Foi o fundador da primeira rede acadêmica para que a internet tivesse alcance nacional no Brasil

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Tadao Takahashi, um dos pioneiros da internet no Brasil

 

Foi um dos pais da Internet comercial

 

Eduardo Tadao Takahashi, foi um dos responsáveis pela Internet Comercial brasileira, fundador da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Docente ministrava a disciplina de Introdução à Programação de Computadores, em uma época em que a Unicamp tinha apenas um computador, o IBM 1130

Ele liderou o projeto Rede Nacional de Pesquisa por oito anos, entre 1988 e 1996. A iniciativa, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), foi responsável na época por trazer a internet para o Brasil. Essa foi a primeira rede de internet no país, iniciada há 25 anos para conectar universidades em dez estados e no Distrito Federal.

 

O engenheiro foi um dos pioneiros da internet no País e o segundo brasileiro a fazer parte do Hall da Fama da Internet, prêmio que visa homenagear personalidades que de alguma maneira contribuíram para a evolução da internet em toda sua história.

 

Enquanto esteve à frente do RNP, Takahashi foi um dos responsáveis por trazer o impulso para que a internet, de fato, tivesse alcance nacional no Brasil. Por meio da primeira rede acadêmica iniciada pelo engenheiro, movimentos de coordenação puderam formar um alicerce para a distribuição de rede anos depois.

 

Takahashi também foi pioneiro na história do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), órgão de governança na internet que ajudou a construir ao lado do engenheiro Demi Getschko — também reconhecido no Hall da Fama da Internet e colunista do Estadão.

 

Além dos trabalhos com redes acadêmicas, Takahashi também se envolveu em temas que abordavam o uso da internet em políticas públicas de informação. Ainda no CGI.br, ele trouxe o conceito das TICs, iniciativas de tecnologia da informação e comunicação, para auxiliar no desenvolvimento da rede em conjunto com aspectos sociais do Brasil.

 

Eduardo Tadao Takahashi se formou no curso de Bacharelado em Ciência da Computação, em 1972. Na época do vestibular, em 1969, ainda não existia o curso de Ciência da Computação, que só seria criado em 1970. Nesse ano, os alunos tiveram a oportunidade de optar por Ciência da Computação.

 

Contratado como professor assistente (RDIDP) no IMECC, ele foi alocado no DCC (recém criado Departamento de Ciência da Computação), para ministrar a disciplina MC 111 Introdução à Programação de Computadores.

 

Na época, a Unicamp tinha um único computador, um IBM 1130, com 32k de RAM e 5Mb de HD, conectado a uma impressora e uma leitora de cartões perfurados, e os cursos iniciais de programação causavam uma sobrecarga significativa nessa máquina. Uma das primeiras iniciativas do Prof. Tadao foi justamente implantar na Unicamp o compilador Fortran Coppefor (feito na Coppe/UFRJ), visando agilizar o processo de compilação, desafogando a máquina e facilitando a vida dos alunos.

 

Em 1974, o Prof. Tadao liderou um projeto de ensino de programação para alunos de colégio, num convênio com o MEC, e assim algumas turmas experimentais foram oferecidas em colégios da região. Ainda em 1974, ele trouxe para a Unicamp uma versão do compilador Pascal, parcialmente portada para o DEC-10, que era o mainframe recém adquirido pela Unicamp. O porte foi completado localmente pelos professores do DCC.

 

Em 1975 o curso de Introdução à Programação foi oferecido pela primeira vez em Pascal, para os alunos do Bacharelado em Computação. Como todo pioneiro, o Prof. Tadao enfrentou a oposição generalizada da Universidade nessa empreitada, que acabou sendo bem sucedida.

 

Um dos questionamentos do momento era ‘e esses alunos não vão aprender Fortran?’. A saída encontrada pelo Prof. Tadao foi: entrou em acordo com as professoras de inglês, que estavam à procura de um tema na área técnica para os alunos da Computação, e o tema foi justamente ‘Fortran’!

 

Em 1976 ele foi para o Japão onde fez o mestrado, voltando em 1979 em regime de tempo parcial.

 

O Prof. Tadao deixou a Unicamp na década de 1980 e construiu uma carreira de muito sucesso em instituições como CPqD e Rede Nacional de Pesquisa (RNP), da qual foi fundador.

 

Em 2017, o engenheiro foi agraciado com a indicação ao Hall da Fama da Internet, onde ocuparia o segundo posto brasileiro do comitê, juntamente com Getschko. Criado pela Internet Society em 2012, o Hall da Fama da Internet homenageia personalidades que tiveram importância no desenvolvimento da internet em diversas áreas e países.

 

Tanto Takahashi como Getshcko foram escolhidos para a categoria de “conectores globais”, que reconhece a importância de pessoas que contribuíram para o crescimento do uso da internet, seja em escala global ou em regiões específicas que resultaram em impacto global.

 

O Hall da Fama da Internet já premiou indivíduos fundamentais para a história da internet como Vint Cerf, um dos pais da internet, cocriador do protocolo TCP/IP; Tim Berners-Lee, criador da World Wide Web; Linus Torvalds, criador do núcleo Linux; Richard Stallman, ativista e responsável pelo nascimento da Fundação do Software Livre; Jimmy Wales, fundador da Wikipedia; Aaron Swartz, ativista e cocriador do RSS e do site Reddit, entre outros.

 

Takahashi era formado em Ciência da Computação pela Universidade de Campinas (Unicamp), em Comunicação Social pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) e teve passagem pelo curso de Informática no Instituto de Tecnologia de Tóquio, no Japão.
Tadao foi ainda coordenador do Programa Sociedade da Informação do Ministério da Ciência e Tecnologia, iniciativa responsável pela formulação estratégica de ações para o desenvolvimento de novas aplicações, ampliação de acesso, meios de conectividade, formação de recursos humanos, incentivo à P&D, comércio eletrônico, entre outros, necessários para impulsionar o uso e aplicação das tecnologias de informação no Brasil.

 

Takahashi estava à frente do projeto i2030, para pensar o que seria a Internet em 2030. “O projeto i2030 nasceu em 2013 quando o Brasil não conseguiu evitar que as invasões da NSA americana nas suas redes. Isso é um absurdo. Um país do tamanho do Brasil tinha de saber evitar esse tipo de ação. A sensação que tivemos foi que o Brasil ficou parado no tempo e esqueceu de planejar o futuro. A ideia do i2030 é exatamente essa. Definir ações que possam vir a ser cumpridas. Tentar não repetir os erros do passado. Nós perdemos a oportunidade de produzir roteadores em 1995. Os chineses aproveitaram. Não podemos errar mais”, denunciava.

 

Takahashi faleceu em 6 de abril de 2022, vítima de uma parada cardíaca aos 71 anos.

(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/noticias/newsscienceandtechnology – NOTÍCIAS / por Bruna Arimathea / ESTADÃO CONTEÚDO – 07/04/2022)

(Fonte: https://www.convergenciadigital.com.br/Internet – Convergência Digital / INTERNET / por Ana Paula Lobo* – 07/04/2022)

Eu, Ana Paula Lobo, perdi uma referência profissional e uma das pessoas- não era meu amigo pessoal – mas foi um dos responsáveis por eu abraçar a tecnologia como especialização no jornalismo. O Brasil perde, como podemos ver nessa entrevista, um dos seus mais brilhantes pensadores. O portal Convergência Digital lamenta a sua morte. Vá em paz, e que possamos fazer o Brasil pensar o seu futuro.

(Fonte: https://ic.unicamp.br/noticia – NOTÍCIA / INSTITUTO DE COMPUTAÇÃO / por Prof. Fernando Vanini – 7 DE ABRIL DE 2022)

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