Xeque Sabah al-Ahmad al-Sabah, emir do Kuwait, era considerado um intermediador das tensões entre os países da Península Arábica com o Irã

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Sabah al-Ahmad al-Sabah, líder do Kuwait

No comando do país desde 2006, emir buscou aproximação com Arábia Saudita e Iraque

 

Sabah al-Ahmad al-Sabah, emir do Kuwait, durante uma entrevista coletiva nos EUA, em 2017 — (Foto: Kevin Lamarque/Reuters)

 

Emir do Kuwait, veterano da diplomacia no Golfo

 

O xeque Sabah era considerado um intermediador das tensões entre os países da Península Arábica com o Irã.

 

Xeque Sabah al-Ahmad al-Sabah (1929 – 29 de setembro de 2020), emir do Kuwait, era um veterano da diplomacia do Golfo e presenciou mais de cinco décadas de crise e conflito. O Kuwait possui cerca de 6% das reservas globais de petróleo, em uma área de 17,8 mil km2. O dinheiro do petróleo garantiu muita riqueza ao país.

 

Sabah comandava o país desde 2006 e guiou a política externa do Emirado por 40 anos.

 

A família Al-Sabah comanda o Kuwait desde o século 18. Quarto filho do emir à época, Sabah nasceu em 1929 e passou a atuar no governo aos 25 anos. A partir de 1963, tornou-se ministro das Relações Exteriores, cargo que exerceu até 2003, quando se tornou primeiro-ministro.

 

Ele não era o primeiro nome na linha de sucessão, mas assumiu o comando do país em 2006, porque o príncipe herdeiro Saad al-Abdullah al-Sabah foi destituído após sofrer um grave problema de saúde.

 

Ao longo da carreira, o emir buscou aproximar o país de seus vizinhos. Criou laços fortes com a Arábia Saudita e retomou as relações com o Iraque, que invadiu o Kuwait em 1991 e gerou a Guerra do Golfo. Naquela ocasião, o país foi libertado por uma ação militar dos Estados Unidos. Sabah também buscou diálogo com o Irã, rival dos sauditas, e mediou tensões entre os países da região e o Qatar.

 

Al-Sabah subiu ao trono em janeiro de 2006 e a sua governação ficou marcada pela aproximação ao Iraque, depois da Guerra do Golfo de 1990, e esforços diplomáticos para a resolução de crises regionais.

 

O xeque Sabah é considerado o arquiteto da política externa do Kuwait moderno por ser um grande aliado dos Estados Unidos e da Arábia Saudita, enquanto mantinha boas relações com o rival deste último, o Irã.

 

O xeque Nawaf Al-Ahmad Al-Jaber Al-Sabah ocupou vários cargos importantes no governo e foi nomeado príncipe herdeiro em 2006, após um consenso da família governante que o escolheu para ocupar este cargo, por causa de sua popularidade dentro da família.

 

Em 2011 e 2013, na época da Primavera Árabe, houve protestos contra o governo no Kuwait. Na repressão aos protestos, pessoas foram presas por criticar o emir.

 

Mediador

O xeque Sabah foi considerado o arquiteto da política externa do Kuwait moderno, sendo um grande aliado dos Estados Unidos e da Arábia Saudita e mantendo boas relações com o arquirrival desta, o Irã.
Sabah é o segundo líder influente que morreu neste ano: em janeiro, faleceu o sultão Qabus do Omã. Os dois eram considerados mediadores dos conflitos que marcam a região.

O Oriente Médio hoje é marcado por tensões entre os países da Península Arábica com o Irã. Neste litígio, o xeque Sabah tinha adotado um papel de intermediação e pediu uma redução das tensões no Golfo.

Estabilidade e normalização

Seu reinado foi marcado por turbulências políticas: manifestações e prisões de opositores, além da queda do preço do petróleo, do qual o país depende.

Embora tenha sido considerado um progressista, especialmente pelas reformas econômicas e sociais que realizou e pelos direitos das mulheres, ele descartou a legislação dos partidos políticos.

A política do sucessor não deve se afastar muito da do xeque Sabah. A normalização das relações com Israel continua a ser muito impopular na sociedade do Kuwait.

“A prioridade dos dirigentes será, primeiro, a estabilização interna e, depois, a das suas políticas regionais”, afirma Kristin Diwan, que indica que as eleições legislativas devem ocorrer daqui a dois meses e que não há sinais de mudança na posição do Kuwait sobre a normalização.
Nomeado príncipe herdeiro em 2006, o xeque Nauaf Al-Ahmad Al-Jaber Al-Sabah ocupou vários cargos importantes no governo de seu país.
Quinto filho do xeque Al-Ahmad Al-Jaber Al-Sabah, que liderou o Kuwait de 1921 até sua morte em 1950, o xeque Nauaf foi ministro da Defesa em 1990, ano da invasão do emirado pelas tropas iraquianas de Saddam Hussein.
Sabah faleceu em 29 de setembro de 2020, aos 91 anos, anunciou o palácio real deste pequeno país do Golfo.

 

Após sua hospitalização no Kuwait em 18 de julho, o chefe de Estado, que assumiu o poder em 2006, transferiu “temporariamente” parte de seus poderes para o príncipe herdeiro, o xeque Nawaf Al-Ahmad Al-Jaber Al-Sabah.

 

Este último, seu meio-irmão de 83 anos, deverá sucedê-lo.

 

O xeque Sabah então foi aos Estados Unidos no final de julho para continuar o tratamento médico, de acordo com as autoridades, que não deram detalhes sobre a natureza de sua doença.

 

Ele foi submetido a uma cirurgia para a retirada do apêndice em 2002 e teve um marca-passo inserido em fevereiro de 2000. Em 2007, foi submetido a uma cirurgia do trato urinário nos Estados Unidos.

 

Em setembro de 2019, o xeque Sabah foi submetido a exames médicos após sua chegada aos Estados Unidos, resultando no adiamento e, em seguida, no cancelamento de sua reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

 

Sua hospitalização em julho precedeu a do rei Salman, da Arábia Saudita, de 84 anos, que recebeu alta depois de passar 10 dias internado, durante os quais teve sua vesícula biliar removida.

 

Sua morte “terá um impacto profundo, devido ao seu papel como diplomata e mediador regional, mas também como uma figura unificadora em seu país”, disse Kristin Diwan, do Arab Gulf States Institute, com sede em Washington.

“Os kuwaitianos apreciavam sua capacidade de manter o emirado fora de conflitos e rivalidades regionais”, acrescenta.

“É com grande tristeza e pesar que lamentamos (…) a morte do xeque Sabah al-Ahmad al-Jaber al-Sabah, emir do Kuwait”, declarou o ministro encarregado dos assuntos reais, o xeque Ali Jarrah al-Sabah, em gravação transmitida pela televisão.

(Fonte: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2020/09/29 – NOTÍCIAS / INTERNACIONAL / por Cidade do Kuwait,  (AFP) – 29 Set 2020)

(Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/09/29 – MUNDO / Por France Presse – 29/09/2020)

(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/09 – MUNDO / ORIENTE MÉDIO / por REUTERS – 29.set.2020)

(Fonte: Zero Hora – ANO 57 – N° 19.829 –  30 SETEMBRO 2020 – MEMÓRIA / TRIBUTO – Pág: 23)

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