Roald Dahl, exímio contista, que foi incluído entre os bons nomes da literatura inglesa contemporânea

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Dahl: literatura fantástica e violenta

Roald Dahl (País de Gales, 13 de setembro de 1916 – Great Missenden, Buckinghamshire, 23 de novembro de 1990), exímio contista, que combinava o fantástico com a violência, o escritor foi incluído entre os bons nomes da literatura inglesa contemporânea.

Roald Dahl, foi um ex-combatente da II Guerra Mundial, iniciou sua carreira nos anos 40, através da literatura infantil. Aos poucos, passou a publicar também contos para adultos, ao mesmo tempo em que escrevia para teatro e cinema. Mais tarde foi reconhecido na Inglaterra por seu estilo peculiar. Seus contos foram transformados em especiais de televisão, o que lhe granjeou ainda maior popularidade em seu país. Embora seus livros não representaram marcos na literatura inglesa, Dahl foi daqueles autores capazes de surpreender pelo inusitado de suas imagens e pelo domínio que possuía na linguagem.

Na coletânea de contos Beijo com Beijo, publicada pela primeira vez na Inglaterra e nos Estados Unidos em 1960, suas criaturas se movem num universo em que a primazia é do inconsciente, alimentado paradoxalmente por um rigoroso detalhamento da realidade, sempre chocante. Em Beijo com Beijo, esta combinação se realiza graçasà recorrência obssessiva a um elemento: a boca. É em torno dela que surgem os mais deliciosos momentos do livro. Para os personagens, ela acaba por se constituir numa espécie de armadilha. Os personagens de Roald Dahl, frequentemente, morrem pela boca.

 

JUGULAR – Na narrativa de Dahl, o fantástico violento muitas vezes se associa a uma cínica frieza. É o caso do conto de abertura da coletânea. Um médico convence seu amigo, condenado à morte pelo câncer, a se prestar a uma experiência de ficção científica – nada menos do que manter vivo e consciente o cérebro fora de seu corpo. Quando descreve como procederia para arrancar o cérebro da caixa craniana, o médico é frio como os seus próprios instrumentos: “Trabalhando rápido, eu cortaria as veias jugulares esquerda e direita, ligando-as à máquina-coração. Pegaria uma pequena serra oscilante e removeria toda a sua calva – toda a abóboda do seu crânio”. O último conto do livro termina quando o assassino abre “habilmente” a veia jugular de sua vítima com um facão.

 

(Fonte: Veja, 1° de fevereiro de 1989 – Edição 1065 – LIVROS – Pág: 87)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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