PRIMEIRO VELEIRO MONOTRIPULADO A HIBERNAR NA ANTÁRTICA

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Amyr Klink, velejador solitário. Amyr Klink parte no final de outubro para superar outro desafio inédito: pretende dar a volta ao mundo pelo caminho mais difícil. Vai contornar a Antártica, atravessando os oceanos Atlântico, Índico e Pacífico, ao longo da menor rota navegável que existe para esse trajeto, bem próximo ao continente gelado. Para realizar seu Projeto 360º, como foi batizada a circunavegação do continente antártico, Amyr Klink conta com a ajuda de um bom e fiel parceiro: o veleiro Paratii, o mesmo com o qual já navegou pelos gelos dos pólos Sul e Norte há oito anos.
A bordo desse barco de 50 pés (15 metros), o navegador zarpou, em dezembro de 1989, de Paraty, no litoral sul do Rio de Janeiro, e só voltou em outubro de 1991, depois de emocionantes 642 dias de viagem e 50.000 quilômetros (cerca de 27.000 milhas náuticas).
Em 1990 foi o primeiro veleiro monotripulado a hibernar na Antártica.
Outro fator que também pode complicar o audacioso roteiro de Amyr são os ventos de até 300 km/h.
Mesmo para um navegador experiente como ele, que já cruzou o Atlântico a remo em 1984, saindo da Namíbia, na África, e chegando a Salvador.
Quando retornar entre março e abril de 1999, já estará se preparando para outro grande desafio: a circunavegação do planeta. Em 1999, começa a volta ao mundo. Amyr vai atravessar os três oceanos, cruzar as duas calotas polares, entrar no Grande Canal da China, passar pela Austrália, contornar o Cabo da Boa Esperança, e, após três anos, retornar ao Brasil.
A viagem de volta ao mundo passando pelas calotas polares está programada para durar três anos. Nesse período, Amyr vai navegar pelos três oceanos do planeta, cruzar os dois pólos, percorrer os sinuosos caminhos que levam ao Grande Canal da China, a maior via artificial navegável do planeta, passar ao largo da Austrália, atravessar o Índico até Madagascar, contornar o Cabo da Boa Esperança, na pontinha sul da África (conhecido como Cabo das Tormentas),e, por fim, retornar ao Brasil.
A idéia de dar uma volta na Terra em um veleiro começou a pipocar na cabeça de Amyr em 1993, dois anos após retornar de sua viagem solitária (1989-1991) aos pólos Sul e Norte. Mas ele sabia que, para realizar a façanha, seria preciso construir um superveleiro. O barco é o maior e mais moderno veleiro construído no Brasil.
Contornar a Antártica, enfrentar condições climáticas adversas, com ventos e tempestades terríveis, nevoeiros fantasmagóricos, nevascas violentas, ondas gigantescas por todos os lados. E, depois, ainda dar a volta ao mundo, navegando por distâncias colossais, comandar um veleiro de 110 toneladas, cruzar os três oceanos, passar outra vez pelas agruras das regiões remotas do globo, dasafiar as mais difíceis situações…Será que Amyr Klink, um cidadão do mundo nascido em São Paulo, em 1955, no dia 25 de setembro, não teme pelo pior? Certa vez, indagado a respeito, ele tinha a resposta na ponta da língua: “Eu não tenho medo de morrer. Mas sim de não viver”.
(Fonte: Galileu – Ano 8 – N.º 87 – outubro 1998 – Editora Globo – Tecnologia Barcos – Pág; 22/23/24/25/26 e 27)

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