Liane Tarouco, pioneira da internet no Brasil
Professora e pesquisadora escreveu primeiro livro sobre “redes de comunicação de dados” no país e foi responsável pela primeira iniciativa de interligação de universidades via redes de computadores nacional.
Era considerada a matriarca da Internet brasileira.
(Foto: Divulgação/GOV)
Liane Margarida Rockenbach Tarouco (nasceu em Cerro Largo, em 22 de janeiro de 1947 – faleceu em Porto Alegre, em 20 de agosto de 2025), foi professora e pesquisadora, foi uma das pioneiras da internet no Brasil e única brasileira no Hall da Fama da Internet.
Visionária, a física brasileira e uma das pioneiras da Internet brasileira foi empossada no Internet Hall of Fame em 2021.
Formada em Física pela UFRGS em 1970 e mestre em Ciência da Computação em 1976, Tarouco lançou em 1977 o livro “Redes de Comunicação de Dados”, considerado o primeiro sobre o assunto no país.
Foi também responsável pelo projeto Rede Sul de Teleprocessamento, primeira iniciativa de interligação de universidades via redes de computadores no Brasil. Ela tornou-se ainda doutora em Engenharia Elétrica/Sistemas Digitais em 1990 pela USP.
Liane Tarouco também criou e coordenou o PoP-RS, o Ponto de Presença da RNP no Rio Grande do Sul e foi uma das mentes por trás da Rede Nacional de Pesquisa.
Liane Tarouco formou uma geração de engenheiros e especialistas em redes. Além de suas funções acadêmicas e de formação, é autora do primeiro livro sobre redes de computadores publicado no Brasil. Tarouco fez contribuições significativas para o desenho e implementação de redes acadêmicas e metropolitanas no Brasil, bem como o primeiro backbone de Internet do Brasil.
Ao longo de sua carreira acadêmica, Tarouco orientou dezenas de dissertações e teses de doutorado em programas de ciências da computação. Também desenvolveu atividades de treinamento em redes em todo o Brasil, bem como no Uruguai, Argentina, Peru, Venezuela, México, Portugal e Moçambique.
Na década de 1990, ela se dedicou à pesquisa e ao desenvolvimento de aplicativos da Internet para a educação, expandindo assim o alcance de sua própria instrução e também os usos inovadores da rede para a aprendizagem.
As principais contribuições de Tarouco para o desenvolvimento da Internet brasileira começaram na década de 1970, quando ela aplicou seu conhecimento de rede para construir a Rede Sul de Teleprocessamento, a primeira iniciativa para interconectar universidades brasileiras. O projeto nunca recebeu o financiamento de que precisava, mas serviu de modelo e inspiração para o surgimento de redes.
Posteriormente, Tarouco foi fundamental para o lançamento da Rede Tchê, uma rede entre universidades e centros de pesquisa localizados no Estado do Rio Grande do Sul. Ela também ajudou a desenvolver a rede metropolitana MetroPOA e colaborou no desenho e formação da Rede Nacional de Pesquisa, o primeiro backbone da Internet do Brasil, em 1992.
Trajetória detalhada
Formada em Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, trabalhou na UFRGS como professora de informática. Foi quando, em 1973 participou, no Rio de Janeiro, de um curso ministrado por Leonard Kleinrock, pioneiro da Arpanet, que passou a se dedicar à área de redes de computadores, iniciando na época o projeto Rede Sul de Teleprocessamento (RST), a primeira iniciativa de interligação de universidades via redes de computadores no Brasil, que não chegou a se concretizar devido aos custos.
Em 1976, obteve o título de mestre em Ciências da Computação na UFRGS e em 1977 lançou o livro Redes de Comunicação de Dados pela editora LTC, primeiro livro sobre o assunto no País. Durante os anos 1980 participou de projetos de pesquisa de redes na UFRGS e em 1990 obteve o título de doutora em Engenharia Elétrica/Sistema Digitais pela Universidade de São Paulo.
Coordenou o projeto que resultou em 1993 na criação da Rede Tchê, a rede de computadores que integra universidades e centros de pesquisa localizados no estado do Rio Grande do Sul. Participou de 2010 a 2013 do projeto REMOA (Rede-Cidadã de Monitoramento do Ambiente baseado em Conceitos da Internet das Coisas), um projeto para o monitoramento remoto de pacientes com doenças crônicas baseado nos conceitos da Internet das Coisas para prover a comunicação autônoma de dispositivos de monitoramento viabilizando a constante obtenção de informações a respeito do paciente monitorado e de forma não intrusiva.
Atuou junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação da UFRGS principalmente na área de Gerência e Segurança de Redes. Ocupou o cargo de Diretora do Centro Interdisciplinar de Novas Tecnologias na Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul de 2013 a 1016. De 2017 a 2020 foi Coordenadora do Programa de Pós-Graduação Informática na Educação.
Liane Tarouco morreu na quarta-feira (20), em Porto Alegre, aos 78 anos. A informação foi confirmada por familiares em publicação nas redes sociais da professora.
A Associação Brasileira de Internet (Abranet) lamentou a morte e lembrou que Tarouco “se dedicou à pesquisa e ao desenvolvimento de aplicativos da Internet para a educação, expandindo assim o alcance de sua própria instrução e também os usos inovadores da rede para a aprendizagem”.
A Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) descreveu Tarouco como “exemplo de dedicação à educação, à ciência e à inovação”, enquanto o Ponto de Presença da RNP no RS, criação da própria professora, afirmou que ela “não foi apenas uma professora; foi a visionária que ajudou a conectar o Brasil” e que “sua paixão e conhecimento abriram os caminhos para a internet em nosso país.
As cerimônias de despedida e o sepultamento de Liane aconteceu no Cemitério da Santa Casa, em Porto Alegre.
(Direitos autorais reservados: https://convergenciadigital.com.br/internet – Convergência Digital – INTERNET – 21/08/2025)
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