João Sem Terra (1924-2010), agricultor que se tornou um dos símbolos da luta pela reforma agrária

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Um símbolo do movimento dos sem-terra

João Machado dos Santos, o João Sem Terra (Santo Antônio da Patrulha, 6 de maio de 1924 – Santo Antônio da Patrulha, 22 de outubro de 2010), agricultor que se tornou um dos símbolos da luta pela reforma agrária no Brasil.

Indignado com a miséria no campo, o agricultor aderiu ao Movimento dos Agricultores Sem Terra (Master), o precursor do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na década de 60, quando foi apelidado de João Sem Terra. Dizia ter sido convocado pelo então governador Leonel Brizola para tocar o projeto de redistribuição do solo no Estado.

Com o golpe de 1964, foi preso e torturado, sob a acusação de ser “comunista a serviço do Master”. Refugiou-se no interior de Goiás, onde trocou de nome para ludibriar os militares. Apesar dos perigos, continuou ao lado dos sem-terra e dos pequenos garimpeiros da região.

No final dos anos 80, julgavam-no desaparecido. Seus oito filhos gaúchos afligiam-se com a prolongada falta de notícias. O mistério se desfez quando ZH publicou reportagens, de Carlos Wagner, indagando onde ele andaria. Ao tomar conhecimento da reportagem (transformada no livro A Saga do João Sem Terra), reapareceu.

Nascido em 6 de maio de 1924, em Santo Antônio da Patrulha, é protagonista do documentário João Sem Terra, que estreou em 1º de junho, em São Paulo, durante a 2ª Mostra de Cinema O Vermelho da Vida. Viúvo, morava com a filha Keila, com o filho Moisés e com três netas, na chácara herdada do pai, Pedro Nazário dos Santos.

João Machado dos Santos, o João Sem Terra, morreu dia 22 de outubro de 2010, em decorrência de problemas cardíacos, no hospital de Santo Antônio da Patrulha. O agricultor João Sem Terra tinha 86 anos e morava na zona rural do município do Litoral Norte.
(Fonte: Zero Hora – Memória – 23/10/2010)

João Machado dos Santos (1924-2010) – João Sem Terra, 25 anos sumido.

Por 25 anos, João Machado dos Santos viveu fora da terra onde nascera. Não que quisesse. Natural da gaúcha Santo Antônio da Patrulha, ele teve de fugir de casa devido à perseguição política.

Ligado ao então governador do RS, Leonel Brizola, João integrou o Master (Movimento dos Agricultores Sem Terra). Nessa época, ganhou o apelido João Sem Terra, pelo qual ficaria conhecido.

Após o golpe militar, foi preso e torturado. Com a ajuda de grupos de esquerda, fugiu para Goiás, deixando a família. Adotou outro nome: Moisés Manuel da Silva.

A luta ele não largou. Segundo um dos filhos, chamado Moisés Manuel da Silva Filho, o pai encampou a briga de garimpeiros goianos e fez parte de uma cooperativa.

Teve nova família, que não sabia de seu passado.

Nos anos 80, o jornalista Carlos Wagner, ao saber da existência do agricultor, decidiu investigar seu paradeiro. Um dos textos que publicou abria com a frase: “Onde andará João Sem Terra?”.

O resultado veio um ano depois, quando João tomou conhecimento da notícia e decidiu telefonar para o repórter. No final da década de 80, ele voltou para casa.

Só não retornara antes por duvidar do fim da ditadura. Achava que a Lei da Anistia era uma isca para prender militantes de esquerda.

Carlos Wagner lançou o livro “A Saga do João Sem Terra”. Há ainda um documentário sobre ele, deste ano, feito por Teresa Noll Trindade.

Nos últimos anos, João vivia num sítio. Tentava receber indenização do Estado.

(Fonte: www1.folha.uol.com.br – Cotidiano/ Por ESTÊVÃO BERTONI DE SÃO PAULO – 25/10/2010)

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