Pedro Bandeira Freire, autor de letras de canções e memorialista

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Pedro Bandeira Freire , fundador do cinema Quarteto

Dramaturgo, ficcionista, guionista, autor de letras de canções e memorialista, foi durante décadas uma “figura destacada da Lisboa cultural, na qual se impôs pela sua criatividade e apurado sentido de humor.

Mágoa pelo encerramento do Quarteto

Recorde-se que há cerca de um mês, Pedro Bandeira Freire entregou as chaves do Cinema Quarteto, que fundara em 1975, depois de, em Novembro passado, aquele complexo de quatro salas ter sido encerrado pela Inspecção-Geral das Actividades Culturais, que detectou falhas ao nível da segurança. Inconformado, o responsável pelo Quarteto considerou que o organismo que ordenou o encerramento do cinema “agiu por má fé”.

Segundo o crítico Jorge Leitão Ramos, do Expresso, Bandeira Freire foi responsável pela divulgação do mais importante cinema europeu e americano dos anos 70. Como programador, deu a conhecer em Lisboa realizadores como Scorsese e Fassbinder,.

Fundador da livraria Opinião, Pedro Bandeira Freire foi autor de vários livros de poesia e teatro, tendo publicado em 2007 o volume de memórias ‘Entrefitas e Entretelas’.

Foi ainda letrista, jurado em festivais de cinema nacionais e estrangeiros (como Berlim) e colaborador da imprensa, rádio e televisão, exercendo inclusivamente funções de consultor de cinema na RTP.

Estreou-se na realização com a curta-metragem ‘Os Lobos’ (1978) e foi actor em ‘A Crónica dos Bons Malandros’ (1984), filme realizado por Fernando Lopes com base no livro homónimo do jornalista e escritor Mário Zambujal.

Foi ainda argumentista em ‘A Balada da Praia dos Cães’ (1987), longa-metragem de José Fonseca e Costa a partir do romance com o mesmo nome de José Cardoso Pires.

Figura da Lisboa cultural

Bandeira Freire “deu um grande contributo para a divulgação do cinema de autor nos anos 70 e 80” em Lisboa, recordou hoje o realizador Alberto Seixas Santos. O Cinema Quarteto “foi nessas décadas um centro de divulgação dos cineastas mais interessantes do cinema mundial”.

A SPA recorda que Bandeira Freire manteve sempre “uma forte ligação à actividade cinematográfica, tanto como exibidor de filmes como pelas interpretações que fez em algumas longas-metragens de realizadores portugueses”. O comunicado evoca ainda a sua “participação activa na vida da SPA”, de que o seu avô, Pedro Bandeira, foi um dos fundadores.

A quase totalidade da obra dramática de Bandeira Freire foi publicada na colecção de teatro da SPA, com chancela da qual se preparava para lançar uma peça inédita.

Pedro Bandeira Freire morreu hoje, com 68 anos, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa,  na sequência de um acidente vascular cerebral. 

(Fonte: http://expresso.sapo.pt – ATUALIDADE / ARQUIVO / Por MARIA LUIZA ROLIM – 16.04.2008)

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