Jorge Andrade, um dos mais expressivos dramaturgos paulistas e brasileiros

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Andrade: a aristocracia rural como temática

Foi um fiel retratista da aristocracia paulista arruinada pela crise do café de 1929. Adaptou sua comédia Os Ossos do Barão para a TV

Jorge Andrade: o Garrincha da Dramaturgia

Jorge Andrade: o Garrincha da Dramaturgia

Jorge Andrade (Barretos, 21 de maio de 1922 – São Paulo, 13 de março de 1984), dramaturgo paulista de Barretos, Aluísio Jorge de Andrade Franco começou sua carreira de autor teatral por sugestão da atriz Cacilda Becker. Um dos mais expressivos dramaturgos paulistas e brasileiros, retrata com funda verdade e grande poesia cênica diversos panoramas da vida ligada à herança cafeeira; dedicando-se, posteriormente, a temas contemporâneos a sua época e ligados à vida metropolitana. Suas obras deixam transparecer a vivência do filho de família tradicional, ainda com fortes raízes no campo.

Nélson Rodrigues trouxe pela primeira vez, em 1947, a pequena burguesia brasileira para o palco com sua peça O Vestido de Noiva. A Jorge Andrade, com A Moratória, sua primeira peça encenada, em 1955, coube o papel de apresentar nos teatros a aristocracia paulista arruinada pela crise do café em 1929 e sem lugar na sociedade industrial emergente. Nos anos 50, suas peças dramáticas retrataram diferentes facetas desse mundo rural.

A Moratória, por exemplo, mostrava simultaneamente a família arrogante na fazenda e depois, na cidade, arrostando humilhações de quem perdera o dinheiro e o poder. Pedreira das Almas e Vereda da Salvação, de uma fase posterior, já ganham os contornos da tragédia clássica. Nos anos 60, Andrade conheceu o sucesso de público com A Escada e, finalmente, com Os Ossos do Barão – comédia que ficou longa temporada em cartaz no Teatro Brasileiro de Comédia e foi por ele próprio adaptada para a televisão, tornando-se novela de enorme audiência e sucesso na Rede Globo.

Em suas obras derradeiras, como Senhora da Boca do Lixo e Milagre da Cela, esta última uma surpreendente história de uma freira torturada pela polícia e sua relação com o torturador, Andrade enfrentou o problema mais comum aos autores brasileiros nos anos 70: a censura oficial. Jorge Andrade morreu dia 13 de março de 1984, aos 61 anos, de um edema pulmonar, em São Paulo.

(Fonte: Veja, 21 de março de 1984 –- Edição 811 -– Datas -– Pág; 108)

(Fonte: Veja, 26 de dezembro de 1984 – Edição 851 – MEMÓRIA – Pág: 161)

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