Eva Sopher, produtora cultural, foi um dos nomes mais importantes do teatro brasileiro, conhecida como a guardiã do Theatro São Pedro

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Eva Sopher, guardiã do Theatro São Pedro

 

Eva Sopher, guardiã do Theatro São Pedro (Foto: Sandro Lupatini / Divulgação)

 

Eva Sopher, presidente da Fundação Theatro São Pedro

Eva Sopher (Frankfurt-am-Main, na Alemanha, 18 de junho de 1923 – Porto Alegre, 7 de fevereiro de 2018), produtora cultural foi um dos nomes mais importantes do teatro brasileiro, conhecida como a guardiã do Theatro São Pedro.

Nascida em Frankfurt, na Alemanha, em 18 de junho de 1923, Eva Sopher chegou ao Brasil ainda criança, nos anos 1930, desembarcando com sua família que fugia do nazismo. Três décadas depois, em 1975 foi convidada a coordenar a restauração e reconstrução do Theatro São Pedro, um antigo prédio que funcionava desde 1858.

O teatro foi reaberto em 1984, e, desde então, Eva esteve à frente da sua administração e programação artística, trabalhando em parceria com a Associação dos Amigos do Theatro São Pedro. Em 2003, passou a se dedicar ao Multipalco, um novo espaço no anexo do prédio principal, que tem mais de 18 mil m² de área construída. Em uma entrevista concedida em 2015, a produtora disse que ainda visitava o teatro todos os dias e se definia como o “cartão de visitas” do Theatro São Pedro.

Dona Eva, como era carinhosamente chamada, esteve à frente da histórica casa de espetáculos estadual durante 41 anos. Assumiu em 1975, para comandar a reforma do prédio, e lá permaneceu, passando por governos dos mais diferentes matizes políticos. Uma tentativa de afastá-la do cargo, em 1991, motivou uma mobilização de admiradores, comandada pela Cia. de Ópera Seca, de Gerald Thomas, com a atriz Bete Coelho. De mãos dadas, representantes da área da cultura formaram uma corrente ao redor do teatro.

Desde a conclusão da reforma, em 1984, o Theatro São Pedro consolidou-se como um dos mais nobres espaços do país — e Dona Eva, uma das pessoas mais admiradas pelas estrelas. Era comum que, ao final dos espetáculos, dedicassem a ela palavras de carinho. Em noites de espetáculo, Dona Eva costumava se fazer presente. Os espectadores se acostumaram a ser recepcionados por ela na porta da plateia.

Sua trajetória foi a de uma mulher obstinada. Nascida Eva Margarete Plaut, em Frankfurt-am-Main, na Alemanha, teve de fugir para o Brasil com a família de origem judia, em 1936, por causa do nazismo. O pai, Max, era banqueiro, e a mãe, Marie, dona de casa. Em São Paulo, aprendeu português em uma escola pública e teve aulas de artes. Aos 16 anos, começou a trabalhar na galeria de arte Casa e Jardim, de Theodor Heuberger, fundador da organização sem fins lucrativos Pró-Arte, que produzia eventos culturais. Mudou-se para o Rio em 1943 e, três anos depois, casou-se com Wolfgang Klaus Sopher, também um imigrante alemão, com quem teve duas filhas, Renata e Ruth. A união durou até a morte do marido, em 1987.

Em 1960, o casal se radicou em Porto Alegre, onde Wolfgang assumiu a direção regional da Zivi Hercules (que depois se tornou a fabricante de produtos de consumo Mundial). Eva recebeu a tarefa de coordenar as atividades da Pró-Arte na Capital, movimentando a cena cultural gaúcha com concertos, peças de teatro e espetáculos de dança. Uma atração que gerou particular repercussão foi a apresentação da Orquestra Sinfônica de Israel, regida por Zubin Mehta, em um Salão de Atos da UFRGS lotado, em 1972, apenas dois dias após o atentado que matou a delegação israelense nas Olimpíadas de Munique.

 

Eva Sopher, guardiã do Theatro São Pedro (Adriana Franciosi / Agencia RBS)

 

A visibilidade à frente da Pró-Arte credenciou Eva a assumir a direção do Theatro São Pedro, em 1975, por nomeação do então governador  Sinval Guazzelli. Sua missão era comandar a reconstrução do espaço, que estava fechado desde 1973 por falta de segurança devido à má conservação. Foi o trabalho que a consagrou na vida pública. Em 28 de junho de 1984, o teatro inaugurado originalmente em 1858 reabriu as portas com pompa.

 

Desde a criação da Fundação Theatro São Pedro, em 1982, Dona Eva ocupou sua presidência. Chamou para si a responsabilidade de erguer um grande espaço em uma área anexa que seria um verdadeiro complexo cultural, com um novo teatro, um teatro-oficina, uma concha acústica, salas de ensaio, restaurante e estacionamento. Batizado de Multipalco, o ambicioso projeto começou a sair do papel em 2003, com previsão de inauguração em 2006.

 

Com dificuldades de captação de verba e entraves burocráticos, a obra atrasou mais de uma década e ainda não ficou pronta. O orçamento de R$ 20 milhões, como previsto originalmente, tornou-se de R$ 50 milhões. Partes do projeto foram inauguradas aos poucos. Atualmente, estão em funcionamento o estacionamento, as salas administrativas e de oficinas, o restaurante e a Sala da Música, onde ocorrem apresentações.

 

Dona Eva Sopher doa casaco para campanha do agasalho (Foto: Divulgação)

 

Eva Sopher morreu em 7 de fevereiro, aos 94 anos, no Hospital Moinhos de Vento, onde faleceu, após sofrer uma crise respiratória em Porto Alegre. Em setembro de 2016, Dona Eva sofreu um AVC.

 

Governo declara luto oficial

Pelas redes sociais, o governador José Ivo Sartori lamentou a morte de Dona Eva, a quem se referiu como uma “grande mulher, que dedicou uma vida inteira à arte e à cultura”.

– Como legado, deixa sua luta pela preservação do Theatro São Pedro, o respeito da classe artística de todo o Brasil e o carinho e a consideração do povo gaúcho. Estamos decretando Luto Oficial de três dias no Rio Grande do Sul. Nossa solidariedade aos familiares – escreveu Sartori.

Nota do Hospital Moinho de Vento

O Hospital Moinhos de Vento comunica o falecimento de Eva Sopher, ocorrido às 19h10 desta quarta-feira (7). Ela deu entrada no hospital em decorrência de uma broncopneumonia, que evoluiu para falência orgânica múltipla e parada cardiorrespiratória.

Dona Eva, como era conhecida, nasceu na Alemanha, mas desde a década de 1930 vivia no Brasil. Sua história estará sempre ligada ao Theatro São Pedro, do qual se tornou diretora em 1975. 

Ela deixa como legado mais de 40 anos dedicados à cultura do Rio Grande do Sul e do Brasil. Com o seu exemplo, legado e amor à arte conquistou a admiração e o respeito de todos os brasileiros.

Porto Alegre, 7 de fevereiro de 2018.

(Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/comportamento/gente/noticia/2018/02 – ZERO HORA – ANO 54 – COMPORTAMENTO – GENTE – NOTÍCIA – 07/02/2018)

(Fonte: Zero Hora – Ano 54 – N° 19.006 – 8 de fevereiro de 2018 – TRIBUTO – Pág: 2 e 24)

(Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura/teatro – CULTURA – TEATRO / POR O GLOBO – 08/02/2018)

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