Waly Salomão, poeta e letrista da música popular brasileira

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Poeta, produtor cultural e secretário nacional do Livro

 

 

Waly Salomão foi uma das figuras mais fecundas e heterogêneas da vanguarda brasileira.(Foto: Jeito Baiano/ZENILTON MEIRA | Agência A Tarde)

Waly Salomão foi uma das figuras mais fecundas e heterogêneas da vanguarda brasileira. (Foto: Jeito Baiano/ZENILTON MEIRA | Agência A Tarde)

 

 

 

Waly Salomão (Jequié, 3 de setembro de 1943 – Rio de Janeiro, 5 de maio de 2003)poeta e letrista da música popular brasileira, foi uma das figuras mais fecundas e heterogêneas da vanguarda brasileira.

 

 

Nascido em Jequié, na Bahia, em setembro de 1943, Salomão é autor de livros como Me Segura Que Eu Vou Dar um TroçoGigolô de Bibelôs e Tarifa de Embarque e foi um dos pilares do tropicalismo.

 

 

 

Letrista de sucessos da MPB como “Vapor Barato” e “Mel”, também dirigiu dois dos principais shows de Gal Costa, Fatal (1971) e Plural (1990).

 

 

 

Waly foi ponta de lança de uma geração de poetas que – num movimento de resistência à censura – contrariaram os princípios formais da tradição e pensaram a produção literária a partir de sua articulação com as outras artes, o que contribuiu para sua escrita tão permeável às diversas manifestações do inquieto cenário cultural no Brasil das décadas de 1970 e 1980. 

Waly Dias Salomão era filho de mãe baiana e pai sério. Nasceu em Jequié, na Bahia. Nos anos 60 teve ligações estreitas com o movimento tropicalista, que tem representantes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé e o também poeta Torquato Neto. Apesar da ligação, ele nunca se considerou um tropicalista.

Além de poeta, Waly Salomão também era letrista e produtor cultural. Como letrista, colaborou com diversos artistas, como Caetano Veloso (Talismã), Lulu Santos (Assaltaram a Gramática, sucesso com os Paralamas do Sucesso), Adriana Calcanhotto (Pista de Dança), entre outros. Salomão também é co-autor de Vapor Barato, de 1968, feita em parceria com Jards Macalé.

Seus versos continuaram se reinventando ao longo dos anos 1990 e 2000, e consolidaram seu papel de poeta múltiplo em livros como Algaravias, lançado em 1996. O primeiro livro de poemas, Me segura que eu vou dar um troço, foi lançado em 1971. Os poemas presentes no livro de estreia foram escritos durante a temporada na prisão. A diagramação ficou por conta de Hélio Oiticica, de quem Waly foi muito amigo, chegando a escrever a biografia Qual é o Parangolé.

Entre os seus trabalhos marcantes está a revista Navilouca, feita em parceria com o poeta piauiense Torquato Neto, morto em 1972. A revista só teve uma edição lançada, mas bastou para entrar para a história. Na época do lançamento da Navilouca, ele passou a assinar como Wally Sailormoon, mas o pseudônimo não vingou.

Poesia Total reúne pela primeira vez a obra poética completa de Waly Salomão, desde Me segura que eu vou dar um troço, de 1972, até Pescados vivos, de 2004. O volume traz ainda uma seção de canções inéditas em livro, além de apêndice com os mais relevantes textos sobre sua obra, assinados por nomes como Antonio Cícero, Francisco Alvim e Davi Arrigucci Jr. 

Em Gigolô de Bibelôs, seu segundo livro, o seguinte verso ecoa: “tenho fome de me tornar em tudo que não sou”. Tal desejo de abolir fronteiras e de confronto com os limites – entre o eu e o outro, entre a prosa e a lírica, entre a arte e a vida – é uma das principais marcas da obra de Waly Salomão. Poesia total é uma viagem sem volta: um “processo incessante de buscas poéticas”, como disse o próprio autor sobre seu trabalho poético-visual, os Babilaques.

A sua obra reúne livros como Gigolô de BibelôsSurrupiador de SouvenirsAlgaraviasLábia e Tarifa de Embarque, lançado em 2000.

Em março de 2003, Waly Salomão, ocupando o cargo de Secretário Nacional do Livro e da Leitura, veio a público com o presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Pedro Corrêa do Lago, para explicar-se sobre um suposto favorecimento do governo para pagar a tradução espanhola do livro Algaravias, de sua autoria.

O livro foi incluído no Programa de Apoio à Tradução de Obras de Autores Brasileiros, que concedeu nove bolsas de R$ 15 mil a editores espanhóis para publicar na Espanha autores brasileiros. Segundo Corrêa do Lago, a aprovação do livro de Salomão se deu na gestão de Eduardo Portela à frente da Biblioteca Nacional, quando Waly Salomão ainda não ocupava o cargo de secretário.

No cinema, em 2002, Waly viveu o poeta Gregório de Matos, em filme homônimo da diretora Ana Carolina. No elenco estavam também Rodolfo Bottino, Ruth Escobar, Marília Gabriela, Xuxa Lopes, entre outros.

Em entrevista á Istoé Gente, na ocasião do lançamento de Tarifa de Embarque, questionado sobre “quanto se paga para escrever um livro”, Waly Salomão respondeu, com o tom profético de sempre: “O corpo vira cinza para que o fogo habite as páginas do livro.”

Desde janeiro, integrava a equipe do ministro da Cultura, Gilberto Gil.

 

Waly Salomão morreu na Clínica São Vicente, Rio de Janeiro, em 5 de maio de 2003, de 59 anos. Waly, que estava internado desde o dia 23 de abril, morreu em decorrência de um tumor no intestino, com metástase para o fígado.

(Fonte: http://www.companhiadasletras.com.br – POESIA TOTAL – Waly Salomão)

(Fonte: https://www.terra.com.br/istoegente/197/aconteceu – Edição 197 – ACONTECEU – TRIBUTO / por Dirceu Alves Jr. – 12/05/2003)

(Fonte: http://www.terra.com.br/exclusivo/noticias/2003/05/05/010 – EXCLUSIVO – GENTE & TV – NOTÍCIAS – 5 de maio de 2003)

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