Carlo Lorenzini, comediante italiano, conhecido como Collodi, autor de obra-prima da literatura infantil

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Carlo Lorenzini (Florença, 24 de novembro de 1826 – Florença, 26 de outubro de 1890), comediante italiano, conhecido como Collodi, autor de obra-prima da literatura infantil. 

Os gestos ingênuos e o olhar dócil com que ficou conhecido Pinóquio, o boneco de madeira que tem vida, não são verdadeiros. Pinóquio de verdade é um traquinas. Ele mostra a língua, zomba e dá pontapés no velho Geppetto, que o esculpiu a partir de um pedaço de madeira falante. Tudo isso ainda nos capítulos iniciais do romance As Aventuras de Pinóquio – História de um Boneco, escrito em 1881.

A versão que se tornou mais popular de Pinóquio é o desenho animado de Walt Disney, lançado em 1940. O boneco-menino conta mentiras e se mete em confusões depois de desobedecer a sua consciência, personificada por um Grilo Falante. No fim, aprende a lição e se arrepende. Disney mudou a alma do boneco que não podia mentir. Para agradar ao público infantil, Walt Disney teve de adaptar elementos de outras histórias.

Pinóquio, escrito em 1881, também pretendia ser didático – ao estilo da época. A literatura e o teatro de então traziam personagens rebeldes e desbocados. Eles eram, de alguma forma, postos na linha, vigorosamente.

Em 1881 inicia a publicação do “Giornale per i bambini” (Jornal para as Crianças) – primeiro periódico italiano voltado para o público infantil. Foi ali que, em curtos capítulos, publica originalmente a “Storia di un burattino” (História de um Boneco) – primeiro título das Aventuras de Pinóquio. Publicou ainda outros contos, como “Storie allegre”, de 1887 – mas nenhum deles alcançou o sucesso de sua obra-prima.

Concebida como um folhetim semanal de histórias infantis, a história de Collodi terminava no capítulo XV, com a morte de Pinóquio por enforcamento. Como os leitores protestaram, ele voltou à vida, e a história terminou 21 capítulos depois, com final feliz. A fada e o nariz que cresce quando Pinóquio mente – essenciais na versão de Disney – só surgiram nessa segunda parte do romance.

A divergência entre as histórias de Collodi e de Disney vai além das ênfases neste ou naquele aspecto da trama. Tudo é distinto. As cenas do desenho se passam em paisagens coloridas, alegres. No original, a atmosfera é sombria e assustadora. As roupas que vestem o boneco no filme são, no livro, um casaco feito de papelão, sapatos de cortiça e um chapéu de miolo de pão, na qual o romance captura o clima de “vadiagem e de fome, de hospedarias mal frequentadas”, comuns na sociedade italiana da época.

          Para além de seus méritos próprios, o sucesso da história de Collodi tem explicações sociais. Em 1880, a unificação italiana acabara de acontecer, mas a união de pequenos Estados numa só monarquia não foi acompanhada pela padronização da língua. Reinavam os dialetos, a comunicação era precária, e o país passava por uma crise de identidade.

Quando surgiu o primeiro capítulo de A História de um Boneco, a Itália dava seus primeiros passos em direção a uma língua própria. À medida que Pinóquio ganhava humanidade, contribuía para a identidade nacional e se tornava querido pelos leitores.

Com Pinóquio, Collodi emergiu do anonimato para a fama – e nunca mais escreveu nada notável. O sucesso do boneco serviu ao menos para que ele fosse promovido à chefia do jornal Il Giornale Per i Bambini.

Lorenzini morreu repentinamente em outubro de 1890, na sua cidade natal, em Florença.

(Fonte: Revista Época – Nº 711 – 2 de janeiro de 2012 – Mente Aberta – LIVROS/ Por Luíza Karam – Pág: 86/87)

Collodi: sem conformismo

(Fonte: Revista Veja, 3 de outubro de 2001 – ANO 34 – Nº 39 – Edição 1720 – LIVRO INFANTIL – “Histórias Alegres”, de Carlo Collodi – Pág: 149)

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