Edgar Roquette Pinto, um dos maiores defensores da radiodifusão educativa no Brasil.

0
Powered by Rock Convert

Edgar Roquette Pinto (Rio de Janeiro, 25 de setembro de 1884 – Rio de Janeiro, 18 de outubro de 1954), um dos mais importantes nomes da antropologia brasileira. Um dos maiores defensores da radiodifusão educativa no Brasil, autor de “Rondônia”, num amplo retrato da região desbravada pelo marechal Rondon. Da história da descoberta de Mato Grosso aos vocabulários indígenas, tudo foi examinado pelo rigoroso crivo científico do autor. Importante: a sua defesa dos índios e sua cultura.
(Fonte: Veja, 5 de maio de 1976 – Edição n° 400 – LITERATURA/ Por Galvão. G. Ferraz – Pág; 114)

“Eu quero tirar a ciência do domínio exclusivista dos sábios para entregá-la ao povo.”

(Edgar Roquette-Pinto)

Um dos maiores defensores da radiodifusão educativa no Brasil, Edgard Roquette-Pinto (1884-1954) teve importante papel na divulgação da ciência no início do século 20.

Formado pela Faculdade de Medicina, iniciou em 1906 sua carreira de professor na Seção de Antropologia, Etnografia e Arqueologia do Museu Nacional, de onde foi posteriormente diretor. No ano seguinte, incorporou-se à expedição Rondon, no Mato Grosso, e investigou os índios Pareci e Nhambiquara, publicando obra de grande interesse geográfico e etnológico. Foi também professor de História Natural e sempre atuante no campo da educação, tomando parte no movimento de renovação educacional no Brasil e assinando o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova de 1932.

À época em que ingressou no Museu Nacional, iniciou também duas atividades de divulgação científica, às quais deu prosseguimento ao longo de toda a carreira. Para isso, usou diferentes estratégias e meios de comunicação, como livros, exposições e até as novas tecnologias de sua época, o cinema e o rádio – além de criar bibliotecas e filmotecas, Roquette-Pinto produziu inúmeros programas de rádio e filmes educativos e de divulgação científica.

Foi um dos idealizadores da Sociedade Brasileira da Ciências (atual Academia Brasileira de Ciências), criada em 1916 com o objetivo de dedicar-se ao estudo e à propaganda das ciências no país. Nessa instituição, assumiu o posto de primeiro secretário da diretoria presidida por Henrique Morize, ao lado de Amoroso Costa no cargo de segundo secretário.

Roquette-Pinto também fez parte de um grupo de intelectuais e cientistas, atuantes no início do século 20, que tinham como propósito a valorização da pesquisa básica. Eram professores, cientistas, engenheiros, médicos e outros profissionais liberais ligados em geral às principais instituições científicas e educacionais do Rio de Janeiro. Neste grupo, tinha colegas como Miguel Ozorio de Almeida e seu irmão, Álvaro, Manoel Amoroso Costa, Henrique Morize, Juliano Moreira, Roberto Marinho de Azevedo, Edgard Süssekind de Mendonça, Lélio Gama, Teodoro Ramos, Francisco Venâncio Filho e outros.

Principais contribuições no campo da educação e divulgação das ciências

Primeiros passos – o Museu Nacional: Paralelamente às atividades propriamente científicas, Roquette-Pinto desenvolveu atividades de divulgação científica no museu – instituição que, para ele, deveria ter também caráter educativo. Como exemplo, podemos citar o documentário Os Nhambiquaras, de 1912, e a confecção dos Quadros didáticos de História Natural, para uso em sala de aula, em 1920, além da montagem de diversas exposições.

Educação nas ondas da rádio: Roquette-Pinto idealizou e participou ativamente da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada com o objetivo de difundir assuntos culturais e científicos.Os programas veiculavam, além de música e notícias, inúmeros cursos dos mais variados temas – do inglês à história do Brasil, passando pela química e pela literatura francesa. O divulgador também se dedicou à apresentação do programa Jornal da Manhã e à elaboração de textos para a Hora Infantil. Escreveu, ainda, inúmeros artigos sobre radiodifusão. Em 1934, criou a Rádio Escola Municipal do Rio de Janeiro, emissora que hoje leva seu nome.Como demonstram suas atividades, Roquette-Pinto acreditava que o rádio (como o cinema) teria papel fundamental na solução dos problemas educacionais no país: “Para nós o ideal é que o cinema e o rádio fossem, no Brasil, escolas dos que não têm escola”, declarou.

Publicações: Além dos livros de caráter mais técnico, como Rondônia (1917), Roquette-Pinto publicou livros de divulgação científica, começando com Conceito atual de vida (1922). Assinou também artigos de divulgação científica em várias publicações, como A Manhã, A Noite, Diário Carioca e Jornal do Brasil. Os temas incluíam não só a questão educativa e de radiodifusão, mas também a valorização do homem brasileiro, pesquisa básica, ciência e arte, literatura, populações indígenas e tendências da medicina moderna. Porém, escrever textos de divulgação não foi sua única contribuição para a área. O divulgador criou e editou revistas que permitiram aos cientistas escrever para o público leigo, como Radio – Revista de Divulgação Científica Geral, lançada em 1923, Electron, criada em 1926, e Revista Nacional de Educação, de 1932.

Educação em ciências no cinema: Desde que iniciou, em 1910, a filmoteca do Museu Nacional, Roquette-Pinto dedicou atenção especial ao cinema como meio de divulgação científica – um exemplo são os documentários da Comissão Rondon, em 1912. Dirigiu o Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE) de 1936 a 1947, incentivando a participação de cientistas na elaboração dos filmes e a escolha de temáticas científicas e técnicas.

Fontes:
MASSARANI, Luisa. A divulgação científica no Rio de Janeiro: Algumas reflexões sobre a década de 20. Rio de Janeiro: IBICT e UFRJ, 1998. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Instituto Brasileiro de Informação em C&T e Escola de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1998.

MOREIRA, Ildeu de Castro; MASSARANI, Luisa; ARANHA, Jayme. “Roquette-Pinto e a divulgação científica”. In: LIMA, Nísia Trindade; SÁ, Dominichi Miranda (orgs.). Antropologia Brasiliana – Ciência e educação na obra de Edgar Roquette-Pinto. Belo Horizonte / Rio de Janeiro: Editora UFMG / Editora Fiocruz, 2008.

(Fonte: http://www.museudavida.fiocruz.br/brasiliana – A DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA NO BRASIL)

Powered by Rock Convert
Share.