Norman Vincent Peale, pastor, precursor da auto-ajuda e escritor americano

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Norman Vincent Peale (Bowersville, Ohio, Estados Unidos, 31 de maio de 1898 – Pawling, New York, Estados Unidos, 24 de dezembro de 1993), pastor e escritor americano

Norman Vincent Peale (1898-1993) – Nasceu em Bowersville, Ohio, EUA. Foi um pastor e escritor de teorias sobre o pensamento positivo, considerado nos Estados Unidos, o ministro dos “milhões de ouvintes”, e doutor em “terapêutica espiritual”.

O pai de todos

Norman Vincent Peale, precursor da auto-ajuda, deixa vasta descendência

Antes dele houve Jesus Cristo e outros que anunciavam os prazeres do céu. Mas em terra firme foi o reverendo Norman Vincent Peale quem prometeu o paraíso agora. Com a Bíblia numa das mãos, rudimentos do doutor Sigmund Freud na outra, microfone de rádio na boca e Jesus no coração, ele realizou o milagre da multiplicação de fiéis desde os anos 30, com um pequeno programa chamado A Hora do Angelus. Vinte anos depois, retransmitido por 125 emissoras, o reverendo Peale chegava a 5 milhões de ouvintes. E mais: tinha leitores em profusão desde 1937, quando publicou A Arte de Viver, e até o fim da vida em 45 outros volumes que venderam 20 milhões de exemplares nos 41 países em que foram traduzidos.

A Arte de Viver inspirava-se numa frase bíblica – “O que o homem pensa, ele é” -, e os títulos de seus capítulos – “Como viver numa época dessas”, “Encontre-se consigo próprio” ou “Como acabar com o tédio” – resumiam seu conteúdo e do que escreveria a seguir. Só no Brasil a sua obra mais famosa, O Poder do Pensamento Positivo, de 1952, vendeu cerca de 450 000 exemplares desde que saiu a edição em português, em 1956. Dez outros títulos, entre eles O Poder do Entusiasmo, Como Confiar em Si Mesmo e Viver Melhor e Você Pode, se Acha que Pode, solicitados nos catálogos de editoras.

A FÉ CONTRA A FOSSA – Peale, retirado de suas funções eclesiásticas numa igreja de Nova York desde 1984 e, um pouco antes de sua pregação como jornalista de rádio e televisão, conferencista e enviado do governo dos Estados Unidos a vários países, morreu esquecido, pois muitos já o julgavam morto. No entanto, como os dinossauros, sua força ainda domina a Terra, ou pelo menos um vasto pedaço ocupado pelos fiéis que procuram ajuda externa para se auto-ajudarem. Ao lado de outro campeão do otimismo, Dale Carnegie, cujo Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas ajudou a fazer cabeças em todo o mundo, o reverendo lançou as bases da felicidade portátil que agora faz a fortuna de tantos comunicadores psicopráticos. A primeira frase de O Poder do Pensamento Positivo diz: “Tenha confiança em si mesmo”. A última aconselha: “Tenha, pois, fé, e viverá feliz”. Entre uma eoutra aparecem histórias de gente desesperada, negociantes falidos, esposas tristonhas, homens maduros que bebem para esquecer.

Todos são vítimas de um desânimo invencível. “A falta de confiança em si mesmo é um dos grandes problemas que atormentam um considerável número de pessoas todos os dias”, escreveu Peale. “Setenta e cinco por cento dos alunos de cursos de Psicologia declaram que não tem autoconfiança e o mesmo deve ocorrer com o resto da população.”

Peale ofereceu remédios a essa gente. A um que bebia, versículos da Bíblia. A um solitário, uma oração em conjunto, por telefone: “Ó Deus que estais na outra extremidade da linha, pousai a mão sobre meu amigo e dai-lhe paz. Ajudai-o a aceitar a vossa dádiva de paz”. A todos, o exemplo de um homem que diante de problemas desenvolveu um “método do aspirador de pó”. Por meio de uma série de perguntas, ele “aspirava o pó”. do espírito de seus companheiros deprimidos, arrancando-lhe as atitudes negativas. É uma técnica para se livrar da infelicidade, assim como a obtenção do sucesso é o fruto de uma tecnologia. O reverendo chegou antes. Em 1952, dizia ele aos seus pastores: “Este livro (O Poder) ensina a religião aplicada. É um sistema científico, de técnica prática, para viver feliz, e que surte efeito”.

 

Mais tarde o doutor Lair Ribeiro, grão-mestre da ajuda brasileira, diz aos seus: “Eu me propus a pegar uma tecnologia e simplificá-la para o leitor”. Em 1978, o reverendo explicava: “Dizem que simplifiquei as coisas, e é isto mesmo. Escrevo de jeito simples para atrair pessoas que não vão à igreja”. A fonte dele é Jesus, a dos outros o cérebro. O reverendo recorreu a ambos. Quando se viu despreparado para enfrentar as angústias de seu rebanho nova-iorquino, bem mais complexas que as do resto do país, pediu ajuda ao doutor Smiley Blanton, um psiquiatra que havia sido tratado por algum tempo com o próprio doutor Freud. Assim nasceu a Fundação Americana para Religião e Psquiatria, atendendo a 600 pessoas por semana em Nova York com variado arsenal de profissionais: médicos, pastores, psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, rabinos e padres. O reverendo teve o prazer de ouvir do doutor Blanton que, no fundo, rezava por ajuda cada vez que alguém se deitava no seu divã: “A ajuda foi você”.

Peale foi casado por 63 anos com Ruth Stafford, sua assistente em tudo, que lhe deu três filhos e estava a seu lado quando morreu. Viveram num apartamento de doze quartos na Quinta Avenida e no sítio de dezesseis no subúrbio, onde guardavam uma infinidade de troféus, diplomas e títulos, entre eles o de rotariano e presidente da Associação Nacional pela Temperança. Republicano e metodista, foi o porta voz de 150 religiosos que questionaram a eleição do democrata John Kennedy em 1960. “Diante da escolha de um católico, nossa cultura entra num impasse”, disse, mas tempos depois renegou a frase. Foi amigo de todas as horas de Richard Nixon, que o mandou rezar no Vietnã, e não o abandonou no episódio de Watergate, alegando que “Cristo jamais se afastou de pessoas com problemas”. Nixon sempre lhe foi grato. Deve ter gravado para sempre um dos ensinamentos máximos de Peale: “Pense no fracasso e pode estar certo de que se sentirá fracassado”.

Uma ajudazinha do mestre

Embora não sejam mencionadas pelos seus herdeiros, as sementes da auto ajuda lançadas por Peale alojam-se nas obras de diversos deles, como o brasileiro Lair Ribeiro e o americano Anthony Robbins. A pregação é idêntica, ainda que a inspiração se modifique com o tempo. Peale falava em Deus e Cristo. O doutor Lair fala em dinheiro.
Exemplos:

“Repita várias vezes por dia: poderei fazer tudo com a ajuda de Cristo. Ele me dará forças”. (Peale)

“Repita várias vezes por dia: dinheiro é limpo. Pessoas ricas são abençoadas”. (Lair Ribeiro)

“Recomendo que faça o esvaziamento do espírito, expurgando dele o medo, o ódio e os pesares, o que trará grande alívio”. (Peale)

(Num curso para gordos que querem emgagrecer, o doutor Lair manda que eles pensem na sua torta favorita, imaginando-a a crescendo dentro de cada um até explodir, criando um grande enjoo.)

“Todas as pessoas têm problemas, todos os problemas têm solução”. (Peale)

“As únicas pessoas sem problemas são aquelas que estão no cemitério, e só estas não podem resolvê-los”. (Anthony Robbins)

 

 

(Fonte: Veja, 5 de janeiro, 1994 –- Edição 1321 -– ANO 27 -– N° 1 – MEMÓRIA -– Pág; 68/69)
(Fonte: www.dana.com.br -– Para Pensar)

 

 

 

 

 

 

 

 

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