R.L. Burnside, foi um dos últimos ícones e lenda do blues do Mississipi

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R.L. Burnside (Mississipi, 23 de novembro de 1926 – Memphis, Tennessee, 1º de setembro de 2005), lenda do blues do Mississipi, um dos últimos ícones do blues puro e duro do norte do estado do Mississipi

Burnside era a imagem de marca da editora de blues Fat Possum, especializada em descobrir e gravar velhas lendas locais, muitas dos quais passaram anos na obscuridade a tocar em velhas juke joints (bares de blues) da zona. O seu blues era rude, ritmado e sincopado, apoiado na guitarra eléctrica slide e num cantar sofrido e magoado, fruto das difíceis condições de vida na zona.

O homem que começou por apanhar algodão, aprendeu a tocar com o vizinho e lendário Fred McDowell, só gravou aos 40 anos e só se tornou músico profissional em 1991, quando assinou pela Fat Possum. Os seus primeiros trabalhos, como Bad Luck City (1992), gravado ao vivo no Syd”s, em Oxford, são a expressão pura do som despojado do delta, com o filho Joseph no baixo e o genro Calvin Jackson na bateria.

R. L. Burnside em Redcar, Inglaterra, 1992. (Photo de Phil Wight)

R. L. Burnside em Redcar, Inglaterra, 1992. (Photo de Phil Wight)

O disco Too Bad Jim (1994) serve a mesma ementa de juke joint blues do anterior. A partir de 1996, Burnside começa a colaborar com músicos mais jovens e a mexer no seu som tradicional. Isso acontece em A Ass Pocket Of Whiskey (1996), gravado a meias com a banda Jon Spencer Blues Explosion. 

Em Come On In (1998), o veterano irrita definitivamente os puristas dos blues juntando samples e loops ao seu som tradicional. Nos últimos anos, Burnside colaborava com outra banda jovem bastante inspirada nos seus blues e na qual passou a participar, em 2003, o seu filho Duwayne: os North Mississipi All Stars. 

“Estou muito contente que os jovens tenham descoberto os blues”, disse o músico ao jornal Los Angeles Times em 2001, “os miúdos que gostam de rap e de rock estão agora a procurar tocar os blues porque perceberam que os blues é que começaram tudo…”.

Com a morte de R. L. Burnside, são cada vez menos os artistas da sua geração que continuam a praticar o som rude do blues do norte do Mississipi. A maioria dos sobreviventes, como T. Model Ford, Paul Wine Jones ou Robert Belfour, têm discos gravados na Fat Possum. 

R.L. Burnside de 78 anos, morreu em 1º de setembro de 2005, no St. Francis Hospital em Memphis, Tennessee, EUA. Burnside sofrera um ataque cardíaco há um ano e as suas condições de saúde tinham-se deteriorado ultimamente. 

(Fonte: http://www.publico.pt/culturaipsilon/jornal -37101 – CULTURA/ Por NUNO FERREIRA – 03/09/2005)

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