Tsutomu Yamaguchi, única pessoa oficialmente reconhecida como sobrevivente de duas bombas atômicas.

Tsutomu Yamaguchi, única pessoa oficialmente reconhecida como sobrevivente de duas bombas atômicas.

Sobrevivente de Hiroshima e Nagasaki morre aos 93

Tóquio – Única pessoa oficialmente reconhecida como sobrevivente de duas bombas atômicas, Tsutomu Yamaguchi, de 93 anos, morreu na segunda-feira, (04/01/10) no Japão, em decorrência de câncer no estômago. Engenheiro por profissão, Yamaguchi estava em Hiroshima, em viagem de negócios, em 6 de agosto de 1945, quando um B-29 dos EUA lançou uma bomba atômica sobre a cidade. Yamaguchi caminhava a dois quilômetros do chamado ponto zero, a mortal zona terrestre localizada na linha vertical da explosão.

O japonês sofreu queimaduras graves na parte superior do corpo. No dia seguinte decidiu retornar para sua cidade de origem, Nagasaki. Três dias depois, a cidade sofreu o segundo ataque nuclear da história. Yamaguchi contava aos colegas de escritório o horror da explosão quando ocorreu a segunda detonação. “Acreditei que o cogumelo atômico havia me seguido até aqui”, recordou anos mais tarde. O prefeito de Nagasaki, Tomihisa Taue, disse a cidade e o país perderam “um excelente contador de histórias”.

Yamaguchi era a única pessoa que o governo do Japão reconheceu oficialmente como presente nas duas cidades quando ocorreram os ataques, apesar de outros casos similares. Em seus últimos anos, o japonês relatou suas experiências como sobrevivente das duas bombas e demonstrava esperança que esse tipo de armas fosse proibido. Falou às Nações Unidas em 2006, escreveu livros e canções, além de aparecer em um documentário sobre sobreviventes dos dois ataques.

Na semana passada, Yamaguchi foi visitado no hospital pelo cineasta James Cameron, diretor de “Titanic” e “Avatar”, que avalia a possibilidade de fazer um filme sobre os ataques nucleares. O Japão é o único país que sofreu ataques com bombas atômicas. Aproximadamente 140 mil pessoas morreram em Hiroshima, e 70 mil em Nagasaki.

(Fonte: ANO 115 – Nº 99 – PORTO ALEGRE, QUINTA-FEIRA, 7 DE JANEIRO DE 2010 – INTERNACIONAL – Pág; 11)