Umberto Agnelli, presidente da Fiat, marcou o fim de uma era no maior grupo industrial da Itália

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Umberto Agnelli

Umberto Agnelli

Umberto Agnelli (Lausanne , 1 de novembro de 1934 – Turim , 27 de de maio de 2004), presidente da Fiat, a companhia fundada em 1899 pelo avô dos irmãos Agnelli, Vittorio Valletatransformou a Fiat em uma potência global, marcou o fim de uma era no maior grupo industrial da Itália e levantando questões sobre o comprometimento da família fundadora com a 10a. maior fabricante de carros do mundo.

Umberto assumiu o grupo de 105 anos em 2003 depois da morte de seu irmão Gianni, mais conhecido e mais carismático, também por causa de um câncer, em janeiro de 2003, aos 81 anos.

A morte de Umberto marca uma mudança de geração no quadro de diretores do grupo empresarial, que é proprietário das marcas Fiat, Ferrari, Maserati e Alfa Romeo.

O império da família Agnelli inclui empresas de energia, meios de comunicação e artigos esportivos e opera em 61 países, da África do Sul ao extremo Oriente.

Vittorio Valleta fundou a fábrica, mas foi “Gianni” quem a tirou da “obscuridade mediterrânica” – e fez entrar os carros italianos no comércio mundial. Com os automóveis, ajudou a erguer a economia italiana, que se industrializava, sobretudo a partir da década de 60, quando chegou à empresa, sucedendo ao avô. Tinha 45 anos.Quando nasceu, em 1920, “Gianni” – a mãe era uma princesa Bourbon, o pai morreu jovem – parecia talhado para uma vida de diletantismo. Com os amigos Rainier do Mônaco e Aga Khan, vagueou pelo mundo e namoriscou estrelas de cinema como Rita Hayworth e Anita Ekberg. Na II Guerra Mundial, combateu na frente Leste pela Itália e pelo fascismo.

Saiu da guerra para um estilo de vida “playboy”, mais por imposição do que por opção – o avô geria a indústria automóvel com mão de ferro, recusando interferências. Conheceu Francis Bacon, Balthus, Andy Warhol, colecionou arte.Quando Vittorio morreu, o inexperiente neto – nunca trabalhara – sucede-lhe e mostra aptidões inatas para os negócios. Deitou os princípios empresariais do avô para o caixote do lixo (desenhos tradicionais, produção destinada ao mercado interno), uniu-se a gente que gostava de experimentar, sobretudo na área do “design”, e construiu carros de êxito – primeiro o Fiat 500, depois o 600, finalmente o 126.Nas décadas de 70 e 80, a Fiat esteve no auge da indústria automóvel. 

Inovador, “Gianni” usou o sucesso da empresa, e o capital que gerava, para criar uma rede de “holdings”. Investiu em jornais, em bancos, em seguradoras, nas indústrias alimentar e têxtil, em aviões, aço, químicos, cimento, navios, bebidas alcoólicas, armazéns.Hoje, a teia dos negócios Agnelli ocupa 150 membros da família e, entre os investimentos, há o Club Med, a Juventus – que só depois de “Gianni” o comprar se tornou um clube de dimensão internacional, com adeptos no mundo inteiro -, os vinhos Chateau Margaux, os jornais “Corriere della Sera”, “La Stampa” e o espanhol “El Mundo”, bem como uma companhia de telefones em Hong Kong. A Fiat Auto detém a Alfa Romeo, a Lancia e é a acionista minoritária da Ferrari, sendo os Agnelli donos da equipa de Fórmula Um – foi “Gianni” quem fez regressar a equipa aos primeiros lugares e aos títulos, convencendo o alemão Michael Schumacher a entrar na escuderia.

O grupo econômico Agnelli tornou-se o maior empregador de Itália. “Devo tudo à Fiat. Permitiu-me ter uma família, comprar casa e educar três filhos. Mas, acima de tudo, deu-me segurança”, disse à televisão italiana um operário de Turim, Mauro, de 48 anos. A Fiat é olhada como uma instituição italiana – as perdas rondam os três mil milhões de euros, foi preciso despedir oito mil pessoas, mas será curioso ver a reação, sobretudo em Turim, caso seja vendida.A morte de Giovanni Agnelli deverá significar o fim de uma era nos negócios familiares. O senhor da Fiat era já um homem raro em Itália. Era um dos últimos representantes do “capitalismo bizantino”, como chama a imprensa italiana à elite de banqueiros, industriais e políticos que já vão deixando de dominar a vida econômica italiana.

A Fiat luta para se recuperar de sua pior crise e seus bancos têm a opção de converter uma dívida de 3 bilhões de euros (3,65 bilhões de dólares) em ações a partir de 2005, o que poderia transformá-los nos maiores acionistas da empresa, substituindo a holding da família Agnelli, chamada Ifil.

Antigamente, achava-se que Umberto concordava com a ideia de vender a fabricante de automóveis. Mas ele mudou de postura após assumir o comando do grupo e atrelar o futuro dele ao mercado de carros e de tratores.

FIM DE UMA ERA

“Esse é o fim de uma era, mas não acho que isso terá qualquer impacto sobre a Fiat”, disse à Reuters o vice-ministro das Finanças do país, Mario Baldassarri.

“Ainda assim, com a morte de Gianni, e agora a de Umberto, pela primeira vez em um século, não haverá mais um ponto de referência.”

O ministro italiano da Indústria, Antonio Marzano, afirmou que o governo “continua ao lado da Fiat enquanto ela implementar um plano de recuperação que está dando resultados positivos”.

O grupo Fiat diminuiu em mais de 50 por cento seus prejuízos operacionais no primeiro trimestre do ano, para 158 milhões de euros, com a recuperação da venda de automóveis e o corte nos gastos.

Mas, segundo analistas, ainda era cedo para dizer se o grupo havia se livrado da crise.

Para os torcedores de futebol, Umberto era mais conhecido por ser o presidente de honra da Juventus, equipe que conquistou mais campeonatos italianos que qualquer outra.

O enterro deve acontecer no sábado à tarde, depois de a família, colegas e amigos terem prestado suas últimas homenagens na sede da Fiat, em Turim, onde o corpo será velado.

NOVA GERAÇÃO

A morte de Umberto é o mais recente golpe contra uma das famílias mais glamourosas da Itália, cujo fama no país compara-se com a dos Kennedy nos EUA.

“O destino da família Agnelli é trágico”, afirmou o vice-presidente executivo da Renault, Georges Douin. “Ele lembra o dos Kennedy.”

O filho de Umberto Agnelli, Giovannino, que estava sendo preparado para assumir o comando dos negócios da família, morreu em 1997, aos 33 anos, devido a um câncer. Em 2000, o filho de Gianni Agnelli, Edoardo, matou-se pulando de um viaduto.

O pai de Umberto, também chamado Edoardo, morreu em um acidente de avião em 1935. A mãe dele perdeu a vida três anos depois, em um acidente de carro.

Depois da morte de Gianni, em 2003, Umberto assumiu o comando da Fiat ao lado do presidente-executivo Giuseppe Morchio, ex-autoridade da Pirelli que comandava o processo de reestruturação da Fiat.

“Umberto Agnelli me chamou em um momento muito difícil para a Fiat”, afirmou Morchio em um comunicado na sexta-feira.

Com a morte de Umberto, o centro do comando da empresa passa para uma geração muito mais jovem e ainda pouco experiente no comando da empresa. Não se sabe quem será o sucessor dele.

Umberto Agnelli morreu em 27 de de maio de 2004, de câncer, aos 69 anos, na propriedade La Mandria, na região de Turim, menos de três semanas depois de sua empresa ter anunciado que ele tinha um linfoma, ou câncer nos nódulos linfáticos.

(Fonte: http://www.publico.pt/sociedade/jornal –  – 25/01/2003)

(Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/reuters/2004/05/28/ult729u36920 – TURIM, Itália (Reuters) – INTERNACIONAL/ Por Gianni Montani – 28/05/2004)

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