John Profumo, ministro de governo envolvido em um dos maiores escândalos políticos da história da Grã-Bretanha

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Ministro da Defesa renunciou em 1963 porque teve um caso com prostituta que também saía com o adido naval soviético

Profumo, pivô de escândalo britânico

 

Eugene Ivanov

O diplomata russo Yevgeny Ivanov e o Secretário de Estado da Guerra do governo britânico John Profumo (Foto: Reprodução)

 

Profumo, ex-ministro pivô de escândalo na Grã-Bretanha

 

John Profumo, o ambicioso ministro com apenas 38 anos, em sua mesa no Ministério de São Paulo.

John Profumo, Secretário Parlamentar do Ministério da Aviação Civil em sua mesa em Londres, em 1953. (Foto: culturevoyage.co.uk / Divulgação)

 

John Dennis Profumo (Kensington, 30 de janeiro de 1915 – Westminster, 9 de março de 2006), ministro de governo envolvido em um dos maiores escândalos políticos da história da Grã-Bretanha, envolvendo a alta sociedade e a paranoia da Guerra Fria.

Homem sempre bem vestido e de maneiras reservadas e corteses, John Dennis Profumo pertencia a uma família de aristocratas italianos radicados no Reino Unido.

Tornou-se o mais jovem parlamentar britânico durante a Segunda Guerra, depois de se eleger em 1940. Oficial voluntário, chegou a general-de-brigada e chefiou o Estado-Maior britânico no Japão ocupado.

Profumo se casou em 1954 com a atriz Valerie Hobson, que se manteve leal a ele durante todo o escândalo (1917-1998).

 

O escândalo que o derrubou

 

O ministro britânico da Defesa e epicentro do maior escândalo político e sexual em seu país na Guerra Fria, começou com uma prostituta nua, nadando na piscina de uma renomada mansão inglesa, pertencente a lorde Astor, em Berkshire.

Ele era um dos convidados de uma festa, em 1961. Era também um dos políticos em ascensão no governo conservador do primeiro-ministro Harold Macmillan.

Profumo foi obrigado a renunciar em 1963 ao cargo de ministro da Guerra por manter um relacionamento extraconjugal com uma prostituta de 19 anos, Christine Keeler, cujos clientes incluíam um adido da Marinha soviética.

Depois de sua queda, apresentada no filme “Escândalo”, de 1989, Profumo dedicou o resto da vida a obras de caridade em East End, Londres.

Educado em Oxford, fora nomeado ministro no ano anterior.

A moça na piscina era a prostituta Christine Keeler, 19, uma das muitas jovens que compareciam regularmente às recepções para convidados masculinos do médico Stephen Ward, que atendia à alta sociedade britânica.

O envolvimento de Profumo com Keeler começou em uma festa organizada pelo socialite Stephen Ward em 1961, em uma casa de campo.

O breve caso entre o ministro e a prostituta se tornou ingrediente de um coquetel que misturava sexo, política e Guerra Fria. Isso porque o outro amante de Keeler era o adido naval soviético.

Detalhes a respeito desse envolvimento e da relação da prostituta com o adido russo Eugene Ivanov vieram a público em 1962, quando o mundo via-se à beira de uma guerra nuclear após o envio de mísseis soviéticos a Cuba.

 

Eugene Ivanov

Yevgeny Ivanov
(Foto: My Mobile Phones / Divulgação)

 

Nenhuma violação de segurança jamais foi provada -bastou a suposição de que Keeler extraísse segredos de Profumo na cama e os passasse aos soviéticos.

O caso arruinou a carreira de Profumo, ajudou a derrubar o governo de Macmillan e produziu uma das imagens mais evocativas da década de 60: uma foto em branco e preto de Keeler nua, com os seios escondidos pelo encosto de uma cadeira, olhar vulgar e desafiador na direção da câmera.

Keeler descreveu em sua autobiografia as festas de alta sociedade que acabavam em orgias. Disse claramente que em 1961 dormia com Profumo e com o adido soviético Eugene Ivanov.

Profumo renunciou quando o episódio veio a público, em 1963. Ele seria bem mais tarde elogiado por seu trabalho na arrecadação de fundos para combater a pobreza, o alcoolismo e o desabrigo em Toynbee Hall, uma das regiões operárias de Londres.

O maior delito de Profumo, no entanto, foi mentir para o Parlamento a respeito do assunto.

Jamais se pronunciou em público sobre o escândalo que o destruiu politicamente, mesmo quando foi informado de que um filme sobre ele seria produzido. “Mantive o silêncio por 22 anos e pretendo continuar calado”, disse, em 1987.

Harold Macmillan, primeiro-ministro britânico na época, renunciou devido a problemas de saúde agravados pelo escândalo, que também teria contribuído para a saída dos conservadores do governo nas eleições de 1964.

 

DANO TREMENDO

 

“É preciso ter cuidado ao dizer que o caso Profumo derrubou o governo Macmillan”, afirmou Anthony Howard, comentarista de política. “Mas ele provocou danos tremendos”, disse à rádio BBC. “O país ficou em polvorosa.”

Segundo Howard, um parlamentar conservador até pediu que Profumo fosse impedido de se encontrar com a rainha a fim de renunciar a seu título de conselheiro “porque sua mera presença no palácio poderia ser danosa”.

No final da vida, Profumo, cujo casamento com a atriz Valerie Hobson sobreviveu ao escândalo, recusou-se a discutir o caso.

Um juiz da Suprema Corte britânica chefiou uma investigação sobre o assunto e concluiu que não havia ocorrido nenhum vazamento de informações confidenciais.

 

SUICÍDIO E CONDENAÇÃO

 

Mas o caso manchou a imagem do governo e monopolizou a atenção dos britânicos, inclusive durante o longo julgamento do socialite Ward, acusado de viver com ganhos imorais.

Ward cometeu suicídio antes do final do julgamento, durante o qual uma outra garota que frequentava suas festas, Mandy Rice-Davies, questionada sobre o fato de outro político importante ter negado conhecê-la, respondeu: “Era esperado que ele fizesse isso, não é?.”

Keeler, considerada culpada de acusações de perjúrio decorrentes de um outro caso e condenada a nove meses de prisão, continua morando em Londres.

Em sua autobiografia, ela descreveu como costumava, na década de 60, participar de festas da alta sociedade que terminavam em grandes orgias.

Em 2003, membros do Parlamento de vários partidos pediram ao atual primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que devolvesse o título de conselheiro a Profumo.

“Acho que ele ficou envergonhado com esse tipo de atitude (dos parlamentares)”, afirmou Howard. “Acho que ele expiou seus erros e que pensava que isso seria o suficiente. Não acredito que todas essas campanhas em nome dele o agradassem muito.”

John Profumo morreu em 9 de março de 2006, aos 91 anos de idade, no Hospital Chelsea e Westminster, após ter dado entrada no local. Dois dias antes ele havia sofrido um derrame cerebral.

“Ele expiou seus erros e acho que, na morte, receberá a recompensa por isso”, disse à rádio BBC, Bill Deedes, amigo de Profumo e comentarista de política.

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo – FOLHA DE S.PAULO – MUNDO – HISTÓRIA / Por STEPHEN ADDISON DA REUTERS, EM LONDRES – São Paulo, 11 de março de 2006)

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(Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/reuters/2006/03/10 – Internacional – ÚLTIMAS NOTÍCIAS Por Jeremy Lovell – LONDRES (Reuters) – 10/03/2006)

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