Foi pioneira na inclusão de deficientes visuais no Brasil

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Cega aos 17 anos, professora foi pioneira na inclusão de deficientes visuais no Brasil

Dorina de Gouvêa Nowill (1919-2010), a professora foi uma das maiores ativistas pela inclusão dos deficientes visuais no País. Nasceu em São Paulo em 1919 e ficou cega aos 17 anos por causa de uma doença que os médicos nunca conseguiram identificar. Após o incidente, ela decidiu então dedicar a vida à luta pela inclusão de pessoas na mesma condição.

Com um grupo de amigas, criou em 1946 a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, que em 1991 recebeu seu nome. Junto com o Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, a Fundação Dorina Nowill Para Cegos foi uma das pioneiras na produção de livros em Braille, na distribuição gratuita dessas obras para deficientes visuais e no desenvolvimento de técnicas mais modernas para que o cego consiga ler – como livros falados e vozes sintetizadas no computador. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dorina Nowill morreu aos 91 anos em São Paulo no dia 29 de agosto de 2010. Segundo informações de familiares, ela estava internada havia cerca de 15 dias no Hospital Santa Isabel, na zona oeste de São Paulo, para tratar uma infecção, mas acabou sofrendo parada cardíaca. “Foi uma morte praticamente natural”, afirmou seu filho Alexandre Nowill, que também era seu médico.
(Fonte: ultimosegundo.ig.com.br

CONHECENDO A FUNDADORA

A professora Dorina de Gouvêa Nowill nasceu em São Paulo em 1919. Devido a uma patologia ocular ficou cega aos 17 anos. Como era dotada de uma inteligência brilhante, decidiu continuar seus estudos.

Entretanto, naquela época havia poucos livros em Braille para estudantes cegos. Por essa razão, reuniu um grupo de voluntários e criou em 1946 a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, organização que em 1991, recebeu o seu nome pelo merecido reconhecimento de seu trabalho em prol da educação, reabilitação, cultura e profissionalização de pessoas cegas ou com baixa visão e na prevenção da cegueira.

A professora Dorina foi a primeira aluna cega a matricular-se em São Paulo, numa escola comum, para estudar junto com estudantes com visão normal. Formou-se professora na Escola Caetano de Campos.
Ainda como aluna, com a ajuda de alguns colegas, conseguiu que a Escola Caetano de Campos implantasse o primeiro curso de especialização de professores para o Ensino de Cegos em 1945.

Após diplomar-se na Caetano de Campos, viajou para os Estados Unidos da América, com uma bolsa de estudos patrocinada pelo Governo Americano, Fundação Americana para Cegos e Instituto Internacional de Educação para freqüentar um curso de especialização na área de deficiência visual na Universidade de Columbia e realizar estágios nas principais organizações de serviços para cegos.

Retornando ao Brasil dedicou-se ao trabalho pioneiro de desenvolver as atividades da Fundação, obtendo sempre o apoio de organizações estrangeiras, do Governo Brasileiro e de particulares.

Iniciou as atividades da Fundação em São Paulo, com a implantação da primeira imprensa Braille para produzir livros em Braille e foi responsável pela criação na Secretaria de Educação de São Paulo do primeiro Serviço Especial para Educação Integrada de Alunos Cegos na Escola Comum. Foi Presidente da Fundação Dorina Nowill para Cegos desde 1946 e hoje ocupa o cargo de Presidente Emérita e Vitalícia.

No período de 1953 a 1970 dirigiu o primeiro órgão nacional de educação de cegos no Brasil, criado no Ministério da Educação, Cultura e Desportos para implementar a criação de serviços especiais de educação de cegos e capacitação de profissionais para esses serviços ainda incipientes ou inexistentes na época.

Durante essa gestão realizou programas e projetos que implantaram serviços para cegos nas diversas unidades da Federação Brasileira, criaram cursos de preparação de professores para o ensino de cegos, cursos de preparação para professores de orientação e mobilidade, centros de reabilitação e programas de prevenção da cegueira.

Em nível internacional, trabalhou com organizações mundiais de cegos e órgãos da ONU, tendo sempre representado oficialmente o Brasil. Ocupou importantes cargos em Organizações Internacionais de Cegos, promovendo o desenvolvimento dos serviços para cegos no Brasil e em países da América Latina, por meio de intercâmbio técnico-científico e obtenção de ajuda internacional e estrangeira.

Foi um dos membros iniciadores do Conselho Mundial para o Bem-estar dos Cegos, hoje União Mundial de Cegos, órgão consultor, tendo sido a primeira mulher eleita para assumir a Presidência desse Conselho. Trabalhou intensamente para a criação da União Latino Americana de Cegos – ULAC.

Atuou na OIT, sendo uma das responsáveis pela aprovação da Convenção 159 e da Recomendação 168, as quais por seu empenho foram ratificadas pelo Governo Brasileiro e transformadas em lei em 1991, beneficiando pessoas cegas na área do trabalho.

Ao longo de sua trajetória de trabalho sempre teve grande preocupação com a prevenção da cegueira, atuando diretamente na implantação de programas para esse fim.

Grandes nomes da oftalmologia foram seus parceiros e, entre eles, são lembrados Dr. José Mendonça de Barros, Dr. José Gouvea Pacheco, Dr. Renato Toledo, Dr. Moacir Álvaro, Dr. Rubens Belfort Matos, Dr. Armando de Arruda Novaes, Dr. Osvaldo Gallotti, Dr. Oswaldo Monteiro de Barros, Dr. José Carlos Reis, Prof. Hilton Rocha, Dr. Newton Kara José.

Realizou campanhas, participou de eventos e de Comissões no campo da prevenção da Cegueira tanto no Brasil, como no exterior. Por meio de seus esforços na OMS e no Governo Brasileiro, obteve a criação em São Paulo, do primeiro Centro Colaborador de Prevenção da Cegueira no Brasil, localizado na Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo – Serviço de Oftalmologia Sanitária.

Teve também atuação destacada no Conselho Internacional de Educação de Deficientes Visuais. Durante os cinqüenta e seis anos de existência, a Fundação que leva seu nome já produziu mais de mil títulos (100 mil volumes) e atendeu mais de 10.000 pessoas nos diferentes serviços de atendimentos.

O reconhecimento mundial da atuação da professora Dorina em prol do desenvolvimento e da inclusão social de pessoas com deficiência visual é concretizado por meio de inúmeros prêmios, condecorações, títulos, comendas e outros concedidos por organizações de todo o mundo, pelo governo brasileiro e por organizações brasileiras.

Dorina de Gouvêa Nowill é casada com Edward Hubert Alexander Nowill, mãe de 5 filhos e 12 netos, é autora do livro “… e eu venci assim mesmo”, uma autobiografia que relata seus 50 anos de trabalho, publicado em 1996.

Entre os prêmios recebidos mais recentes pelo Instituto Dorina Nowill destacam-se:

1992 – “Medalha de Reconhecimento Maçônico” – Loja Grande Oriente do Brasil;

1993 – “Ordem do Rio Branco” Grau Cavaleiro e Comendador – Presidência da República do Brasil;

1997 – “Medalha da Ordem do Mérito Naval” Grau Cavaleiro – Presidência da República do Brasil, por indicação do Conselho da Ordem Naval;

1997 – “Medalha Anchieta e Diploma de Gratidão da Cidade de São Paulo” – Câmara Municipal de São Paulo;

1997 – “Prêmio Direitos Humanos” Menção Honrosa – Presidente da República do Brasil;

1997 – “Diploma de Personalidade de Destaque no Brasil na área da Educação” – 10° Congresso Internacional do Conselho Internacional de Educadores de Deficientes Visuais;

2000 – Medalha e diploma “Brailista José Álvares de Azevedo”, Conselho do Bem Estar dos Cegos, Rio de janeiro;

2001 – “Homenagem Dia Internacional da Mulher”, Câmara Municipal de São Paulo. Indicação da Vereadora Myryam Athie;

2001 – Recebeu do Ministro da Educação, Senhor Paulo Renato Souza, o “Prêmio Educação”, em nome da Fundação Porto Seguro.

Dorina de Gouvêa Nowill é autora do livro”… e eu venci assim mesmo”, uma autobiografia que relata seus 50 anos de trabalho, publicado em 1996.

(Fonte: www.planetaeducacao.com.br)

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