Samuel Wainer, criador de alguns dos mais importantes órgãos da imprensa brasileira

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Samuel Wainer (Bessarábia, 19 de dezembro de 1910 – São Paulo, 2 de setembro de 1980), jornalista nascido na Bessarábia que veio para o Brasil com 2 anos.

A crônica do jornalismo brasileiro moderno é a crônica da vida de Samuel Wainer. Criador de alguns dos mais importantes órgãos da imprensa brasileira, ele foi o único jornalista sul-americano presente no julgamento dos generais de Hitler, em Nuremberg, Alemanha, em 1945, e tornou-se uma lenda viva na história e nos rumos da imprensa nacional.
(Fonte: www.observatoriodaimprensa.com.br – O DIA / IG – 4/07/03)
(Fonte: Veja, 29 de janeiro, 2003 – Edição 1 810 – ANO 36 – N° 27 – DATAS – Pág; 79)

Entre o sonho e o poder

Ele construiu uma trajetória profissional inusitada. Um dos mais talentosos repórteres da história, tornou-se dono do próprio jornal com o incentivo de Getúlio Vargas. Revolucionou a imprensa com uma publicação leve, dinâmica e que pagava os melhores salários do País. Ao mesmo tempo, defendia abertamente o getulismo e envolvia-se com o poder além dos limites da ética. Tudo para manter seu sonho vivo.
Fevereiro de 1949. Um repórter dos Diários Associados voltava de avião, um Cessna bimotor, de uma reportagem sobre a cultura do trigo no Rio Grande do Sul. Em determinado momento, o piloto avisou ao jornalista que sobrevoavam a fazenda de Getúlio Vargas, ex-presidente que vivia um exílio voluntário desde que deixara o poder. “Então pousemos o avião”, disse, confiante. O piloto rechaçou a ideia, lembrando que Vargas não falava com a imprensa havia anos. “Se ele me receber, farei uma bela reportagem. Caso contrário, farei uma reportagem dizendo que ele não recebe ninguém”, retrucou o jornalista.

Diante do argumento, pousaram o avião, com a desculpa de que a aeronave tinha passado por uma pane. Samuel Wainer perguntou a um funcionário da fazenda se, para aproveitar a ocasião, poderia entrevistar o ilustre morador. Para o espanto de todos, Vargas consentiu. Na entrevista histórica, anunciou: “Voltarei como líder das massas”. O País estremeceu naquele Carnaval de 1949.

ÚLTIMA HORA, UMA PAIXÃO

1950. Wainer é escalado para cobrir a campanha do candidato Getúlio Vargas. Nascia então uma relação de amizade e de mútuo interesse com o ex-futuro-presidente. Depois de sua eleição, uma das grandes reclamações de Getúlio era a perseguição da imprensa. Em certo momento, fez uma sugestão estratégica ao repórter: “Faça seu próprio jornal”. Como Wainer estava infeliz no Diários Associados, aceitou a proposta. Buscou patrocínios e, poucos meses depois, nascia o Última Hora. O jornal revolucionou a imprensa brasileira, antes dominada por publicações carrancudas.

No periódico dirigido de forma apaixonada por Wainer, duas características predominavam: texto moderno e ágil e bons salários aos profissionais. Com ótimos redatores, repórteres e editores na linha de frente, as vendas dispararam. Os colunistas também eram o que havia de melhor, como Nelson Rodrigues e Paulo Francis. Em menos de um ano, tornou-se o mais vendido do País. A influência do agora empresário da comunicação sobre o poder também se tornava cada dia mais intensa. Recebia empréstimos de poderosos para fortalecer o jornal, e os retribuía com favores editoriais. “Vendi minha alma ao diabo, corrompi-me até a medula”, disse, com impressionante sinceridade, em seu livro de memórias.

A MORTE DE VARGAS

O crescimento vertiginoso do Última Hora e as relações obscuras com o poder tornaram Wainer uma figura perseguida por outros órgãos de imprensa. Um dos desafetos mais constantes era o jornalista Carlos Lacerda, da Tribuna da Imprensa. Travaram batalhas nas páginas dos jornais e até numa CPI, que o acusou – com razão – de receber empréstimos suspeitos para abrir o jornal e de não ser brasileiro, e sim nascido na Bessarábia, atual República da Moldova (é vetado a estrangeiros ser dono de veículos de comunicação).

As conclusões da CPI foram desfavoráveis a Wainer, mas a situação não evoluiu. Com a morte de Vargas, a população voltou-se contra o jornalismo que criticava o presidente. Já o Última Hora vendia sem parar. A edição após o suicídio no Catete foi disputada a tapa – literalmente, em alguns casos. Oitocentas mil cópias do jornal estamparam a manchete: O presidente cumpriu a palavra: “Só morto sairei do Catete!”.

DE DONO A EMPREGADO

Depois da morte de seu defensor, Wainer manteve a publicação com alguma estabilidade até o golpe militar de 1964. Então exilou-se em Paris com a mulher, Danuza Leão, com quem teve três filhos. De volta ao País, manteve uma relação ora boa, ora tensa com os militares. Havia interferências editoriais constantes. Uma das mais inusitadas ocorreu após um concurso de textos para rebater a música antimilitarista Pra não Dizer que não Falei das Flores, de Geraldo Vandré.

Um coronel exigiu que o texto vencedor, de um tal aspirante Bastos, fosse publicado na primeira página do Última Hora. Começava assim: Tu, Vandré, que andas pela noite no chopinho do Castelinho, que sabes da nossa pátria?. Em 1971, cheio de dívidas, Wainer vendeu o Última Hora para um grupo de investidores.

No ano seguinte fundou a revista Domingo Ilustrado. Entre 1973 e 1975, surpreendentemente, tornou-se empregado do jornal que fundara 22 anos antes, agora sob o controle do Grupo Folha: era o novo redator-chefe do Última Hora. Mas o que lhe orgulhava mesmo no fim da carreira era sua coluna política na Folha de S.Paulo, que manteve de 1977 até a morte, aos 68 anos, em 2 de setembro de 1980.
(Fonte: www.almanaquebrasil.com.br – Samuel Wainer / Por Bruno Hoffmann)

Em 12 de junho de 1951 – O jornal Última Hora, do jornalista Samuel Wainer, foi fundado no Rio de Janeiro.
(Fonte: http://www.guiadoscuriosos.com.br/fatos_dia – 12 de junho)

Morre no dia 2 de setembro de 1980, o jornalista Samuel Wainer, fundador do jornal brasileiro “Última Hora”.
(Fonte: Correio do Povo – Ano 113 – Nº 338 – Cronologia – DIRCEU CHIRIVINO – Geral – 2 de setembro de 2008 – Pág; 23)

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