O PRIMEIRO MOSTEIRO CRISTÃO

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O PRIMEIRO MOSTEIRO CRISTÃO

Mosteiro: do grego monastérion, pelo latim monasterium, designando residência de uma só pessoa, conforme se depreende do elemento grego na composição do vocábulo. Mónos significa isolado, sozinho, único. Os primeiros monges viviam solitários, em ermitãs, do grego erêmos, deserto, fugindo do convívio social. Com o tempo passaram a organizar-se em ordens religiosas, a primeira das quais foi a beneditina, congregação fundada por São Bento (480-547), de influência decisiva nos rumos tomados pela Europa a partir do século VI. Ele constituiu um sistema hierárquico autônomo em todas as nações, baseado num recurso simples: a autoridade máxima do mosteiro é o abade e este presta contas apenas ao abade primaz, em Roma. Liberou, assim, seus comandados do jugo de bispos às vezes autoritários e inescrupulosos, cujos mandos eram movidos por interesses mesquinhos. Baseou sua constituição ou regra no lema Ora et Labora (Reza e Trabalha). Seus mosteiros foram peça fundamental na preservação da cultura greco-romana clássica, sobretudo pelo trabalho de monges copistas e miniaturistas.
O primeiro mosteiro cristão foi erguido no Monte Cassino, na Itália. Ergueu-se no Brasil, precisamente em Salvador, em 1582, o primeiro mosteiro beneditino fora da Europa. Em 1589 o Rio de Janeiro era a terceira maior cidade da então colônia portuguesa em além-mar, agora sob o domínio da Espanha, porque já se dera a tragédia messiânica de Alcácer Quibir, onde falecera dom Sebastião (1554-1578), que deixou o trono português sem sucessor. Seus habitantes queriam a presença dos monges beneditinos. Dois deles, os freis Pedro Ferraz e Simão Porcalho, vieram da Bahia e chegaram ao Rio no dia 3 de outubro de 1589. Escolheram, como sempre faziam os monges, o monte chamado Conceição para ali construir a abadia. Os padres jesuítas haviam se instalado no Castelo e os franciscanos, no Morro de Santo Antônio. O referido mosteiro foi fundado em 25 de março de 1590, segundo pesquisa de dom Marcos Barbosa (1915-1980).

(Fonte: Revista CARAS – ETIMOLOGIA – Edição 466 – ANO 9 – N.º 41 – Por Deonísio da Silva, doutor em letras pela Universidade de São Paulo e escritor, é autor de Os Guerreiros do Campo, e de tantos outros)

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