Primeiro Presidente do Brasil

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Assumir a Presidência da recém-proclamada República tem um toque de acaso na trajetória política do militar que se dizia um defensor da monarquia
República no Brasil é coisa impossível, porque será uma verdadeira desgraça. O único sustentáculo do nosso país é a monarquia. Se mal com ela, pior sem.”
Um ano depois de fazer essa declaração, o marechal Manuel Deodoro da Fonseca derrubaria o imperador dom Pedro II e se tornaria o primeiro presidente do Brasil. Até ouvir os gritos de “Viva a República!” nas ruas do Rio, porém, acreditou que estava apenas destituindo um ministério que o perseguia.
Que Pedro II permaneça no poder até a morte. Depois, então… – foi o máximo que pôde dizer ao republicano Benjamin Constant dias antes da revolução.
O caminho que levou Deodoro à Presidência foi ladrilhado pela desforra de mágoas pessoais, uma pitada de manipulação e doses generosas de acaso. No final de 1888, o marechal, líder dos militares que desejavam maior participação política, recebeu designação para Mato Grosso. O governo considerava perigoso mantê-lo na capital. Deodoro ficou melindrado, mas obedeceu. No ano seguinte, quando o Visconde de Ouro Preto, presidente do conselho de ministros, nomeou um coronel para a presidência da província, ele explodiu. Tomou como ofensa pessoal ser colocado sob as ordens de um inferior hierárquico. Abandonou o posto e pôs-se a caminho do Rio.
Detentor de grande popularidade, o marechal tornou-se a presa mais cobiçada pelos conspiradores. Os líderes republicanos rodeavam dia e noite o leito onde ele jazia doente, trazendo-lhe notícias inquietantes, na maioria falsas: planejavam prendê-lo, o Exército seria reduzido, a Guarda Nacional tomaria o espaço dos militares. Revoltado, concordou em depor o gabinete de Ouro Preto. Na madrugada de 15 de novembro, foi acordado para o levante. Saiu de casa sem a espada, porque o ventre dolorido não lhe permitia suportar o peso. Retornou presidente provisório.
Era um final surpreendente para alguém de temperamento colérico, que começara a carreira militar sendo preso cinco vezes por indisciplina. A Guerra do Paraguai, na qual combateu ao lado dos sete irmãos, mudaria sua sorte. Permaneceu no campo de batalha durante os cinco anos e meio que a contenda durou e retornou com a farda pesada de medalhas, três ferimentos e o posto de coronel.
A personalidade autoritária – entendia qualquer discordância como uma ofensa – transformaria seu período à frente da República em um desastre. Embora vitorioso, saiu amargurado da eleição indireta de 1891. Achou que deputados demais haviam votado em Prudente de Morais, seu oponente. Inconformado com a oposição, fechou o Congresso. A reação foi imediata. Não lhe restou alternativa senão chamar o vice Floriano Peixoto e entregar-lhe o documento de renúncia.
Acabo de assinar a carta de alforria do derradeiro escravo do Brasil – declarou, antes de ir para casa, onde morreria 10 meses depois, aos 65 anos.

Fonte:
“http://zh.clicrbs.com.br/especial/especial27/50perso/e500w18g.jpg.htm”
“http://zh.clicrbs.com.br/especial/especial27/50perso/e500w18p.jpg”

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