Aldo Moro, ex-primeiro-ministro italiano. Foi ministro da Justiça, da Educação e chanceler

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Giulio Andreotti e Aldo Moro (Foto: www.ilfattoquotidiano.it)

Giulio Andreotti e Aldo Moro (Foto: www.ilfattoquotidiano.it)

Renunciou no dia 30 de abril de 1976, aos 59 anos, em Roma, o primeiro-ministro democrata-cristão da Itália Aldo Moro. Após três meses de governo, uma longa crise política e dois dias de debates no Parlamento, nos quais se verificou que seu partido não dispunha de nenhum apoio significativo para suas propostas de solução da crise econômica. A renúncia abre caminho à dissolução do Parlamento e a eleições gerais em junho de 1976, que poderão ser vencidas pelos comunistas.
(Fonte: Veja, 5 de maio de 1976 – Edição 400 –- DATAS – Pág; 83)

 

 

 

 

Aldo Moro (Bari, 23 de setembro de 1916 – Roma, 9 de maio de 1978), líder da Democracia Cristã da Itália.

No cativeiro, a lenta degradação. Ninguém, mais que ele, representava a figura perfeita e acabada do “cardeal” da política da Itália – para a maioria dos italianos, Aldo Moro parecia mesmo ter estado em evidência desde que se tem memória. No último quarto de século, não houve cargo importante que não ocupasse na Democracia Cristã da Itália, partido que presidiu até sua morte. No governo, foi ministro da Justiça, ministro da Educação, chanceler. Primeiro-ministro, Moro foi cinco vezes. E, nas eleições de dezembro de 1978, era o líder mais cotado para ocupar a Presidência da República.

Durante toda sua vida pública, paralelamente, esse político nascido em 23 de setembro de 1916, em Bari, no sul da Itália, construiu a imagem de um agudo, sutilíssimo articulador de fala mansa, espírito conciliatório e soluções flexíveis. Expressões ambíguas por ele cunhadas, como a “teoria das convergências paralelas”, destinada a justificar a “abertura à esquerda” – a aliança com os socialistas na década de 60 -, entraram no vocabulário político do país. E poucos, como ele, puderam nos últimos trinta anos exibir diante das dificuldades tamanha calma – definida certa vez por um interlocutor como “polida, cansativa, oriental”. Por tudo isso, foi para o público italiano um doloroso espetáculo assistir ao desmoronamento pessoal que os terroristas impuseram a Moro em seu cárcere.

NÃO PERDOAREI NINGUÉM -– Em todo o elenco de crimes políticos recentes, com efeito, não houve exemplo igual de deliberada degradação da vítima. Durante os 55 dias em que o mantiveram preso, os brigattisti forçaram Moro a um gradativo, perverso afundamento psicológico – e se deram ao requinte de publicar na imprensa a evolução de sua derrocada, sob a forma de cópias das desesperadas cartas enviadas a políticos, amigos e parentes, implorando, de forma muitas vezes deprimente, por sua própria vida.

Ao todo, foram mais de setenta cartas – muitas um verdadeiro grito de agonia, outras lançando mesmo acusações e queixas contra velhos companheiros. “Moralmente, é você quem está no lugar onde eu estou fisicamente”, explodiu Moro numa delas, dirigida a seu amigo de décadas e secretário geral da Democracia Cristã, Benigno Zaccagnini, que o convencera a aceitar a presidência da DC. Em outra, ao mesmo Zaccagnini, ele insistiu em que o partido deveria negociar sua libertação e chegou a implorar: “Benigno, seja puro e corajoso como na sua juventude”. Mais adiante, quando já estava definitivamente assentado que não haveria qualquer entendimento com os sequestradores, ele disparou, ainda ao velho amigo: “Digo claramente: não perdoarei nem justificarei ninguém”.

CLARO DESEPERO – Pior ainda, com o tempo, Moro começou a empregar nas cartas o mesmo vocabulário de seus captores. Passou, então, a referir-se a “combatentes”, “Guerrilha”, “julgamento popular” (o “processo” que os terroristas moviam contra si) e a insistir numa “troca de prisioneiros” – ele próprio se autodesignando um “prisioneiro político”. Três semanas depois do sequestro, o jornal Corriere della Sera, de Milão, falava na “destruição de um homem”. Surgiu a suspeita de que Moro vinha sendo drogado.

Diante desse “país real”, parece evidente que a Democracia Cristã, abalada pelo contínuo exercício do poder por 33 anos, por sucessivos escândalos e insucessos, saiu fortalecida. Houve um esmagador apoio nacional à sua decisão de não ceder ao terror – sustentada, com todos os recursos a seu alcance, pelos comunistas. Estes talvez tenham tido saldo mais considerável, consolidando até onde se pode imaginar sua imagem de partido da lei e da ordem.

Consciência democrática – O assassínio de Moro, acima de tudo, parece ter como resultado imediato a consolidação da cooperação entre comunistas e democrata-cristão – que nunca, em toda a história da República italiana, se entenderam tão bem. Nos comícios e manifestações, um novo cenário se incorporou à política do país – a vista de milhares de bandeira da Democracia Cristã lado a lado das do Partido Comunista Italiano (PCI). As Brigadas Vermelhas empurraram o PCI e sua central sindical cada vez mais para a política da lei e da ordem, e aproximaram ainda mais a Democracia Cristã dos comunistas.

Mas mais importante – e sobretudo mais duradoura – para a sociedade italiana foi a inédita mobilização em defesa das instituições que se viu durante os 55 dias do sequestro de Moro. Em 1926, o assassínio do respeitado líder socialista Giacomo Matteoti praticamente selou o fim da democracia italiana – e o fascismo, no poder desde 1922, consolidou-se de vez. Desta feita, a morte de Moro produziu uma reação inversa. O momento da verdade, confirmou a gravidade abissal dos problemas italianos. Mas revelou a existência de recursos com os quais não se sabia que se podia contar. O aparelho do Estado pode até “estar obsoleto”, conforme seu diagnóstico pessimista. A consciência democrática do país resistiu. Quantas nações, em circunstâncias semelhantes, poderiam dizer o mesmo?

Madrugada de terça-feira de 9 de maio de 1978, em algum lugar da Itália. No 55.° dia de seu cativeiro, imposto pelas Brigadas Vermelhas, o ex-primeiro-ministro e presidente do Partido Democrata Cristão italiano, Aldo Moro, foi acordado cedo – entre 4 e 5 horas, depois Moro tomou café e mais tarde submetido a um rito especial – os celerados que o mantinham cativo fizeram-no vestir a roupa que usava no momento do sequestro, a 16 de março. O terno azul, com colete, a camisa branca, os sapatos cuidadosamente engraxados. O prisioneiro pressentido que se aproximava a hora do desfecho. Talvez, naqueles derradeiros momentos, tenha perpassado a mente de Moro a esperança de que finalmente seria solto – e teria fim seu inferno pessoal de quase dois meses.

Mas ele não foi solto. Moro foi conduzido a um furgão, obrigado a acomodar-se em sua parte traseira e ali mesmo foi fuzilado, à queima-roupa. Dez disparos alojaram-se em seu peito. Um outro tiro, aplicado em suas costas, completou o serviço. E terminou assim, dessa forma requintadamente impiedosa, um dos maiores crimes políticos do século XX. Algo que chocou a Itália e o mundo, e colocou mais uma vez a nu os extremos de irracionalidade, de grosseira animalidade, a que podem chegar ações iniciadas por motivos políticos. Os terroristas não se contentaram em humilhar o ex-primeiro-ministro, em submetê-lo a uma agonia que ia destruindo em pedaços sua integridade, como ainda tiveram de matá-lo. Estava dentro do furgão, estacionado em pleno centro de Roma, na Via Caetani que liga a Via delle Botteghe Oscure ao antigo gueto judeu. Certamente, intencional da parte dos terroristas deixar o veículo a uma distância (menos de 200 metros) das sedes da Democracia Cristã e do Partido Comunista Italiano – os dois partidos que, desde julho de 1977, vem se dedicando a um delicado exercício de equilibrismo político para de alguma forma governar a Itália.
(Fonte: Veja, 17 de maio de 1978 – Edição 506 –- Internacional/ ITÁLIA Por Ricardo A. Setti – Pág; 30/37)

 

 

 

Em 16 de março de 1978 – Aldo Moro, é sequestrado pelas Brigadas Vermelhas.
(Fonte: Correio do Povo – ANO 117 – Nº 168 -– Cronologia – Há um século no Correio do Povo – 16 de Março de 2012)

 

 

Em 16 de março de 1978 – Aldo Moro, líder da Democracia Cristã Italiana, é sequestrado pelo grupo terrorista Brigadas Vermelhas, que depois o mataria.

9 de maio de 1978 – O corpo do ex-primeiro-ministro italiano Aldo Moro foi encontrado no centro de Roma. Moro havia sido seqüestrado pelas Brigadas Vermelhas em 16 de março, após 55 dias de cativeiro.
(Fonte: www.guiadoscuriosos.com.br -– Fatos do Dia – 9 de maio de 2011)

 

 

 

Ex-primeiro-ministro italiano Aldo Moro é sequestrado e morto pelas Brigadas Vermelhas, em 9 de maio de 1978
(Fonte: Zero Hora -– ANO 47 -– N° 16.350 – 9 de maio de 2010 -– Almanaque Gaúcho/ Hoje na História/ Por Olyr Zavaschi –- Pág; 54)

 

 

Em 16 de março de 1978, o ex-primeiro-ministro italiano Aldo Moro é sequestrado – mais adiante, seria assassinado.

(Fonte: Zero Hora – ANO 51 – Nº 18.051 – 16/03/2015 – HOJE NA HISTÓRIA – Pág: 36)

 

 

 

Após 55 dias de sequestro, o presidente do Partido Democrata Cristão italiano, Aldo Moro foi encontrado morto, em 9 de maio de 1978, no centro de Roma. Membros do grupo terrorista Brigadas Vermelhas deixaram seu corpo, com onze ferimentos à bala no peito, no porta-malas de um automóvel Renault, estacionado entre as sedes do Partido Comunista e da Democracia Cristã. Moro, de 61 anos, havia sido primeiro-ministro da Itália cinco vezes e era considerado o sucessor mais provável do presidente Giovani Leone, nas eleições do fim de 1978.
(Fonte: Zero Hora – ANO 45 – N° 15.594 – Há 30 anos em ZH – 10 de maio de 1978 – 10 de maio de 2008 – Pág; 63)

 

 

 

 

 

 

 

Caso Aldo Moro continua atormentando a Itália

 

O então primeiro-ministro italiano Aldo Moro (D) e o chanceler alemão Helmut Schmidt em Luxemburgo, em 1 de abril de 1976 – AFP

 

O sequestro, em 16 de março de 1978, do líder da Democracia Cristã Aldo Moro por um comando das Brigadas Vermelhas e seu assassinato em 9 de maio atormentam a memória coletiva dos italianos e, 40 anos depois, muitos dos mistérios que cercam o caso ainda não foram resolvidos.

“Foi o ’11 de setembro’ da Itália. Os 55 dias que o sequestro de Moro durou mudaram o rumo que a República italiana estava para tomar”, escreveu Ezio Mauro, diretor do jornal La Repubblica, ao apresentar a série de artigos dedicados à trágica morte do político.

Em 16 de março, pouco depois das nove da manhã, Aldo Moro, de 62 anos, defensor do “compromisso histórico” entre as duas principais forças políticas, a DC e o Partido Comunista Italiano (PCI), foi sequestrado em Roma por um comando das Brigadas Vermelhas, organização de extrema esquerda que abateu o motorista e os membros de sua escolta.

Em 9 de maio, 55 dias depois, o cadáver do cinco vezes chefe de governo foi encontrado crivado de balas no porta-malas de um Renault 4 vermelho abandonado em uma ruela emblemática da capital, na metade do caminho entre as sedes centrais da DC e do Partido Comunista.

O crime sacudiu a opinião pública italiana e abriu um período de crise institucional.

Moro foi sequestrado quando se dirigia à Câmara de Deputados para votar a moção de confiança de um novo governo depois de ter pactado o “compromisso histórico”, ou seja, o apoio dos comunistas liderados por Enrico Berlinguer a um governo de coalizão que enfrentasse a situação econômica e lutasse contra o terrorismo.

Em sua “prisão popular”, Moro escreveu cem cartas à sua família, aos dirigentes demo-cristãos, como Giulio Andreotti, e até ao papa Paulo VI.

Implorava negociações com os sequestradores, que por sua vez pediam a libertação de vários detidos.

– Sacrificar Moro –

“A partir de 1975, as Brigadas Vermelhas optaram por uma estratégia de luta frontal contra o Estado italiano. As negociações nunca começaram e depois de 55 dias, decidiram executar Moro, após ele ter sido julgado por um ‘tribunal popular’ composto por eles mesmos”, explicou o historiador Philippe Foro, autor de “L’Affaire Moro” (Ed Vendemiaire).

“Moro tinha muitos inimigos, estre eles os que não aprovavam sua política de diálogo, contrários ao ‘compromisso histórico’ com os comunistas, também dentro da Otan e nos serviços secretos italianos”, explicou o acadêmico.

Muitos historiadores e testemunhas dessa época acreditam que não foi feito todo o possível para libertar Aldo Moro, que o Estado italiano tomou a fria decisão de “sacrificar” o político.

Algumas teorias asseguram que as Brigadas Vermelhas na realidade eram uma formação fascista disfarçada de esquerda, outros falam de lojas maçônicas, de espionagem, de um ato em meio à Guerra Fria entre a União Soviética e os Estados Unidos.

“Para os Estados Unidos, o peso do Partido Comunista em um dos países mais importantes do Mediterrâneo era inaceitável e para os soviéticos o modelo de ‘compromisso histórico’ era uma ameaça”, resumiu à AFP em uma entrevista de 2014 Ferdinando Imposimato, o juiz que instruiu o caso Aldo Moro, que morreu em janeiro de 2018.

Os membros do comando sequestrador tiveram vários destinos. Alguns foram detidos e condenados à prisão perpétua, mas muitos de seus anos de reclusão foram perdoados em virtude de uma lei aprovada em 1982. Alguns fugiram para o exterior e outros escreveram livros e ensaios.

A viúva Eleonora faleceu em 2010 sem nunca ter perdoado os líderes da Democracia Cristã, que acusou de violarem os valores cristãos que defendiam, ao se negarem a salvar a vida em nome da razão de Estado.

Em uma carta datada em 8 de abril de 1978 dirigida a sua esposa, Moro escreveu: “Meu sangue cairá sobre eles”.

Quatro décadas depois, as forças políticas da Itália estão buscando de novo uma saída ao bloqueio após as legislativas de 4 de março.

O ministro da Cultura, Dario Franceschini, prestou homenagem a Aldo Moro e lembrou “que tinha conseguido convencer os dois ganhadores das eleições, que tanto na época como hoje não tinham obtido a maioria no parlamento para governar. O de antes vale para o hoje”, apontou.

(Fonte: https://istoe.com.br – Edição nº 2516 – COMPORTAMENTO / Por AFP – 15.03.18)

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