Albert Bruce Sabin (1906-1993), pesquisador, um dos mais atuantes cientistas do século 20.

0
Powered by Rock Convert

O PAI DA VACINA – O homem que venceu a pólio

Albert Bruce Sabin (1906-1993), pesquisador, um dos mais atuantes cientistas do século 20. Nunca chegou a ganhar um Prêmio Nobel. Não precisou dele para um título muito mais nobre que soa como clichê, mas corresponde rigorosamente à verdade: o de benfeitor da humanidade. Um dos mais atuantes cientistas ficou conhecido em todo o mundo pela criação da vacina oral contra o vírus da poliomielite, uma doença que degenera a medula, causa paralisia e pode ser fatal. Pela eficiência e simplicidade de aplicação, o uso da vacina disseminou-se pelo mundo, ajudando a controlar a doença, que em surtos anuais, era contraída por centenas de milhares de pessoas até a década de 50.
Nascido em 26 de agosto de 1906, na cidade de Bialystok, então Rússia e hoje Polônia, Sabin emigrou com a família para os Estados Unidos em 1921, fugindo do anti-semitismo na Europa Oriental. Suas pesquisas contra a poliomielite começaram assim que se formou em Medicina pela Universidade de Nova York, em 1931.
Interrompeu as experiências durante a II Guerra Mundial para se dedicar aos estudos de doenças que acometiam os soldados e retomou as pesquisas sobre a poliomielite em 1954. Três anos depois, realizou com sucesso testes da vacina em milhares de crianças, inclusive em suas filhas, Amy e Debbie, então com 5 e 7 anos.
Sabin levou mais de vinte anos para criar sua vacina que utiliza os vírus vivos da poliomielite, enfraquecidos e neutralizados por baixas temperaturas. Apesar da suspeita, nunca confirmada, de que a vacina poderia causar a doença em alguns poucos casos, ela logo substituiu a do cientista americano Jonas Salk, injetável, que usava vírus mortos.
CARTA DESAFORADA – A ligação de Sabin com o Brasil, iniciada em 1961 quando veio ajudar em uma campanha antipólio, tornou-se mais forte onze anos depois, ao conhecer a carioca Heloísa Dunshee de Abranches, com quem se casou em 1972. Desde então, o cientista veio muitas vezes ao país e se envolveu em várias polêmicas com o governo. Em 1980, escreveu uma carta desaforada ao então presidente João Figueiredo. “A burocracia determina fracassos no combate à pólio”, disparou Sabin. A bronca surtiu efeito e no mesmo ano o Brasil começou a fazer programas de vacinação em massa, reduzindo o número de casos de 2 500, em 1979, para apenas 45, em 1983, até erradicar a doença, em 1990.
As descobertas de Sabin não se restringiram à vacina contra a pólio. Ele ajudou a identificar os vírus da herpes B e o protozoário da toxoplasmose. No início dos anos 80 escolheu o Brasil como um dos países em que testaria sua vacina aerosol contra o sarampo. Desde 1983, Sabin sofria de polineurite, uma doença que degenera parte dos nervos e que debilitou seus movimentos e reflexos. Mesmo confinado a uma cadeira de rodas, continuou criando polêmicas. Em 1992, num de seus últimos artigos científicos, afirmou que seria praticamente impossível conseguir uma vacina contra a Aids com as linhas atuais de pesquisa seguidas pelos cientistas. Sabin morreu no dia 3 de março de 1993, de congestão cardíaca em Washington.

(Fonte: Veja, 10 de março de 1993 – Edição 1278 – Datas – Pág; 77)

Powered by Rock Convert
Share.