Implantou o primeiro coração artificial na América Latina e, fez a primeira cirurgia com uso da técnica robótica na América Latina

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Ivo Nesralla, cardiologista que fez o primeiro transplante de coração do RS

 

Ex-presidente da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, médico realizou a primeira cirurgia de ponte de safena no RS e uma das primeiras do Brasil.

 

 

Ivo Abrahão Nesralla, cirurgião cardiologista, professor e ex-presidente da Fundação Universitária de Cardiologia – Instituto de Cardiologia, foi pioneiro em transplantes cardíacos no Rio Grande do Sul e referência em cirurgia cardiovascular em toda a América Latina.

 

Médico formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), em 1962, durante o curso integrou a primeira equipe de cirurgia torácica e cardiovascular. Formado, foi o primeiro médico residente do Serviço de Cirurgia Torácica e Cardiovascular da universidade.

 

Também fez residência no Instituto Dante Pazzaneze de Cardiologia, em São Paulo, sendo aluno de Adib Jatene, e em várias universidades norte-americanas. Voltando a Porto Alegre, em 1966 participou da criação da Fundação Universitária de Cardiologia, assumiu a chefia do Serviço de Cirurgia Cardiovascular do Departamento de Cirurgia da Ufrgs, idealizou e organizou o Serviço de Cirurgia Cardiovascular do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, onde foi sócio-fundador e diretor-presidente, e organizou o primeiro Serviço de Cirurgia Cardíaca do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

 

Em 1970 fez a primeira operação de ponte de safena no Rio Grande do Sul e uma das primeiras do país. Em 1973 empregou pela primeira vez no Brasil a técnica da hipotermia profunda para cirurgias cardíacas e, em 1984, realizou o primeiro transplante cardíaco no Estado. Em 1999 implantou o primeiro coração artificial na América Latina e, em 2000, fez a primeira cirurgia com uso da técnica robótica na América Latina. Realizou mais de 45 mil cirurgias do coração e dos grandes vasos, e mais de 200 transplantes cardíacos.

Foi presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (1985-1987), da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (1989-1990) e da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina (1997). Também foi diretor do Jornal Brasileiro de Transplantes (1989-1990), membro da Academia Nacional de Medicina e do Conselho Editorial, professor titular de Cirurgia do Departamento de Cirurgia Cardiovascular da Ufrgs. Igualmente desempenhou, por muitos anos, intensa atividade cultural, sendo sócio benemérito da Associação dos Amigos do Museu de Arte do Rio Grande do Sul. Também presidiu a 2ª e 3ª edições da Bienal de Artes Visuais do Mercosul e a Fundação Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (1983-1991 e 2003-2018).

 

Nesralla foi autoridade em áreas que lidam com o coração de formas diferentes. Além de ter sido fundador, cirurgião e presidente do Instituto de Cardiologia – Fundação Universitária de Cardiologia (IC-FUC), também presidiu a Bienal de Artes Visuais do Mercosul por quatro anos e a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) durante 23 anos.

Referência no país inteiro, Ivo foi o precursor de diversas técnicas de cirurgias cardíacas. Em 1984, realizou o primeiro transplante de coração do RS. E em 1999, implantou o primeiro coração artificial da América Latina.

Antes disso, havia feito a primeira cirurgia de ponte de safena do RS, e uma das primeiras nacionalmente. Foi também o responsável pela primeira cirurgia robótica da América Latina.

Nersalla foi presidente da Fundação Universitária de Cardiologia. Além da medicina, também se dedicou às artes, e foi presidente da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA) e de duas edições da Bienal do Mercosul.

Foi Nesralla quem retomou esse tipo de cirurgia no Brasil — houve uma pausa no procedimento em razão de problemas da rejeição do órgão. Fez o primeiro transplante de coração no Rio Grande do Sul, em 1984, o quarto do Brasil. O cirurgião cardiovascular Paulo Prates, 80 anos, estava com ele.

— Ele foi um pioneiro em tudo, e em uma época muito difícil. O que mais me impressionava era o espírito corajoso: a verdadeira coragem de quem tem medos e enfrenta eles — destaca.

Formado em 1962 pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Nesralla fez, oito anos depois, a primeira operação de ponte de safena no Estado. Foi também uma das primeiras no Brasil.

Em 1973, empregou pela primeira vez no país a técnica da hipotermia profunda para cirurgias cardíacas, e implantou o primeiro coração artificial na América Latina em 1999. No ano seguinte, realizou a primeira cirurgia robótica cardíaca da América Latina.

Chamado de “professor” até por colegas, ele foi docente titular de cirurgia cardíaca da UFRGS. Foi também membro titular das academias Sul-Riograndense e Nacional de Medicina. Nesralla recebeu a Comenda da Ordem do Mérito Cultural das mãos do então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, em 2001, e, em 2015, a Medalha do Mérito Farroupilha, distinção máxima da Assembleia Legislativa gaúcha.

A Direção da Fundação Universitária de Cardiologia – Instituto de Cardiologia divulgou nota destacando que “seu espírito pioneiro reacendeu a cirurgia de transplante de coração em nosso país e sua liderança foi fundamental para cumprirmos a nossa missão de assistência, ensino e pesquisa”.

Ivo Nesralla recebendo, em 2015, a Medalha do Mérito Farroupilha das mãos de Gilmar Sossella. (Crédito: Vinicius Reis / Divulgação)

 

Presidente da Ospa por 23 anos

Nersralla presidiu a Fundação OSPA em dois períodos, de 1983 a 1991 e de 2003 a 2018.  O maestro Evandro Matté teve sua entrada na orquestra, como trompetista, assinada por Nersalla há 30 anos. Ele conta que o porto-alegrense foi uma das principais vozes contra um projeto de extinção da Fundação Ospa e que lutou como pode pela construção da sede da orquestra.

— Ele deixa como mensagem a importância da cultura para nossa sociedade. Quando ele visitava outros Estados, repetia aquela frase do Erico Verissimo para se apresentar: “eu venho de uma cidade que tem uma orquestra sinfônica” — acrescenta.

O atual presidente da Fundação OSPA, Luis Roberto Andrade Ponte, afirma que seu antecessor “foi um apaixonado pela OSPA e pela música de concerto” e que “durante os 23 anos em que esteve à frente da Fundação, dedicou-se intensamente para consolidar a orquestra como uma das mais importantes do nosso país”.

A secretária da Cultura, Beatriz Araujo, também se pronunciou sobre a morte do ex-presidente:

— A figura do Dr. Ivo Nesralla, por muitos anos, esteve associada à OSPA. Foi um período em que a Orquestra experimentou avanços e se tornou ainda mais conhecida nas salas de concerto do Brasil.

Em 1991 recebeu o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre. Já em 1998 o Instituto de Cardiologia foi homenageado no Grande Expediente da Assembleia Legislativa e Nesralla foi repetidamente elogiado por parlamentares e médicos presentes na cerimônia. Em 2001 recebeu a Medalha Cidade de Porto Alegre e a Ordem do Mérito Cultural do Brasil.

Em 2015 foi agraciado com a Medalha do Mérito Farroupilha, a maior distinção conferida pela Assembleia Legislativa, e em 2016 foi destacado com o Prêmio Academia da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina como “o melhor médico do Rio Grande do Sul no ano, lembrando sua trajetória de homem generoso, dedicado não só à Medicina, mas também à OSPA e a outras obras de importância social”.

Nersalla faleceu em 16 de dezembro de 2020, em sua casa, em Porto Alegre. O médico tinha 82 anos.

 

(Fonte: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2020/12/16 – RIO GRANDE DO SUL / NOTÍCIA / Por G1 RS – 16/12/2020)

(Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2020/12 – GERAL / por JÉSSICA REBECA WEBER – 16/12/2020)

(Fonte: https://www.correiodopovo.com.br/geral – ANO 126 – Nº 78 – GERAL / por Luciamem Winck – 16/12/2020)

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