Carlos Cerqueira, secretário de Polícia Militar nas duas vezes em que Leonel Brizola governou o Estado do Rio de Janeiro

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Coronel tentou reduzir abuso de poder em favelas

 

 

O Coronel Carlos Magno Nazareth Cerqueira (à esquerda) é empossado pelo governador Leonel Brizola. (Foto: Sebastião Marinho 20/04/1983 /Acervo O Globo)

 

 

 

Ex-chefe da PM do Rio de Janeiro

 

Carlos Magno Nazareth Cerqueira , coronel aposentado, foi secretário de Polícia Militar nas duas vezes em que Leonel Brizola governou o Estado do Rio de Janeiro. Ele assumiu o cargo em 1983, quando Brizola extinguiu a Secretaria de Segurança Pública e criou três novas secretarias: de Polícia Militar, de Polícia Civil e de Defesa Civil.

 

Carlos Magno era ex-chefe da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi comandante da PM nas duas gestões de Leonel Brizola como governador do Rio de Janeiro, de 1982 a 1986 e de 1990 a 1994, o primeiro oficial negro a tê-lo ocupado e, Secretário de Polícia Militar.

 

 

Ao ser nomeado por Brizola, Cerqueira ocupava, interinamente, o cargo de comandante da Polícia Militar. Sua nomeação foi uma surpresa no meio militar. O coronel foi criticado por sua política em relação às favelas. Ao limitar as ações policiais em bairros pobres e morros, foi acusado de conivência com o tráfico de drogas. Como defesa, Cerqueira argumentava que as ações policiais não eram eficazes, além de ilegais, e caracterizavam abuso de poder por autoridades.

 

Por sua ordem, o Serviço Reservado do Estado-Maior da Polícia Militar, a chamada P2, que durante o regime militar era uma espécie de braço da repressão política, sofreu reestruturação.

 

A defesa dos direitos humanos e a punição de policiais envolvidos com irregularidades geraram inimizades na corporação.

 

Carlos Magno criou o policiamento comunitário nas favelas e a Assessoria Técnica de Assuntos Especiais (Atae), que funcionava como órgão de inteligência e planejamento da PM.

 

Cerqueira estava aposentado na Polícia Militar, desde o fim do segundo governo de Brizola, em 94, mas trabalhava como vice-presidente do Instituto Carioca de Criminologia, uma ONG (organização não-governamental).

 

Ele trabalhava com o advogado Nilo Batista, ex-vice-governador. Cerqueira estava aposentado na Polícia Militar, desde o fim do segundo governo de Brizola, em 94.
Estudioso da questão da violência, ele trabalhava como vice-presidente da ONG, que funciona no escritório de Nilo Batista.

 

 

Carlos Cerqueira foi baleado no saguão do prédio onde trabalha o ex-vice-governador Nilo Batista

 

Ex-chefe da PM do Rio é assassinado

 

 

Carlos Cerqueira morreu assassinado em 14 de setembro de 1999, no saguão do Edifício Magnus, centro do Rio de Janeiro, aos 59 anos, com um tiro no olho direito. Carlos Cerqueira foi baleado no saguão do prédio onde trabalha o ex-vice-governador Nilo Batista.

 

Duas horas depois, a polícia dava o crime como praticamente elucidado. O assassino seria o sargento Sidney Rodrigues, da PM, atingido, em seguida ao crime, por um tiro na nuca, supostamente disparado por um segurança da terma Aeroporto, que funciona no térreo do edifício.

 

Cerqueira chegou ao prédio (avenida Beira Mar, 216, centro) pouco depois das 16h. Ele trabalhava com Nilo Batista no Instituto Carioca de Criminologia, uma ONG (organização não-governamental).

 

Testemunhas contaram aos policiais responsáveis pela investigação que o sargento atirou com um revólver assim que o coronel parou no saguão à espera do elevador.

 

Segundo as testemunhas, o tiro atraiu pelo menos dois seguranças da terma. O suspeito teria enfrentado os seguranças, mas foi baleado. Às 19h, ele estava sendo operado no hospital Souza Aguiar (centro).

 

Cerqueira morreu na hora. Há controvérsias sobre se ele esboçou reação. Debaixo do cadáver, o perito Oswaldo de Paiva Netto, do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, achou um coldre vazio. A arma não apareceu.

 

O perito encontrou um cápsula de bala calibre 38 no corredor dos fundos do prédio. Encontrou ainda uma marca de tiro na parede do saguão, mas a cápsula não foi localizada.

Foi apreendido no local o revólver 38 que teria sido usado pelo assassino, A arma tinha quatro cápsulas deflagradas.

 

Pessoas que trabalhavam no prédio contaram ter ouvido cinco ou seis disparos. A polícia recebeu de um flanelinha (pessoa que toma conta de carros na rua) a informação de que um homem negro e alto teria fugido em correria logo após os tiros.

 

Retrato falado do suposto assassino coincide com o semblante do sargento, disse à noite o delegado Gilberto Ribeiro, da 5ª DP, delegacia responsável pela área onde o crime ocorreu.

 

Interdição
Depois do crime, o prédio foi interditado. Todas as pessoas que estavam nos escritórios de seus 13 andares foram cadastradas. Ninguém entrava ou saía do prédio sem autorização.
O coronel Valmir Brum, da Central de Inquéritos da Procuradoria Geral de Justiça, disse que vingança é a hipótese mais provável.
“Quem fez isso, fez para matar”, afirmou ele.

Basquete
Subsecretário da Casa Militar no segundo governo Brizola, o coronel Heleno Barbosa disse que Cerqueira se encontraria no prédio com Nilo Batista.
Os dois seguiriam para uma partida de basquete, esporte preferido do coronel.
“O coronel Cerqueira era um homem íntegro, defensor dos direitos humanos e que instituiu o policiamento comunitário. Foi um crime bárbaro”, afirmou Brum.

(Fonte: https://www.terra.com.br/istoegente/07/tributo – TRIBUTO – 23 de setembro de 1999)

(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano – COTIDIANO / da Sucursal do Rio – São Paulo, 15 de Setembro de 1999)

(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano – FOLHA DE S.PAULO – COTIDIANO / VIOLÊNCIA / Por SERGIO TORRES da Sucursal do Rio – São Paulo, 15 de Setembro de 1999)

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