O primeiro manequim de uma grande grife brasileira

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Bulbul foi primeiro protagonista negro de uma novela brasileira.

Zózimo Bulbul (Rio de Janeiro, 1937 – Rio de Janeiro, 24 de janeiro de 2013), diretor e ator,
um dos principais ativistas do movimento negro na cultura brasileira. Foi um dos principais atores do cinema novo. Ele é um dos ícones negros dos anos 1960 pelos trabalhos na TV e no cinema.

Zózimo teve importante participação no cinema e na televisão brasileira. Um dos principais atores do Cinema Novo, ele também foi o primeiro protagonista negro em uma novela do Brasil, quanto atuou em Vidas em Conflito (1969), da extinta TV Excelsior.

Presidente do Centro Afro Carioca de Cinema, Zózimo foi um importante fomentador da valorização da cultura afro descendente e da luta contra a desigualdade. Entre os filmes que dirigiu estão os premiados Alma no Olho (1973), Abolição (1988), entre outros.

Em 2010, a convite do presidente do Senegal, Zózimo dirigiu o filme Renascimento Africano, com o intuito de mostrar a realidade do país na comemoração de 50 anos de independência.

Zózimo morreu aos 75 anos, em seu apartamento, na praia do Flamengo. Sofreu um infarto. O artista foi velado na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, no bairro da Cinelândia.
(Fonte: http://diversao.terra.com.br/gente – DIVERSÃO – 24 de janeiro de 2013)

Chacrinha chamava o ator Zózimo de “o negro mais bonito do Brasil”. Em 1969, Zózimo foi par romântico de Leila Diniz na novela “Vidas em conflito”, da TV Excelsior”. O escândalo fez com que a censura da ditadura militar vetasse a novela. Aproveitando-se da polêmica, o estilista Dener convidou Zózimo para desfilar, tornando-o o primeiro manequim de uma grande grife brasileira. “Fui capa de revista, um sucesso! Só que não me conformaria em ser um ator vazio”, contava.

Sua carreira havia começado nas peças do Centro Popular de Cultura da UNE e se encorpou no cinema, no qual se tornou um dos maiores expoentes da cultura afro-brasileira, como fazia questão de ressaltar, nas décadas de 1960 e 70. Estreou em em 1962, em “Cinco Vezes Favela”, um dos no marcos do Cinema Novo. Fez mais de 30 filmes, incluindo clássicos como “Terra em transe”, de Glauber Rocha”, “Compasso de espera”, de Antunes Filho” e “Grande sertão”, de Geraldo Santos Pereira.

Amigo de Vinicius

Em 1974, estreou como diretor com o curta em preto e branco “Alma no Olho”, uma reflexão da identidade negra por meio da linguagem corporal. Zózimo aproveitara os negativos que sobraram do filme de Antunes Filhos para rodar seu curta-metragem. Os integrantes da censura achavam que a obra tinha tom “subversivo” e o chamaram para depor. Perguntaram sob ordem de quem ele havia feito feito tão sofisticado, imaginando que chegariam a uma complexa mente comunista. “Sob ordens do amigo e poeta Vinicius de Moraes”, respondeu Zózimo.

Para o documentarista e antropólogo Noel Santos de Carvalho, que defendeu em 2006 na USP a tese de doutorado “Cinema e representação racial: o cinema negro de Zózimo Bulbul”, “Alma no Olho” é sua obra-prima. Lembrou ao GLOBO que o filme foi baseado no livro “Soul Ice”, de Eldridge Claver, líder dos Panteras Negras, grupo radical norte-americano dos anos 60/70.

— As imagens cruas em preto e branco mostram Zózimo na frente da câmera fazendo uma série de pantomimas que contam a historia do negro desde sua saída da Africa até os Panteras Negras. Tudo isso em dez minutos. Marcará a todos os que se interessarem pela historia do negro no audiovisual brasileiro. Obra de um artista capaz de conectar sua historia, pessoal com a historia do seu povo. Sem cair no nacionalismo babaca que vigorou na década de 1970.

Seu filme mais conhecido, no entanto, é um documentário de 1988 intitulado “Abolição”, com entrevistas de personalidades sobre o centenário da abolição.

Fundador do Centro Afro Carioca de Cinema que, realizou no final do ano passado o 6º Encontro de Cinema Negro Brasil/África. Realizou três curtas, cinco medias e um longa-metragem, todos com foco na cultura afro descendente e na luta contra as desigualdades. Em 2010, a convite do governo do Senegal, Zózimo fez o média- metragem “Renascimento Africano”, que mostra o país nas comemorações dos 50 anos de independência deste país.

Uma das últimas entrevistas que concedeu foi para documentário em produção do cineasta americano Spike Lee. Em novembro, comentou como transcorreu a conversa.

— Tinha morado em Nova York quando a ditadura apertou por aqui. Fiz muitos contatos, que sempre me ajudaram na organização dos festivais de cinema. Spike esteve no Brasil e o único cineasta brasileiro que quis entrevistar foi a mim. Porque ele sabia do meu comprometimento com os irmãos africanos e em fazer com que o cinema seja ferramenta de luta.

Zózimo já estava enfraquecido pelo câncer que enfrentava havia alguns anos. Falava com dificuldade. Estava muito atento ao noticiário e enalteceu a figura do presidente do STF, Joaquim Barbosa, na condução do julgamento do mensalão.

— Que maravilha de atuação. Impôs-se com rigor e inteligência como não se via há muito.

A ministra da Cultura Marta Suplicy divulgou nota de pesar:

“Zózimo Bulbul teve uma trajetória fantástica, reconhecida. Mais que um ícone do seu tempo, é alguém que rompe paradigmas, faz o novo e por isso se torna conhecido no Brasil e no exterior. Ele nos deixa o exemplo de quem sempre quis fazer mais e melhor. E fez.”

(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura – CULTURA – RIO DE JANEIRO – 24/01/13)

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