Ismael Nery, homem de talento excepcional e trajetória isolada, de universo visionário e de gênio

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O mestre solitário

Sua vida e obra mantêm um vínculo indissolúvel

 

 

 

Ismael Nery, Melindrosas, s/d. Guache/papel. (Foto: Pedro Oswaldo Cruz)

Ismael Nery, Melindrosas, s/d. Guache/papel. (Foto: Pedro Oswaldo Cruz)

 

 

Ismael Nery (Belém do Pará, 9 de outubro de 1900 – Rio de Janeiro, 6 de abril de 1934), homem de talento excepcional e trajetória isolada, de universo visionário e de gênio

 

Artista que conseguiu sintonizar as mudanças de linguagem que marcaram a Europa dos anos 20 e transpô-las em sua forma pessoal de expressão, que tentou interessar o público da época, mas ainda era muito cedo para o gosto em vigor na década de 30, firmemente ancorado em temas nacionalistas e marcado pelo realismo social.

 

Aos 15 anos de idade, ainda estudante no Colégio Santo Inácio, do Rio de Janeiro, Ismael Nery foi categórico: anunciou que morreria com 33 anos, como Jesus Cristo. Ninguém deu muita atenção àquele adolescente saudável que nadava, remava e era conhecido como “o Grego” por seu belo porte físico.

 

Aos 21 anos, Ismael fez nova profecia, desta vez ao melhor amigo, o poeta Murilo Mendes: quando completasse 30 anos, sua vida sofreria uma radical mudança de curso. A partir daí ele passou a retratar-se com frequência em seu próprio leito de morte e vários desenhos de sua autoria mostram seu túmulo, com a data da morte futura. Efetivamente, ao completar 30 anos, Ismael Nery contraiu tuberculose e veio a morrer três anos depois, em abril de 1934. Mas a premonição não foi o único dote fascinante desse estranho personagem.

 

LUGAR DE HONRA – A imponente exposição Ismael Nery (1900-1934) – 50 Anos Depois, que foi inaugurada em  30 de outubro de 1984 no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, ajuda a compreender o homem e a obra. A mostra consolidou de forma definitiva a posição de Ismael Nery, paraense de nascimento, como um dos grandes artistas do país.

 

Sua vida e obra mantêm um vínculo indissolúvel. A exposição fez um levantamento de todos os universos que interessaram a Ismael Nery, pintor. Dos retratos sombrios de sua pintura inicial à descoberta do cubismo, do encontro com a fantasia de Chagall à pintura metafísica e aos temas surrealistas, torna-se mais gritante a sua distância dos pintores modernistas de sua geração.

 

Em vez de se debruçar sobre formas que denotassem uma identidade nacional, como Tarsila do Amaral ou Di Cavalcanti, Ismael mergulhou fundo em temas mais difíceis e mais introspectivos, como as relações afetivas, o caráter do ser humano, a visão da vida e da morte.

 

Do ponto de vista da pesquisa formal, ele criou imagens, aqui no Brasil, que só despontariam nos traços dos surrealistas europeus mais tarde. Em telas como Eternidade, de 1932, Ismael ousou lidar com a unidade cósmica e a integração dos reinos da natureza, coisa que nenhum pintor brasileiro da época cogitava abordar.

 

Em vida, a convivência com Ismael Nery era privilégio de um fechado círculo de amigos, mais interessados em ousadas teorias filosóficas e especulações científicas do que, propriamente, em sua pintura. Se dependesse do próprio artista, aliás, nada restaria dela: pouco antes de morrer, Ismael exigiu que Murilo Mendes destruísse seus óleos, desenhos e aquarelas, o que, felizmente, o poeta recusou-se a fazer.

 

Mais que a crônica de um artista de exceção, contudo, a mostra do Museu de Arte Contemporânea devolveu Ismael Nery a seu lugar de honra na história da arte brasileira. jamais, até então, foi possível fazer uma avaliação tão completa.

(Fonte: Veja, 31 de outubro de 1984 –Edição 843 – Arte/ Por Casimiro Xavier de Mendonça – Pág: 134/137)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Modernista do contra

Ismael Nery, o pintor que só ganhou fama três décadas depois de morrer

 

(Fonte: Revista Veja, 31 de maio de 2000 – ANO 33 – Nº 22 – Edição 1651 – Arte / Por Lucila Soares – “Ismael Nery – 100 Anos, a Poética de um Mito”, Centro Cultural Banco do Brasil – Pág: 170/171)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(Fonte: Veja, 24 de outubro de 1973 – Edição 268 – ARTE / Por Marinho de Azevedo – Pág: 132/134)

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