Émilie du Châtelet, física e matemática autora do livro Institutions de Physique.

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Émilie du Châtelet: a Luz do Iluminismo

Entre a razão e o romance

Émilie du Châtelet (Paris, 17 de dezembro de 1706 – Lunéville, 10 de setembro de 1749), física e matemática autora do livro Institutions de Physique saiu do prelo em 1740 e foi apresentado como uma avaliação das novidades nos campos da ciência e da filosofia.

Gabrielle Émilie le Tonnelier de Breteuil, Marquesa de Châtelet, nasceu em 1706. Era filha de Louis Nicolas le Tonnelier de Breteuil, secretário principal do rei Louis XIV. A posição de seu pai providenciou-lhe acesso à elite intelectual e aristocrática francesa desde sua infância.

Reconhecendo o brilho da filha, o pai, de forma não usual para a época, arranjou-lhe treinamentos em atividades físicas, tais como esgrima e equitação. Posteriormente arrumou-lhe tutores que ensinaram-lhe Matemática, Literatura e Ciência. Além disso, Bernard le Bovier de Fontenelle – escritor de livros sobre Astronomia, introduziu-a nessa disciplina ainda em sua infância.

Sua mãe, Gabrielle-Anne de Froulay, criada e educada em um convento não aprovava as atividades intelectuais da filha; o investimento porém, valeu a pena. Aos doze anos Émilie era fluente em grego, latim, italiano e alemão. No entanto, além das inclinações intelectuais, a jovem também tinha um lado indomado – gostava de dançar, tocar cravo, cantar ópera, era atriz amadora e exímia jogadora de jogos de azar.

Maridos Tradicionais, Amantes Eruditos

Apesar de suas ideias e estilo de vida não convencional, Émile estabeleceu-se em um casamento aristocrático convencional. Em 1725 ela se casa com o Marquês Florent-Claude du Chastellet (ou Châtelet). Após o nascimento dos filhos (dois garotos e uma garota), ela e o marido fazem um acordo – comum entre a aristocracia francesa da época – viveriam vidas separadas, incluindo a manutenção de amantes de ambas as partes, mas mantendo socialmente a família.

Aos 25 anos, em 1730, Émile terminou seu romance com o Duc de Richelieu (sobrinho-neto do famoso Cardeal do mesmo nome), a quem ela influenciou com sua paixão pela literatura e filosofia. Porém, o seu mais famoso amante foi o quarto deles, cujo affair iniciou-se em 1733. Esse amante foi Voltaire, o famoso filósofo e escritor do Iluminismo, que freqüentava os salões do pai de Émile quando ela era mais jovem. Ela o abrigou em sua propriedade rural quando ele foi perseguido pelas autoridades devido às suas visões políticas controversas.

Eles viveram juntos durante quinze anos, em um encontro apaixonado de mentes e corações. Além de publicarem obras sobre Física e Matemática, construíram uma coleção de 21.000 obras, a qual era maior que as bibliotecas da maioria das universidades européias. A admiração de Voltaire por Émile era imensa. Ele declarou em uma carta que ela era “um grande homem cujo único defeito era ser uma mulher”.

Durante seu último caso de amor ela engravidou, e a febre puerperal a levou junto com seu bebê, para a morte, alguns dias após o nascimento deste, em 1749. Ela tinha 42 anos.

A natureza da luz intelectual

Devido aos constrangimentos impostos às mulheres pela sociedade francesa da época, não foi possível para Émilie seguir uma educação similar à possibilitada aos homens. Entretanto, seu gênio, sua desenvoltura e seu apetite voraz pela aquisição de conhecimento, bem como o incentivo de seu pai ajudaram-na a superar esse desafio.

Com o nascimento do seu terceiro filho, Émilie considerou que suas responsabilidades conjugais já haviam sido cumpridas, podendo então dedicar-se à busca do conhecimento e às aventuras amorosas. Em 1737, publicou um paper sobre a natureza do fogo, no qual descreve o que nós chamamos hoje de radiação infravermelha. Escreveu também reflexões sobre a natureza da luz.

Em 1738, ela e Voltaire publicaram seu trabalho conjunto de sucesso – Elements of Newtons Philosophy. Sua cooperação levou Voltaire a reconhecer o intelecto superior de Émilie, especialmente na Física. Uma década após a obra ser publicada, ele confidenciou: “Eu costumava aprender junto com você, mas você agora voou para onde eu não posso mais seguir”.

Trabalhos com Energia

Dois anos mais tarde, em 1740, publicou Institutions de Physique (Lessons in Physics). O livro reuniu idéias complexas dos principais pensadores da época, incluindo os filósofos e matemáticos Gottfried Leibniz, Willem s Gravesande e Isaac Newton, respectivamente, alemão, escocês e inglês.

Émilie mostrou que a energia de um objeto em movimento é proporcional não à sua velocidade, como anteriormente se acreditava, mas ao quadrado da sua velocidade.

O ano final da vida dela coincidiu com a realização do que é amplamente considerada como a sua Opus Magnum: sua tradução comentada para o francês da Mathematica Principia de Newton, onde conseguiu extrapolar os princípios da mecânica newtoniana sobre a conservação da energia.

Realizações Científicas

Émilie du Châtelet pode certamente ser mencionada como uma das principais figuras do Iluminismo. Seu trabalho ajudou a disseminar a nova Física, a Matemática e a Filosofia Geral. Além disso, ela fez algumas descobertas significantes e desenvolveu sozinha conceitos importantes sobre a radiação infravermelha e a conservação da energia.

A despeito da admiração e estima que ela despertava nos principais intelectuais da época, seu gênero a ridicularizava entre os homens do Iluminismo. O filósofo alemão Immanuel Kant admirado com seu intelecto chegou a zombar comentando que uma mulher “que se instruiu nas controvérsias sobre mecânica como a Marquesa Du Châtelet podia muito bem ter uma barba”. Da sua parte, Émilie pedia ao mundo que a julgassem pelos meus méritos e não pelo seu sexo.

Na sociedade da época de modo geral, não era somente o fato de ela ser uma mulher que se constituía em tema controverso – as idéias iluministas que ela propagou, incluindo a Filosofia Natural Newtoniana, eram ainda consideradas heresias filosóficas por muitas pessoas.

(Fonte: http://blogbcrp.blogspot.com.br/2013/01 – Mulheres na Ciência: Émilie du Châtelet – Postado por Biblioteca Central de Ribeirão Preto/USP – janeiro 10, 2013)

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