Primo Nebiolo, profissionalizou o atletismo moderno, transformando-o em um negócio milionário

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Foi o criador do atletismo moderno

O homem que transformou o atletismo moderno em um negócio milionário

 

Primo Nebiolo (Foto: DIREITOS RESERVADOS)

 

Primo Nebiolo (Turim, 14 de julho de 1923 – Roma, 7 de novembro de 1999), italiano que profissionalizou o atletismo moderno. Como presidente da Federação Internacional de Atletismo (Iaaf) nos últimos 18 anos, ele transformou o esporte amador em um negócio milionário, expandindo o orçamento anual da organização de US$ 50 mil para mais de US$ 50 milhões por meio de patrocínios e venda de direitos de transmissão para televisão.

 

Mas foi na Iaaf (Federação Internacional de Atletismo), cuja presidência ele assumiu em 1981, que Nebiolo construiu sua maior obra: revolucionou a administração do esporte e tornou-o um produto muito lucrativo.

 

Com uma carreira de dirigente esportivo italiano iniciada em 1948, quando ele assumiu a presidência do clube da Universidade de Turim, Primo Nebiolo, foi o homem que profissionalizou e moldou o atletismo moderno. Depois seria ainda presidente da Federação Italiana de Atletismo e membro do COI (Comitê Olímpico Internacional).

 

Quando o dirigente assumiu a Iaaf, o orçamento era de US$ 250 mil. Era baseada em Londres, gerida por quatro funcionários – um deles, que trabalhava meio período, responsável pelas finanças – e duas secretárias.

 

Hoje, a entidade é administrada a partir de dois prédios em Montecarlo, contando com 55 funcionários, além do escritório que era utilizado por Nebiolo em Roma.

 

O maior feito do dirigente foi criar competições que atraem a atenção para o atletismo fora do período dos Jogos Olímpicos, como o Campeonato Mundial (que ocorre a cada dois anos), o Mundial de pista coberta, a Liga de Ouro e a série Grand Prix.

 

Foi esse tipo de inovação que lhe permitiu assinar contratos como o selado em 1996 com a European Broadcasting Union, quando vendeu os direitos de TV dos torneios da Iaaf até 2001 e garantiu US$ 220 milhões para a entidade.

 

O dirigente criou também os prêmios para atletas que batem recordes mundiais e por participação em provas.

 

Por tudo isso, foi reeleito para a presidência da Iaaf por seis vezes, a última em agosto de 1999, para um mandato de quatro anos. “Dediquei minha vida ao atletismo. Sinto orgulho disso”, disse então.

 

A maior crítica a Nebiolo é relação a supostas irregularidades no campo esportivo que ele teria ocultado durante sua gestão.

 

A mais famosa delas ocorreu no Campeonato Mundial de Atletismo de 1987, em Roma.

 

À época, foram fortes as suspeitas de manipulação nas medições da prova de salto em distância para que um italiano, Giovanni Evangelisti, ficasse com a medalha de bronze.

 

Instalou-se uma comissão para averiguar o acontecido, presidida pelo próprio Nebiolo, que nada identificou de errado. Mas uma nova investigação, dessa vez comandada pelo COI, concluiu que houve sim irregularidades no Mundial de Roma.

 

Antes, em 1984, o italiano havia sido criticado por não apurar possíveis casos de doping na Olimpíada de Los Angeles.

 

Nebiolo esteve também no centro da polêmica na época da Copa do Mundo de 1990, na Itália.

 

Executivo de diversas companhias de construção no país, ele foi chamado a depor quando descobriram-se irregularidades nas obras para o Mundial de futebol. Mas jamais foi condenado.

 

O estilo férreo com o qual era acusado de comandar a Iaaf vem da 2.ª Guerra Mundial, quando lutou na resistência italiana e sofreu como prisioneiro das tropas nazistas. Manteve a pose de durão até o fim: em plena crise cardíaca, ele recusou a maca e caminhou até a ambulância que o levaria ao hospital.

Primo Nebiolo faleceu em 7 de novembro de 1999aos 76 anos, em Roma. Ele teve um ataque cardíaco após ter uma noite de trabalho em casa e foi levado para um hospital em Roma, mas não resistiu.

 

Morte choca dirigentes esportivos

 

“Estou chocado”, disse ontem Joseph Blatter, presidente da Fifa, ao saber da morte de Nebiolo.

 

“Era um dos melhores dirigentes do esporte mundial”, lamentou o presidente do COI, o espanhol Juan Antonio Samaranch, que, ao lado de Nebiolo e de João Havelange, formou o “trio de ferro” do esporte nos anos 80 e 90.

 

“O atletismo só ganhou a importância atual graças a suas ações”, disse o presidente da Confederação Brasileira de Atletismo, Roberto Gesta de Mello.

 

Mas nem todas as reações foram amigáveis. “Foi uma pessoa que pisoteou os ideais esportivos. Só lamento que ele deixe o esporte morto, e não expulso”, disse Livio Berruti, ouro nos Jogos de Roma.

 

O senegalês Lamine Diack assumirá o lugar de Nebiolo.

(Fonte: http://www.terra.com.br/istoegente/15/tributo – TRIBUTO – 15 de novembro de 1999)

(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte – FOLHA DE S.PAULO – ESPORTE – ATLETISMO / das agências internacionais – São Paulo, 08 de Novembro de 1999)

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