Siegfried Lenz, um dos escritores alemães de maior destaque no pós-guerra

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Siegfried Lenz, cronista do pós-Guerra

Siegfried Lenz, cronista do pós-Guerra

 

Autor foi destaque no pós-guerra ao retratar a culpa pelo nazismo e a formação de uma nova identidade nacional

Siegfried Lenz, cronista do pós-Guerra

Siegfried Lenz (Elk, Polônia, 17 de março de 1926 – Hamburgo, 7 de outubro de 2014), um dos escritores alemães de maior destaque no pós-guerra. “A lição de alemão”, publicado em 1968, é a obra mais conhecida de Lenz e aborda um tema que lhe era caro: o debate sobre os crimes nazistas e a culpa da sociedade alemã.

“Descobri cedo que, se você quiser viver de escrever, é preciso ter tenacidade”, declarou o escritor Siegfried Lenz, numa entrevista. Genialidade era, para ele, uma qualidade sobrestimada. Ele era também um representante convicto do estilo convencional de narrativa cronológica. 

Os romances de Lenz foram reconhecidos por explorar a culpa de indivíduos pelos horrores do nazismo e as agruras na formação de uma nova identidade nacional.

Lenz, cujos trabalhos foram traduzidos para mais de 30 línguas, tem como obra mais conhecida “Deutschstunde” (“A lição de alemão”, em tradução livre). No livro, um menino assiste a seu pai policial seguir cegamente ordens para impedir seu vizinho artista, classificado como “degenerado” pelos nazistas, de pintar uma remota região na fronteira entre Alemanha e Dinamarca.

Nascido em 17 de março de 1926 em Lyck, na então Prússia Oriental, na época território alemão, numa cidade conhecida hoje como Elk, no leste da Polônia, mas que então fazia parte da Alemanha, Lenz serviu na Marinha alemã aos 18 anos durante o último ano da Segunda Guerra Mundial, e passou um tempo como prisioneiro de guerra antes de se estabelecer em Hamburgo.

Na Segunda Guerra Mundial, ele caiu em cativeiro britânico e trabalhou como intérprete. Depois da guerra, Lenz começou seus estudos em Hamburgo, mas os interrompeu para se tornar redator do jornal Die Welt. Nessa época, casou-se com Liselotte, uma pintora e ilustradora que morreu em 2006. Em 1951, Lenz passou a viver do seu trabalho como escritor.

Ele integrou o Gruppe 47, um grupo de escritores do pós-guerra, incluindo Heinrich Boell, Guenther Grass e Inderborg Bachmann, que sentiram-se no dever de abordar em seus trabalhos o legado do fascismo alemão, combatendo o ímpeto da sociedade pelo esquecimento do tema.

 

Elevados princípios morais

 

A seu grande tema foi o debate dos crimes nazistas. Lenz foi um escritor de elevados princípios morais. Ele considerava a literatura a memória coletiva das pessoas, e via a si mesmo como o seu cronista. O romance A lição de alemão, publicado em 1968, tornou-se um sucesso mundial. A obra conta a história de um policial que, durante o regime nazista, por um pervertido senso de dever, vigia um amigo pintor que foi proibido de pintar. Lenz questiona a desculpa, então ainda muito frequente, de que as pessoas estavam apenas cumprindo ordens na época nazista.

 

No romance Heimatmuseum (Museu da pátria, em tradução livre), de 1978, ele descreveu, por meio da narrativa em primeira pessoa do protagonista, o tecelão de tapetes Zygmunt Rogalla, o cotidiano da região da Masúria, no leste prussiano, hoje pertencente à Polônia. Lenz via na reconciliação da Alemanha, especialmente com a Polônia e com Israel, sua missão de vida.

Seus romances e contos várias vezes lideraram as listas dos mais vendidos, mas a crítica literária nem sempre se mostrou convencida: em 2006, um crítico do jornal Frankfurter Rundschau constatou que “o sucesso de público de Lenz sempre se manteve numa estranha desproporção à insatisfação da crítica”.

Fundador do Grupo 47

Lenz é considerado, ao lado de Heinrich Böll (1917-1985) e Günter Grass, um dos mais importantes representantes da literatura alemã do pós-Guerra. Ele é um dos fundadores do Grupo 47, um encontro literário que serviu de plataforma para a renovação da literatura alemã no pós-Guerra.

Nas décadas de 60 e 70, Lenz se engajou nas campanhas eleitorais do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) e, em 1970, acompanhou o chanceler federal Willy Brandt à Polônia, para a assinatura do Tratado de Varsóvia. Com o acordo, a República Federal da Alemanha renunciava, em definitivo, aos territórios da Prússia Oriental, que desde o fim da Segunda Guerra pertencem a Polônia.

 

Obra de uma vida

Em julho de 2007, o Arquivo Nacional Alemão confirmou a informação, divulgada por um jornal alemão, de que Lenz e outros escritores famosos, como Martin Walser, haviam sido membros do partido de Hitler na juventude. Lenz argumentou que, sem o seu consentimento, seu nome provavelmente foi incluído num processo coletivo de adesão. O jornal Die Welt comentou que “uma eventual adesão de Lenz e outros ao partido nazista não coloca em xeque, em hipótese alguma, tudo o que eles fizeram e alcançaram”.

Mesmo em idade avançada, Lenz lançava quase todos os anos um novo livro. Por último, publicou Amerikanisches Tagebuch 1962(Diário americano de 1962, em tradução literal), em 2012. Um ano antes, saía o romance A máscara. A obra completa, multipremiada, inclui mais de 45 romances, novelas e contos, que foram traduzidos em pelo menos 35 idiomas. A tiragem mundial gira em torno de 30 milhões de cópias vendidas.

“Eu, de minha parte, nunca me preocupei em justificar a minha vida. Eu olho para os meus livros e penso que minha editora acabou de lançar uma edição de 20 volumes. Deixo para outros opinar se isso basta para a minha vida”, disse Lenz em entrevista ao Die Welt, em 2011.

Siegfried Lenz morreu em 7 de outubro de 2014, aos 88 anos, num asilo para idosos em Hamburgo.

“Parte da Alemanha morreu com Siegfried Lenz”, disse o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, em comunicado.

“Como nenhum outro, Siegfried Lenz observou a sociedade alemã e a moldou com seus trabalhos. O amor dele por esse país, sua ligação tanto com suas cidades de coração – uma na Polônia, a outra no norte da Alemanha– são alicerces literários para nossos próprios sentidos de identidade”, disse.


(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/livros-14172172 – BERLIM – CULTURA – LIVROS – POR REUTERS – 07/10/2014)

(Fonte: http://www.dw.de-17981061-1387- NOTÍCIAS – CULTURA E ESTILO – ALEMANHA – 07/10/2014)

(Fonte: http://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/internacional/2014/10/07 – NOTÍCIAS – 07/10/2014)

 

 

 

 

 

 

 

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