Primeiro pastor de imigrantes não católicos no Brasil

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MISÉRIA HUMANA NOS PRIMÓRDIOS DA HISTÓRIA DA IECLB.
Friedrich Oswald Sauerbronn, o pastor nasceu a 29 de fevereiro de 1774, em Hilsbach/Baden. E morreu a 4 de dezembro de 1864. Estudou Teologia entre 1779 e 1802, em Heidelberg, tornando-se desde 4 de abril de 1803 pastor em Becherbach.

Já exercia, pois, o ministério pastoral nessa localidade há 20 anos, quando se deixou induzir pelo agente de imigração a vir ao Brasil com seus paroquianos. É o primeiro pastor de imigrantes não católicos a se estabelecer no Brasil. Sua vinda está ligada à atividade do Major Schaeffer, agente de imigração do Império do Brasil. Na ocasião foi-lhe feita uma promessa tentadora: 1 Passagem livre para ele e para a família; 2. Ordenado anual de 2.000 florins; 3. 400 jeiras de terra cultivada (1 jeira = 19 a 36 hr); 4. 12 escravos; 5. Bela moradia, igreja e escola.
As promessas eram tentadoras e foi seguindo a elas que Sauerbronn veio ao Brasil. A situação do pastor não era m? em sua par?quia de origem. Atendia cerca de 3.000 pessoas, tinha uma bela casa paroquial e a mais bela igreja da região.
O contrato assinado entre Schaeffer e Sauerbronn, em Frankfurt, foi entrege ao Monsenhor Miranda, Inspetor de Imigração, no Rio de Janeiro, e a partir de então nunca mais foi visto. A ação de Miranda era praxe bastante usual em relação aos imigrantes. Trava-se-lhes o contrato para lançamentos, sem que a devolução ocorresse. Sem o documento, os imigrantes estavam legalmente desamparados; nada mais tinham em suas mãos com o que pudessem comprovar o que lhes havia prometido.
Em Frankfurt/Main, Schaeffer conseguiu o apoio de outro agente de nome Cretzsschmar, cuja atividade parece ter sido bem-sucedida. Sabe-se que, a 12 de maio de 1823, cerca de 100 pessoas já se haviam decidido a vir ao Brasil. Na sua maioria eram agricultores e artesãos. Quando da partida para o Brasil eram 334. A viagem deu-se em dois navios chegou ao Rio de Janeiro a 4 de abril de 1824. Dos 334 imigrantes, 110 eram da localidade de Becherbach, próximo de Kirn. Entre eles encontramos o P. Friedrich Oswald Sauerbronn.
VIAGEM AO BRASIL – Sauerbronn veio ao Brasil com esposa e oito crianças. A esposa, porém, morreu na viagem; seu filho mais jovem, logo após chegarem a Nova Friburgo. O mais antigo documento da história dos luteranos no Brasil é um assentamento feito por Sauerbronn no livro de hábitos da Comunidade Evangélica Luterana de Nova Friburgo.
Registro de hábitos da comunidade protestante de Nova Friburgo no Brasil, no ano de 1824; elaborado por Friedrich Sauerbronn, pastor da comunidade protestante desta comunidade.
1) A 13 de maio, à noite, por volta das 8 horas, faleceu-me, Friedrich Sauerbronn, pastor protestante, um filhinho, de nome Peter Leopold. Ele nasceu a 17 de novembro de 1823 no mar, próximo das ilhas do Cabo Verde, e no dia seguinte faleceu sua mãe Charlotte, nascida K?hlental, em consequência deste nascimento. ? A 14 de maio, ? tarde, ?s 4 horas, foi sepultado como o primeiro recém-instalado no cemitério em Nova Friburgo e seu próprio pai lhe proferiu o sermão?.
Sauerbronn não duvidou que as promessas a ele feitas viessem a ser cumpridas, tanto assim que soube usar de benevol?ncia em relação aos que com ele vieram ao Brasil. Emprestou-lhes dinheiro para a passagem, mas nunca mais viu o dinheiro.
INÍCIO DIFÍCIL
A 19 de julho de 1824 recebeu a notícia de que, segundo decreto imperial, receberia ordenado anual de 200$000. Sauerbronn estava arrasado. Escreveu a Monsenhor Miranda, pedindo que lhe fossem pagos os 2.000 florins prometidos. Esse pedido foi parcialmente atendido. Um segundo decreto, de 9 de novembro de 1824, prometia-lhe 300$000 e um terceiro, de 1825, 400$000. Essa quantia representava 1/3 daquilo que percebia na Alemanha. Casou-se novamente em 1825.
A casa que havia sido prometida a Sauerbronn, bem como a igreja, não era das melhores! A terra que lhe fora prometida não passava de terra infértil e rochosa, distante cinco horas da aldeia de Nova Friburgo. Por isso, ocupou duas casinhas, abandonadas por su??os que haviam vindo anteriormente ao Brasil.
A SITUAÇÃO PIORA
A miséria do pastor é tão imensa que, em 1827, pede que o Imperador Pedro I lhe pede que o Imperador Pedro I lhe envie algum dinheiro para que possa comprar roupa a fim de se apresentar ante o mesmo. Após a partida do Imperador para Portugal, a 7 de abril de 1831, a situação de Sauerbronn piorou mais ainda. Os anos de 1831 a 1836 foram piores de sua vida. O novo governo não parecia interessado em continuar pagando os honorários de Sauerbronn e não o fez. Somente a 1º de julho de 1836, Sauerbronn receberia novamente um auxílio de 200$000.
Não faltavam tentativas de buscar alternativas. Por diversas vezes pediu que se lhe dessem terras, onde pudesse plantar algo para a subsistência de sua família. Seu pedido não foi aceito. O que recebia foi uma série de inc?modos e perseguições de parte das autoridades locais, instigadas pelo Abb? Joye, o sacerdote católico que havia vindo com os su??os no ano de 1818 para Nova Friburgo. Houve inclusive uma tentativa de expulsá-lo de sua casa.
CARTA A DOM PEDRO II
A petição não foi atendida. O Imperador não ouviu as súplicas do pastor. Somente de 1º de julho de 1836 a 1º de julho de 1838 recebeu novamente 300$000.
Comovente é a carta que Sauerbronn, então septuagenário, escreveu aDom Pedro II, em 1853. Foi somente frente a esse derradeiro pedido que o Governo Imperial veio a fazer justiça frente a um erro cometido 19 anos antes.
Friedrich Oswald Sauerbronn faleceu a 4 de dezembro de 1864, deixando vivo 24 filhos. No seu túmulo, em Nova Friburgo, no Estado do Rio de Janeiro, encontra-se a seguinte inscrição – Aqui descansa Friedrich Sauerbronn, o bom Pastor?
(O autor foi pastor da IECLB e Reitor da Escola Superior de Teologia, em São Leopoldo, RS – ANUÁRIO EVANGÉLICO – 1995 – Pág: 85/86/87/88)

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