Luiz Garcia, ex-editor de Opinião do GLOBO e criador do “Manual de Redação e Estilo do Globo”

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O jornalista era, ex-editor de Opinião do GLOBO

Com seis décadas dedicadas à profissão, ele se tornou um mestre para uma geração de jornalistas

 

O jornalista Luiz Garcia, ex-editor de Opinião do GLOBO – (Foto: Márcia Foletto – 18/02/1998)

 

Mestre do texto, jornalista formou gerações de repórteres

 

Luiz Garcia (1936 – Petrópolis, em 3 de abril de 2018), jornalista criou o manual de redação de O Globo e foi editor de opinião do jornal, foi ex-editor de Opinião do GLOBO e criador do “Manual de Redação e Estilo do Globo”.

Luiz Garcia começou no jornalismo como repórter da Tribuna da Imprensa, aos 17 anos.Passou também pelo jornal O Estado de São Paulo.

No final década de 60 trabalhou na Revista Veja e se mudou para Nova York, onde foi correspondente.

Ao retornar ao Brasil, começou a trabalhar para o jornal O Globo, no Rio, onde ficou por décadas. Foi subeditor-chefe, editor-chefe e em seguida editor de Opinião.

Luiz Garcia criou o Manual de Redação e Estilo do Globo, usado como um guia por estudantes e profissionais de jornalismo no país.

Em O Globo, foi subeditor-chefe, editor-chefe e em seguida editor de opinião. Por 20 anos, foi o responsável pela crítica diária sobre os textos publicados no jornal. Os comentários, que passaram a ser em parte publicados em 1999, foram a base para o manual de O Globo, lançado em 1992.

Com 60 anos dedicados ao jornalismo, Garcia começou sua carreira aos 17 anos, como repórter da Tribuna da Imprensa. Em 1961, assumiu a função de copidesque em O Globo. Na mesma década, ele ainda passou pelas redações de O Estado de S.Paulo e da revista Veja. Só voltou para o jornal carioca foi em 1974, permanecendo até 2015.

Luiz Garcia imprimiu seu estilo no jornalismo durante as seis décadas que se dedicou à profissão. Dono de um texto impecável, deixou a reportagem após alguns anos de carreira para se dedicar a uma missão maior: formar repórteres. Como um artesão da palavra, modelou os textos, o estilo e o trabalho diário da Redação do GLOBO, onde trabalhou e escreveu durante 43 anos.

Garcia exerceu diversas funções desde que iniciou a carreira aos 17 anos como repórter na “Tribuna da Imprensa”. Chegou ao GLOBO em 1961, como copidesque. Naquela década, passou pelas redações do “O Estado de S.Paulo” e as revistas“Veja” e “Visão”. Voltou ao GLOBO em 1974 e escreveu para o jornal até 2015.

Durante anos, compartilhou seus conhecimentos ao produzir a crítica diária do GLOBO. A análise era enviada aos jornalistas da redação, o que determinou o padrão de estilo dos textos. Todos os dias, enviava o “Algumas observações sobre o jornal de hoje”, cujo título foi encurtando com o tempo, até se resumir à palavra “Algumas”.

Suas análises começaram a ser publicadas na edição impressa em 1999 e permaneceram até 2006, quando a tarefa passou para o atual editor de Opinião, Aluizio Maranhão — até hoje, a crítica é publicada na edição diária do jornal.

Nos anos 1990, Garcia criou o “Manual de Redação e Estilo” do GLOBO, publicado pela primeira vez em 1992 e que até hoje é uma das principais referências de texto para jornalistas e estudantes universitários de todo o país. O jornalista também chegou a coordenar o programa de treinamento de estágio na redação do jornal.

Entre 2003 e 2015, ele assinou a coluna “Garcia”, onde fazia reflexões sobre a natureza do jornalismo. Parte desse conteúdo foi reunida no livro “O mundo, esse lírio — Artigos sobre jornalismo e outras coisas”, publicado em 2000. A obra reúne textos que analisam o ofício de informar enquanto discutem temas contemporâneos.

A experiência adquirida como correspondente em Nova York, editor-chefe da “Veja”, editor de Política no GLOBO e, depois, de Opinião, entre outras atribuições, o transformou em um mestre para gerações de jornalistas. Durante anos, compartilhou seus conhecimentos ao produzir a crítica diária do GLOBO e coordenar o programa de treinamento de estágio na Redação do jornal.

— Nunca tive vontade nem de ser ficcionista, nem de ser poeta; sempre quis ser jornalista mesmo. Mas fui cada vez mais me afastando da reportagem, por uma questão de procurar o que sabia fazer melhor — contou Garcia, em depoimento para o projeto Memória Globo.

 

Em sua trajetória no GLOBO, Luiz Garcia zelou pela qualidade do conteúdo do jornal. Em 1986, começou a produzir a crítica diária enviada aos jornalistas, o que determinou o padrão de estilo dos textos. Todos os dias, enviava o “Algumas observações sobre o jornal de hoje”, cujo título foi encurtando com o tempo, até se resumir à palavra “Algumas”. Suas análises começaram a ser publicadas na edição impressa em 1999 e permaneceram até 2006, quando a tarefa passou para o atual editor de Opinião, Aluizio Maranhão — até hoje, a crítica é publicada na edição diária do jornal.

Nos anos 1990, Garcia criou o “Manual de Redação e Estilo” do GLOBO, publicado pela primeira vez em 1992. Persistente no ofício de ensinar, não hesitava em voltar aos mesmos temas sempre que os erros eram recorrentes.

 

REFLEXÕES SOBRE O JORNALISMO

 

No início dos anos 2000, Garcia procurou Merval, então diretor da Redação do GLOBO, com o pedido para deixar a editoria de Opinião e se dedicar a uma coluna na edição impressa. Ele foi substituído pelo atual editor, Aluizio Maranhão.

— Tive a sorte de conviver um razoável tempo com ele, com seu bom humor, sua memória sobre o jornal, e sorte de aproveitar ensinamentos de um experiente editor de Opinião — disse Maranhão.

A coluna de Garcia foi publicada de janeiro de 2003 até setembro de 2015, às terças e sextas-feiras. O texto de estreia, intitulado “Primeiro e último artigo”, combinou o tom professoral com o humor fino, que é descrito por quem conviveu com Garcia na redação.

 

“Atenção, classe. Nas ciências exatas, a análise de fenômenos que se repetem permite a previsão de comportamentos imutáveis. (…) Nos fenômenos sociais e políticos, a coisa encrespa. Nada se repete da mesma maneira, há excesso de variáveis e de coisas que a gente nunca poderia ter imaginado. (…) Estamos cercados por escravos do palpite, com a agravante de que raramente ele atende por esse nome — e nos deixamos levar, avançando pela futurologia adentro, com a segurança do cego que marcha trepado nos ombros do paralítico”, escreveu Garcia.

Parte de suas reflexões sobre a natureza do jornalismo foi reunida no livro “O mundo, esse lírio — Artigos sobre jornalismo e outras coisas”, publicado em 2000. A obra reúne textos que analisam o ofício de informar enquanto discutem temas contemporâneos.

— Luiz Garcia foi meu primeiro e grande mestre no GLOBO ao conduzir meu jeito de fazer coluna. Ele começou a me pedir artigos para a editoria de Opinião. Na época, eu fazia coluna de notas, e ele me dizia: “Aventure-se na opinião”. Ele me incentivou a escrever, estimulando minha capacidade de análise. O Garcia, além de ser muito culto, tinha um texto primoroso, tecnicamente perfeito, e ajudou a amadurecer o meu texto — lembrou a colunista Míriam Leitão.

O jornalista Zuenir Ventura também lembrou a capacidade de Garcia de ensinar o ofício a seus colegas de trabalho:

— Embora mais novo do que eu, Luiz Garcia foi meu primeiro professor de jornalismo. Fui seu “foca” na antiga “Tribuna da Imprensa” e, com ele, aprendi a escrever para jornal, adquirindo o gosto pelo texto, sem jamais alcançar a excelência dos seus, que foram dos melhores do jornalismo brasileiro — disse Zuenir.

 

MESTRE, DA GRAMÁTICA À ÉTICA

 

O diretor-geral de Jornalismo da TV Globo, Ali Kamel, conheceu Garcia em 1989, quando ele já compartilhava suas observações diárias sobre as edições:

— Eram verdadeiras aulas de jornalismo, que transitavam da gramática à ética. Garcia era um mestre na acepção da palavra: passava conhecimento, era aquele que sabia mais. E ocupava esse lugar de mestre como se fosse apenas um colega. Garcia era um gentleman: atento, generoso e divertido, mas na medida certa. Conhecê-lo, trabalhar com ele, aprender com ele: um privilégio, uma alegria, uma sorte. Na minha prática profissional, os erros são meus. Os acertos, eu devo em grande medida a ele.

Para o colunista Ascânio Seleme, aparecer no “Algumas” podia ser honra ou vergonha:

— Garcia era o mais brilhante da sua turma. O que escrevia melhor. O que tinhas as boas ideias. Seu nome estará sempre ligado ao texto correto, impecável.

 

O colunista Lauro Jardim e a editora-executiva do GLOBO Fernanda Godoy foram aprendizes de Garcia no programa de estágio do jornal.

— O que mais me impressionava era quando eu chegava com o texto que tinha escrito, e o Garcia, em cerca de um minuto, com uma caneta vermelha na mão, sublinhava todos os problemas do texto e me apontava o que precisava melhorar. Além da precisão e da rapidez, tinha uma paciência que só os bons professores têm — contou Lauro Jardim.

— Garcia foi um orientador fundamental para gerações de jovens jornalistas que entraram no GLOBO. Com o “Algumas”, ele dava parâmetros éticos e zelava pelo rigor jornalístico e pela qualidade do texto — afirmou Fernanda Godoy, selecionada por Garcia em 1987.

Luiz Garcia morreu em Petrópolis, em 3 de abril de 2018, aos 81 anos, em decorrência de uma parada cardiorrespiratória. Ele estava em uma clínica de reabilitação na Região Serrana do Rio de Janeiro, sob orientação médica. Ele havia sido diagnosticado com mal de Alzheimer há quatro anos.

— Luiz Garcia, com sua cultura imensa e seu senso crítico aguçado, era uma espécie de grilo falante na Redação do GLOBO, dando o destaque devido às questões éticas do jornalismo e fazendo críticas severas e didáticas sobre os erros do jornal, fossem de português ou de qualquer outro tipo. Suas observações sobre o jornal do dia acabaram ganhando dimensão de aulas de jornalismo até mesmo para os veteranos, já que ele, além de experiente, tinha uma visão global do jornalismo. Era completo — afirmou o colunista Merval Pereira.

(Fonte: https://oglobo.globo.com/brasil – BRASIL / POR O GLOBO – 03/04/2018)

(Fonte: http://portalimprensa.com.br/noticias/ultimas noticias- Redação Portal IMPRENSA – 04/04/2018)

(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04 – COTIDIANO – 5.abr.2018)

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