A primeira modelo não caucasiana a posar para a capa de uma revista de moda americana

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China Machado, a modelo que preparou o caminho para a diversidade

The Richard Avedon Foundation

The Richard Avedon Foundation

 

Considerada pioneira no mundo da moda por ter aberto caminho para a diversidade

China Machado (Xangai, 25 de dezembro de 1929 – Long Island, 18 de dezembro de 2016), a primeira modelo não caucasiana a posar para a capa de uma revista de moda americana. Filha de pai português e mãe chinesa, musa do icônico fotógrafo Richard Avedon ou do criador de moda Hubert de Givenchy, lutou pelo fim da supremacia branca na indústria da moda e mostrou que pode haver modelos octogenárias ativas.

Modelo nasceu em Xangai, em dezembro de 1929, vivia nos EUA e era filha de pai português. A avó materna era goesa.

Nasceu Noelie de Souza Machado, em Xangai, e só adotou o nome China quando começou o seu trabalho enquanto modelo. Cresceu a falar português, francês, inglês e mandarim, e os seus ídolos eram Rita Hayworth, Vivien Leigh ou Ava Gardner –  não lia muitas revistas de moda, onde posavam modelos caucasianas, mas sabia que não se “parecia nada com elas”. “Como podia eu ser bonita?”, relembrava numa entrevista ao jornal britânico Telegraph em 2013, aludindo ao tom de pele diferente.

Saiu de Xangai para Buenos Aires com os pais devido à ocupação japonesa, em 1946, e aos 19 anos conheceu toureiro espanhol Luis Miguel Dominguín (1926-1996), com quem fugiu para o México e entrou, depois, no círculo social de Pablo Picasso ou Andy Warhol. Dominguin trocou-a por Gardner e China foi para Paris – Givenchy colocou-a pela primeira vez numa passerelle e aos 24 anos era uma das suas modelos favoritas.

Desfilou para a maison Dior, Balenciaga e casas de moda italianas e tornou-se a modelo de passerelle mais bem paga da Europa.

 

China Machado (Foto: GETTY IMAGES)

China Machado (Foto: GETTY IMAGES)

 

Foi Diana Vreeland, influente jornalista de moda e editora da Harper’s Bazaar nos anos 1950, que a levou até Richard Avedon – o fotógrafo, que lhe pediu para posar em exclusivo para si e a descreveu como “provavelmente a mulher mais bonita do mundo”, foi o responsável pela sua icônica primeira capa na publicação de moda americana em 1959, a primeira com uma modelo não-caucasiana, só publicada porque este ameaçou não renovar o seu contrato.

Sabia que era considerada “exótica” mas não se apercebeu que estava a quebrar barreiras na indústria até mais tarde, admitiu ao Telegraph. “Em Nova Iorque era celebrada. Eram os clientes do Sul que diziam aos designers que não iam comprar nenhum dos vestidos que eu vestia. Mas nunca me ocorreu que estaria a causar impacto. Estava demasiado ocupada a trabalhar e a viajar.”

Saiu das passerelles para a redação da Harper’s Bazaar em 1962, onde foi diretora de moda. Em 2010 voltou a protagonizar um grande editorial de moda, para a revista W, mas em 2013 explicava ao Telegraph que nunca quis voltar a ser modelo: “Não queria ser modelo novamente. Deixei o trabalho de modelo a sério em 1962. Depois de trabalhar com Avedon, não queres realmente trabalhar com mais ninguém.” Ainda assim, aos 81 anos, numa indústria ainda pouco diversa não só em termos raciais mas também de idade, voltou a assinar um contrato com uma agência de modelos, a IMG, e em novembro fez a sua última campanha para a marca de óculos RayBan, fotografada por Steven Klein. “China Machado foi sempre uma excepção. Mas se a moda aprender alguma coisa com o seu exemplo, algum dia, talvez, ela passe a ser a regra”, escreve o New York Times.

Nunca fez dieta nem exercício físico específico – comia e bebia o que queria, “maioritariamente vodka”, disse, sem pudores, ao Telegraph. Vivia agora com o segundo marido, Riccardo Rosa, com quem teve duas filhas, Emanuelle Lasalle-Hills e Blanche Lasalle, e dividia-se entre a sua marca de moda Cheena Wear e as campanhas publicitárias.

China Machado morreu em 18 de dezembro de 2016, aos 86 anos, em Long Island, EUA, devido a uma paragem cardíaca.

“China Machado foi uma das primeiras grandes pioneiras no firmamento da alta-costura”, disse André Léon Talley, antigo editor da revista Vogue, ao New York Times. “Tornou a sua etnia em algo poderoso. Internacionalmente, preparou o caminho para a diversidade e para outras etnias, tal como preparou o caminho para o aumento das modelos negras em publicações impressas e nas passerelles”, acrescenta Talley.

(Fonte: http://lifestyle.publico.pt/noticias – LIFE STYLE – NOTÍCIAS/ Por Inês Garcia – 

(Fonte: http://caras.sapo.pt/famosos/2016-12-21- FAMOSOS / CARAS – 21 DE DEZEMBRO DE 2016)

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