Orlando Brito, um dos mais importantes fotojornalistas brasileiros, retratou presidentes e políticos desde o regime militar desde o general Humberto Castello Branco, até o atual mandatário, Jair Bolsonaro

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Orlando Brito, era um dos maiores fotógrafos a retratar a ditadura militar

 

Referência na cobertura política no Brasil, foi o 1º brasileiro a receber o World Press Photo Prize concedido pelo Museu Van Gogh, nos Países Baixos, em 1979.

 

Orlando Péricles Brito de Oliveira (Janaúba (MG), 1950 – Taguatinga, na região metropolitana de Brasília, 11 de março de 2022), repórter fotográfico e editor, ele passou por algumas das principais publicações do país, ganhou prêmios nacionais e internacionais e publicou seis livros.

Foi editor de fotografia da revista Veja nos anos 1980. Depois do Jornal do Brasil. Nos anos 1990 comandou a sucursal da revista Caras em Brasília.

 

Durante a carreira, Orlando Brito registrou presidentes, políticos e personalidades do poder, contando por meio de imagens parte da história política do Brasil, desde os anos 1960. Também produziu um acervo de fotografias de cidadãos comuns, indígenas e expoentes do mundo esportivo e cultural, além de ter viajado por mais de 60 países e acompanhado copas do mundo de futebol e jogos olímpicos.

Um dos mais importantes fotojornalistas brasileiros, conhecido por sua longa trajetória cobrindo política na capital federal, era referência do fotojornalismo no Brasil, especialmente na área política.

 

Brito retratou presidentes e políticos desde o regime militar. Ele esteve presente e registrou 17 presidentes – iniciou com o general Humberto Castello Branco, em 1964, e foi até o atual mandatário, Jair Bolsonaro.

 

Natural de Janaúba (MG), chegou a Brasília ainda criança, no “empoeirado Natal de 1956”, quando se iniciava a construção da nova capital. O pai era agricultor. Viu oportunidade na construção de Brasília. Decidiu levar toda a família de caminhão por estradas de terra em 1956. Tornou-se comerciante no grande canteiro de obras. Autodidata, iniciou sua carreira em 1964 como laboratorista da sucursal brasiliense do jornal carioca Última Hora e, em 1966, já cobria os primeiros anos do regime militar. Ao longo de sua prolífica carreira, atuou como fotógrafo ou editor de fotografia em publicações como O Globo, Jornal do Brasil, Veja e Caras. Nos últimos anos dedicou-se à sua própria agência de notícias, a ObritoNews.

 

Embora tenha realizado reportagens em diversas partes do país, foi em Brasília que sua verdadeira vocação se revelou. Ali, fotografando os círculos do poder, entre presidentes, políticos, militares e empresários, construiu uma obra única, capaz de contar a história do Brasil, desde o golpe de 1964 até hoje, através da política e de seus protagonistas. De Castello Branco a Bolsonaro, não há um só político brasileiro importante que tenha escapado ao seu olhar.

 

Brito circulou com desenvoltura tanto entre os generais do regime militar –que ele chamava de “revolução”– quanto entre os presidentes que vieram depois. Como todo profissional que cobre diretamente a política, teve que conjugar o dever do ofício, os interesses dos veículos para os quais trabalhava e os limites impostos pelo governo de turno –uma equação especialmente delicada durante a ditadura, onde a liberdade de expressão era fortemente cerceada.

 

Suas principais imagens da política brasileira foram reunidas no livro “Poder, Glória e Solidão”, lançado em 2002. Organizado de forma cronológica, com mais de 300 fotografias, a obra contém imagens históricas, inclusive algumas que não puderam ser publicadas à época. Há generais de óculos escuros desfilando nas rampas desenhadas por Oscar Niemeyer, um melancólico presidente Figueiredo em seu cavalo, a silhueta inconfundível de Ulysses Guimarães, o palanque das Diretas Já, Sarney, Collor, FHC e Lula. É um trabalho que documenta de forma ininterrupta a longa e dolorosa reconquista da democracia brasileira que, segundo o próprio fotógrafo, está hoje novamente ameaçada.

 

Brito fez escola na fotografia política de Brasília, onde há uma tensão constante entre o que os políticos querem que seja mostrado, e o que realmente está acontecendo. Nesse ambiente engessado, o fotógrafo age como uma cobra pronta para dar o bote. Está sempre em busca do inesperado, das brechas, dos vacilos, de momentos fugidios que frequentemente significam mais do que as poses oficiais. Suas melhores imagens são resultado desse misto de paciência e agilidade, como na famosa fotografia conhecida como “Dança das Cadeiras”, onde Figueiredo, Delfim, Newton Cruz e Golbery se preparam para uma reunião.

 

Retratou o Brasil também fora dos palácios. Fotografou presidentes com o mesmo interesse que dedicou aos retirantes, manifestantes, indígenas e trabalhadores. Dedicou-se ao fotojornalismo humanista, alinhado aos grandes mestres do século 20, como Henri Cartier-Bresson e Sebastião Salgado.

 

Fotografou festas populares e religiosas, sobretudo no Nordeste. Ali, diferentemente dos gabinetes de Brasília, pôde desenvolver legítimas relações de confiança e empatia com seus retratados. Essas imagens foram reunidas no livro “Corpo e Alma” (2006).

 

Publicou ainda “Perfil do Poder” em 1981, “Senhoras e Senhores” em 1992, “Brasil: de Castello a Fernandos”, em 1996, e “Iluminada Capital”, em 2003. Viajou por mais de 60 países e foi o primeiro brasileiro a receber o World Press Photo, um dos mais importantes prêmios do fotojornalismo mundial, em 1979. Conquistou onze vezes o Prêmio Abril de Fotografia, sendo considerado hors-concours a partir de 1987. Em 1991, recebeu uma bolsa da Fundação Vitae para a realização de um projeto em que retratou pessoas famosas com mais de 80 anos. Suas fotos estão em diversas coleções públicas e privadas.

 

Tinha uma visão clara do papel de jornalista: “Fotógrafo vê a morte sem chorar, a vitória sem aplaudir, o perigo sem temer e a piada sem sorrir”, dizia. Brito esteve muito próximo dos círculos de poder e tinha consciência desse acesso privilegiado. Passou boa parte da vida em meio a personalidades centrais de nossa história, mas nunca se esqueceu daquilo que chamava de “compromisso com as pessoas ausentes”.

 

Orlando Brito faleceu em decorrência de uma infecção após cirurgia no intestino, aos 72 anos em 11 de março de 2022. Ele estava internado no Hospital Regional de Taguatinga, na região metropolitana de Brasília.

(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil – NOTÍCIAS / BRASIL / por TUCA VIEIRA / (FOLHAPRESS) SÃO PAULO, SP – 11/03/2022)

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