Querubim Lapa, o pintor que se escondia atrás da cerâmica

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Querubim Lapa, o pintor que se escondia atrás da cerâmica

Autor de uma obra múltipla – pintura, desenho, escultura, azulejo, gravura –, distinguiu-se sobretudo pelo seu trabalho na cerâmica.

Embora a maioria o conheça pela obra na cerâmica em ruas, avenidas, escolas e outros edifícios públicos e privados, Querubim Lapa nunca se fixou numa só arte. Fez desenho, gravura, tapeçaria, escultura. E nunca deixou de pintar, a sua verdadeira paixão. 

Artista de obra múltipla, fez parte de uma geração que se opôs frontalmente ao Estado Novo e que participou de uma revolução modernista que se estendia também à arquitectura. Optando inicialmente pelo neo-realismo, como Júlio Pomar, Querubim Lapa foi-se progressivamente distanciando dessa linguagem, caminhando para uma abstracção que podia assumir formas depuradas ou exuberantes.

Os seus painéis de azulejos e outros revestimentos cerâmicos espalhados por Lisboa mostram, explicava muitas vezes, o seu gosto pela cor – o seu lado pintor – e pela modelação, ligado ao que nele havia de escultor (foi , aliás, pela escultura que começou, terminando o curso em 1953). “Não sonhava com a cerâmica. O que eu queria era ser pintor”, disse à revista Up, da TAP, em Outubro de 2014. “Na verdade, eu sempre quis ser pintor – costumo até dizer que sou um pintor escondido atrás da cerâmica.” Foi precisamente a paixão pela pintura, explicara ao PÚBLICO quatro anos antes, que o levou a conjugá-la com a modelagem, dando origem à cerâmica modelada.

Nascido em 1925, em Portimão, o mestre Querubim Lapa – “mestre” precede muitas vezes o seu nome nos textos que sobre ele se escrevem, por referência ao seu talento e à sua entrega ao ensino – começou por estudar pintura com Trindade Chagas, em 1941, antes de se matricular na Escola de Artes Decorativas António Arroio, onde viria a dar aulas a partir de 1955.

Começara a desenhar ainda criança, dizia, para “fugir” às quatro irmãs, embora estivesse longe de sonhar com uma carreira nas artes. Foi um professor que teve na escola profissional Afonso Domingues, de onde o seu pai contava que saísse serralheiro, que primeiro reconheceu a sua inclinação para o desenho e o empurrou para a António Arroio, cujo curso dava na altura acesso à Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL).

Foi nesta escola que se cruzou com alguns dos que viriam a marcar a arte portuguesa do século XX, como Pomar, Fernando Azevedo, João Abel Manta e Marcelino Vespeira. Para eles, explicava Querubim Lapa quando lhe perguntavam sobre o seu envolvimento na oposição ao regime, o neo-realismo era “uma reacção tanto política como artística”, que nascera de um grupo de pessoas que se orgulhava de ser de esquerda.

(Fonte: https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia –

 

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