Togo Renan Soares, mais conhecido como Kanela, um dos mais brilhantes homens do esporte brasileiro.

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Uma das primeiras iniciativas de marketing pessoal no esporte brasileiro

Tiozinho campeão

Togo Renan Soares (João Pessoa, 21 de maio de 1906 — Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 1992), mais conhecido como Kanela, um dos mais brilhantes homens do esporte brasileiro.

Este senhor foi um dos maiores nomes do esporte brasileiro em todos os tempos.

Por mais que nos esforcemos para evitar chavões amarrotados, o Brasil é mesmo um país sem memória. E, se por um lado há muita coisa em nosso passado que talvez não mereça mesmo ser lembrada, há, por outro, uma infinidade de fatos e pessoas geniais que as camadas de tempo e nossa precária capacidade de documentação e de difusão da cultura nacional vão cuidando de esconder das gerações mais novas.

O homenzinho que carregava o incomum nome de Togo Renan Soares, é uma dessas personagens cuja história devíamos estudar nas escolas.

O imponente nome de batismo, dado em homenagem a um almirante japonês (Togo) e a um filósofo francês (Renan), não conseguiu impedir que, ainda garoto, ganhasse dos amigos o apelido de “Canela”, em função das canelas finas que ostentava.

Absolutamente apaixonado por esportes, o paraibano Kanela (ele mesmo resolveu adotar a inicial K no apelido, naquela que sem querer talvez tenha sido uma das primeiras iniciativas de marketing pessoal no esporte brasileiro) não era exatamente brilhante na prática de nenhum deles. Sim, ele chegou a jogar futebol, mas sua astúcia, seu espírito guerreiro e persistência, levaram-no rapidamente a deixar o front e partir para atuar no campo estratégico.

Kanela começou como técnico das equipes de base de futebol do Botafogo. Em 1929, chegou a dirigir a equipe principal do clube, além de ter sido também um bom treinador de polo-aquático do mesmo alvinegro carioca. Em 1944, mudou de clube, assumindo o time de futebol da Gávea.

É atribuída a ele por exemplo, a revelação do zagueiro Domingos da Guia, outro gênio pouco lembrado. Mas foi dois anos depois aquela que talvez tenha sido a grande virada em sua biografia. Kanela passou a responder pela equipe de basquete do clube vermelho e preto carioca. Dali em diante, se descortinou uma das mais brilhantes carreiras de um brasileiro no mundo do bola ao cesto, como era chamado à época.

Com seu estilo paternal, acompanhando não só os treinos, mas as vidas pessoais, as famílias, a alimentação e até os problemas de transporte de seus jogadores, Kanela conseguiu montar conjuntos literalmente imbatíveis que conquistaram resultados impensáveis para o esporte brasileiro de meados do século passado.

Para enumerar apenas alguns feitos do pequeno gigante paraibano: 12 vezes campeão carioca pelo Flamengo, duas vezes campeão mundial à frente da seleção brasileira (1959 e 1963), outras duas vezes vice-campeão mundial (1954 e 1970), uma prata e dois bronzes no Pan e nada menos do que bronze olímpico para o Brasil nos jogos de Roma em 1960.

Mencionar todos os seus títulos e principalmente todas as suas façanhas ao lado de diferentes gerações de atletas excepcionais do naipe de Wlamir, Amaury, Rosa Branca e Algodão, entre tantos outros, não deixaria páginas para mais nada nesta revista.

Justiça seja feita. Felizmente, há pelo menos dois livros publicados sobre a vida de Soares (“A Era Kanela”, de Maria Célia Kanela e Pedro Zamora, e “Kanela, um Eterno Campeão! Lições e Recordações de um Grande Desportista”, editado por Eduardo Monteiro), que nasceu em 1906 e faleceu em dezembro de 1992. Mas talvez um dos maiores responsáveis pela perpetuação e celebração da memória de um dos mais brilhantes homens do esporte brasileiro seja um outro Soares, que menciona e homenageia com frequência as realizações e a genialidade do eficiente e severo técnico para milhões de pessoas na televisão: seu sobrinho Jô Soares.

(Fonte: http://www.istoe.com.br/Paulo Lima é fundador da editora e da revista Trip)

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