Beyers Naudé, figura da luta contra o apartheid sul-africana, foi um dos mais destacados opositores brancos do antigo regime do “apartheid”

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Beyers Naudé, religioso que lutou contra o apartheid

Clérigo opositor do “apartheid”

 

Christiaan Frederick Beyers Naudé (Roodepoort, África do Sul, 10 de maio de 1915 – Joanesburgo, África do Sul, 7 de setembro de 2004), figura da luta contra o apartheid sul-africana, foi um dos mais destacados opositores brancos do antigo regime do “apartheid”.

 

 

O religioso Beyers Naudé, de origens ligadas à extrema direita branca, reconhecido lutador contra o apartheid e promotor da reconciliação na África do Sul entre todas as raças, nasceu no seio de uma proeminente família de africânderes, cujo chefe foi um dos fundadores da Broederbond – organização secreta criada para preservar a hegemonia dos descendentes dos primeiros colonos holandeses -, Naudé foi rejeitado pelos seus acusado de liberalismo e “heresia”.

 

 

Membro da Igreja Reformada Holandesa, como seu pai, o religioso debateu intensamente a crença de sua comunidade de que o apartheid era um desígnio divino e que as pessoas de cor tinham sido criadas para servir ao homem branco e não possuíam alma ou destino no seio de Deus.

 

 

Naudé, por suas firmes crenças teológicas, contrárias à discriminação e à opressão das pessoas de cor, foi isolado da família e da igreja em momentos em que a segregação racial florescia na África do Sul sob os governos de minoria branca.

 

 

Nascido em maio de 1915 em Roodepoort, um bastião afrikaner a oeste de Joanesburgo, Beyers Naudé formou-se em Teologia e Línguas na Universidade de Stellenbosch em 1939, tendo passado grande parte da sua vida adulta em constante litígio com as instituições brancas que governavam a África do Sul e em particular com a Igreja Reformada Holandesa, da qual se viria a tornar clérigo à semelhança do pai.

 

Membro do Broederbond – uma sociedade semi-secreta que aglomerava os homens mais influentes do regime branco – Naudé acabaria por se rebelar contra o regime de discriminação racial, questionando perante os seus pares a teologia e a fé com que na altura a Igreja Reformada Holandesa tentava justificar a repressão a partir do púlpito.

 

À medida que tentava chamar os afrikaners à razão contra a brutalidade do sistema sem renegar as suas raízes culturais, Naudé tornava-se cada vez mais um pátria entre a sua comunidade e entre os brancos que apoiavam o regime de dominação branca.

 

Em 1985 sucedeu a Desmond Tutu no cargo de secretário-geral do Conselho Sul-Africano das Igrejas, mantendo-se fiel ao princípio de unificação de um país dividido pelo regime de segregação através da participação nas instituições que faziam a ponte entre negros e brancos.

 

Em 1987 fez parte da delegação de líderes afrikaners que se encontrou com o Congresso Nacional Africano (ANC) em Dakar, no Senegal, uma iniciativa que o marginalizou ainda mais no seio da comunidade branca.

 

Depois da legalização do ANC, em 1990, Beyers Naudé foi convidado em várias ocasiões para abrir as reuniões do movimento com leituras bíblicas, fazendo parte da delegação do ANC que se encontrou pela primeira vez oficialmente com o então presidente Frederik de Klerk, em Groote Schuur, nesse mesmo ano.

Distinguido com numerosos doutoramentos honoris causa, prêmios dos direitos humanos e outras honrarias, designadamente dando o nome a uma das mais importantes avenidas de Joanesburgo, Naudé foi um dos signatários, no ano de 2000, de um documento conhecido como “Declaração de Compromisso dos Sul-Africanos Brancos”, no qual importantes personalidades reconheciam oficialmente os danos e sofrimento impostos aos seus compatriotas negros durante o regime do “apartheid”.

 

Em 1995, na celebração do seu 80º aniversário, Nelson Mandela disse de Beyers Naudé: “Ele tornou-se um marginal entre os afrikaners, entre muitos brancos e no seio da igreja que amou. Este é o preço que os profetas têm que pagar”.

 

Mandela comparou Beyers Naudé a outros notáveis afrikaners, patriotas que como ele colocaram a liberdade acima de tudo, como Bram Fischer e Betty du Toit, considerando-o um farol de inspiração para todos os sul-africanos, negros e brancos.

“A sua vida demonstra o que significa erguer-se acima da raça sendo sempre um verdadeiro sul-africano”, referiu o ex- presidente.

 

Entre as dezenas de homenagens enviadas aos familiares de Naudé figura a de Nelson Mandela, antigo presidente sul-africano e prêmio Nobel da paz, que disse que o ativista tinha sido “um homem de grande bravura por ter enfrentado o apartheid em momentos em que esses feitos eram totalmente impopulares entre os brancos” e por ter feito tudo apesar de se “afastado de sua família e de sua liberdade”.

(Fonte: http://m.portalangop.co.ao/angola/pt – África Joanesburgo – 7 Setembro de 2004)

(Fonte: http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias – MUNDO / NOTÍCIAS – 7 de setembro de 2004)

EFE – Agência EFE – Todos os direitos reservados. 

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