Newton Cruz, ex-chefe da Agência Central do Serviço Nacional de Informações (SNI) durante a ditadura militar, de 1964 a 1985

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General Newton Cruz, ex-chefe do SNI na ditadura militar, figura emblemática, atuou na repressão durante a ditadura militar

 

Newton Cruz foi chefe do SNI entre 1977 e 1983 e foi acusado de participar da tentativa de atentado a bomba no Riocentro em 1981, além de outros crimes. Ele nunca foi condenado ou preso.

 

Em 1983, o general Newton Cruz ficou conhecido por agredir verbalmente ao vivo o jornalista Honório Danta. À época, o Brasil vivia em uma ditadura militar.

 

General Newton Araújo de Oliveira e Cruz (Rio de Janeiro, 30 de outubro de 1924 — Rio de Janeiro, 15 de abril de 2022), ex-chefe da Agência Central do Serviço Nacional de Informações (SNI), órgão de espionagem do regime, durante a ditadura militar, de 1964 a 1985.

 

O General de Divisão Newton Cruz foi chefe do SNI entre 1977 e 1983 — sob chefia dos generais João Figueiredo, que se tornaria presidente, e Octávio Aguiar de Medeiros. Cruz entrou no Exército em 1941, oriundo da arma de artilharia. Ele foi nomeado para órgãos de inteligência desde os primeiros meses da ditadura: em 1964, após servir no Conselho de Segurança Nacional, ele se tornou adjunto no Serviço Federal de Informação e Contra-Informação e, logo depois, no recém-criado SNI. Durante o governo Figueiredo, deixou a Agência Central para assumir o Comando Militar do Planalto.

 

O militar concorreu ao governo do Rio de Janeiro pelo PSD, 1994. Ficou em terceiro lugar, depois de Marcello Alencar (PSDB) e Anthony Garotinho (PDT).

 

Vinte anos depois, foi denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) e pela Comissão da Verdade como outros 377 militares por crimes durante a ditadura militar.

 

O general também foi denunciado pelo MPF de participar da tentativa de atentado a bomba no Riocentro, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, em 1981. No entanto, recebeu um habeas corpus pela Justiça Federal.

 

 

Ele ficou conhecido por episódios de agressividade e por suspeitas de envolvimento em escândalos da ditadura. Segundo o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea, da Fundação Getúlio Vargas (FGV-DPDOC), houve diversos incidentes enquanto ele chefiava o Comando Militar do Planalto. Em outubro de 1983, por exemplo, ele teria determinado que a polícia do Distrito Federal interditasse e invadisse a sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF). No local teriam sido apreendidas fitas e documentos sobre uma manifestação contrária ao regime militar — essa informação seria desmentida pelo próprio Newton Cruz.

 

 

 

Em dezembro daquele ano, o general se envolveu em um episódio de truculência contra um jornalista que se tornou célebre. Durante uma entrevista coletiva, Cruz irritou-se com as perguntas do repórter de rádio Honório Dantas, mandou-o desligar o gravador. O repórter obedeceu mas reclamou, enquanto se retirava, de um empurrão que havia levado do general . Ao ouvir os comentários, Newton Cruz, chamou o repórter de “moleque” e obrigou-o a pedir desculpas, torcendo-lhe o braço. Em abril de 1984, ainda segundo o FGV-CPDOC, durante a votação da emenda Dante de Oliveira (que propunha a volta das eleições diretas), o general, irritado por estar sendo fotografado durante um atrito com estudantes, teria sacado um revólver e o encostado na barriga de um fotógrafo.

 

 

Caso Baumgarten

 

 

Em janeiro de 1983, VEJA publicou um dossiê escrito pelo jornalista Alexandre von Baumgarten, em que ele acusava Newton Cruz de ser o principal interessado em sua morte. Ex-diretor da extinta revista O Cruzeiro, Baumgarten havia sido encontrado morto meses antes numa praia Recreio dos Bandeirantes, no Rio, com marcas de tiros. O jornalista alegava, na carta, que o SNI havia acertado um repasse de verbas a O Cruzeiro em meio a uma campanha para promover o governo. Ele dizia nas primeiras linhas: “A esta altura já deve ter sido decidida minha eliminação. A minha dúvida é se foi pelo chefe da Agência Central do SNI (Newton Cruz) ou pelo titular (Otávio Medeiros).”

 

 

 

Cruz deixou o SNI logo em seguida do escândalo. Ele foi denunciado pela suposta participação no assassinado de Baumgarten, de sua mulher e do barqueiro Manuel Pires em agosto de 1986. Uma testemunha chegou a afirmar ter visto Newton Cruz na praça XV de Novembro, na madrugada do sequestro do casal. O caso só teve desfecho em julho de 1992. Depois de 30 horas de julgamento, o tribunal do júri absolveu Newton Cruz da acusação de assassinato, por sete votos a zero.

 

 

 

Cruz passou para a reserva em 1985, já sob o governo de José Sarney. Ele estava apto a ser promovido a general-de-exército, mas seu nome não foi levado pelo então ministro do Exército, Leônidas Pires Gonçalves. Seu nome teria sido excluído da lista em votação unânime do Alto Comando do Exército. Ele se candidatou a deputado constituinte em 1986,e a governador do Rio em 1994, mas não se elegeu em nenhuma das ocasiões.

 

 

Em 2014, ele chegou a ser denunciado por participação no caso Riocentro, de 1981, quando duas bombas explodiram no local onde um show comemorava o 1º de Maio. O ato foi planejado por integrantes de uma ala do regime contrária à abertura política, e os explosivos acabaram, acidentalmente, detonados dentro de um automóvel com dois militares. Cruz, no entanto, recebeu um habeas corpus em segunda instância que considerava que o crime havia prescrito.

 

Acusado de crimes durante a ditadura

Newton Cruz nunca foi condenado ou preso pelas acusações dos crimes durante a ditadura.

Cruz foi denunciado pelo MPF em 2014 por participação no atentado. Meses depois, a Justiça Federal concedeu habeas corpus aos cinco militares e um delegado envolvidos.

Em 2014, foi apontado pela Comissão da Verdade como um dos 377 militares que cometeram crimes durante a ditadura.

Em 1982, o jornalista Alexandre von Baumgarten foi assassinado. O caso veio a público no ano seguinte, após a publicação de um dossiê em que ele acusava integrantes do SNI de planejar sua morte.

Antes de morrer, Baumgarten deixou um dossiê no qual afirmava que fora jurado de morte e acusava diretamente o general Newton Cruz, então chefe da Agência Central do SNI, de ser o autor da sentença.

O caso só começou a ser investigado com profundidade em 1985, quando o delegado Ivan Vasques, da Divisão de Homicídios da Polícia Civil, assumiu o processo. Ele indiciou três militares pelo desaparecimento e morte das vítimas. Em 1992, todos foram absolvidos.

Vida política

Em 1994, Newton Cruz foi candidato ao governo do Rio pelo PSD. Terminou em terceiro colocado no primeiro turno, atrás de Marcello Alencar (PSDB) e Anthony Garotinho (PDT).

Newton Cruz faleceu em 15 de abril de 2022, no Rio de Janeiro. O general de divisão veterano tinha 97 anos.

Newton Cruz morreu de causas naturais e estava internado no Hospital Central do Exército, em Benfica, na Zona Norte.

(Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2022/04/16 – RIO DE JANEIRO / Por Henrique Coelho, g1 Rio – 16/04/2022)

(Fonte: https://veja.abril.com.br/politica – POLÍTICA / Por Da Redação – 16 abr 2022)

(Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional – NACIONAL / por Fernanda Soaresda / CNN No Rio de Janeiro – 16/04/2022)

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