contratada sem licitação por prefeituras petistas para prestar assessoria no setor de arrecadação de impostos. Em contrapartida, a consultoria daria dinheiro para campanhas do partido. Depois, o ex-dirigente também questionou o fato de Lula morar em imóvel de Teixeira de graça, durante oito anos.

Em 2019, Maklouf publicou um livro sobre a vida do presidente Jair Bolsonaro, “O cadete e o capitão: A vida de Jair Bolsonaro no quartel”.

Foi vencedor de dois prêmios Jabuti de livro-reportagem por “Mulheres que foram à luta armada” (Globo, 1998) e “Já vi esse filme: Reportagens (e polêmicas) sobre Lula e/ou o PT” (1984/2005) (Geração Editorial, 2005).

Em julho de 2019, o escritor disse ao G1 que a inspiração de seus livros estava nas próprias histórias.

“O jornalismo tem que jogar luz nos fatos. Todos os meus livros nascem de histórias que eu achei que estavam mal contadas. Quando um material dessa preciosidade está na nossa mão, e coincide que o personagem principal chega à Presidência da República, essa luz se torna mais importante.”

 

Maklouf não era de ficar jogando conversa fora. Na redação da Época, costumava chegar cedo e sentar-se no canto onde estava instalado seu computador. De lá, ao longo do dia, disparava telefonemas e fazia pesquisas pela internet. O jeitão aparentemente ranzinza escondia um sujeito bem-humorado, que gostava de tiradas sarcásticas.

Sempre acessível para dar dicas, era reverenciado e adorado pelos colegas mais jovens. Editei algumas de suas reportagens. Lembro-me de um perfil de Andrés Sanchez, o presidente do Corinthians, então no auge do seu poder como dirigente esportivo e figura que orbitava o lulismo. Resultado de uma apuração exaustiva e meticulosa, o perfil retratava todos os maneirismos, inclusive linguísticos, de Sanchéz, revelava bastidores da política em um grande clube de futebol e ainda desnudava a alma do personagem, atordoadamente solitário.

Ao longo do tempo, desenvolvemos uma relação amistosa. Em 2019, nos reencontramos no Estadão. Por causa do câncer que voltara a lhe maltratar, Maklouf pouco aparecia na redação do jornal. Nossos contatos eram esporádicos, sempre por email ou por telefone para falar de reportagens que queria fazer ou de textos que iria entregar. Continuou a trabalhar, enquanto pode. O conjunto de perfis que fez ao longo de 2019 lhe valeu um prêmio interno do Estadão.
Na última vez em que nos encontramos, visivelmente castigado pelo tratamento a que era submetido, comentou comigo que não tinha mais apetite para fazer certas reportagens, como a que revelou a existência de Lurian como filha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, furo que lhe trouxera glórias, mas igualmente alguns dissabores.

Comentei que lera “O Capitão e o Cadete“, seu livro sobre a trajetória de Jair Bolsonaro nos quartéis, e como ele era importante para entender a figura do atual presidente da República. Na hora, percebi que seus olhos brilharam. Como os de um “foca” no início de carreira ao descobrir uma novidade. Mesmo alquebrado, Maklouf continuou a ser repórter até o fim da vida, fiel à missão mais nobre do jornalismo.

Luiz Maklouf Carvalho faleceu em 16 de maio de 2020, no hospital AC Camargo, na região central da cidade de São Paulo. Ele tratava de um câncer de pulmão havia dois anos.

A filha de Maklouf publicou, nas redes sociais, um texto em homenagem ao pai. Luiza lembrou que o pai foi militante, lutou contra a ditadura militar e começou “do zero” como repórter em São Paulo.

“Nenhum texto, ainda que eu ficasse dias aprimorando, jamais chegaria perto dos textos dele. Um gênio da escrita. O cara era do ramo. Deixa um legado para o nosso país, uma obra importante, 7 livros, centenas de reportagens. Um jornalista repórter investigativo dos poucos. Para mim e para muitos, o melhor”, escreveu.

 

“A dor de te perder é imensa. Você queria viver, lutou tanto pra viver… Seu legado está aqui”, disse ainda.

(Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/05/16 – SÃO PAULO / Por G1 SP — São Paulo – 

(Fonte: https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2020/05/16 – COTIDIANO / ÚLTIMAS NOTÍCIAS / Do UOL, em São Paulo – 16/05/2020)

(Fonte: https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica – NOTÍCIAS / BRASIL / POLÍTICA / Por Paula Reverbel – 16 MAI 2020)

(Fonte: Zero Hora – ANO 56 – N° 19.714 – 18 DE MAIO de 2020 – TRIBUTO / MEMÓRIA – Pág: 34)

(Fonte: https://www.terra.com.br/noticias – NOTÍCIAS / Por Guilherme Evelin – 16 MAI 2020)

Estadão Conteúdo

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