O primeiro filme sonoro feito no Rio Grande do Sul

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PRIMEIRO FILME SONORO FEITO NO RIO GRANDE DO SUL

Salomão Scliar (1922- ), roteirista, produtor e fotógrafo, era um aficionado pelo cinema. Mais ainda, pelas imagens. Fotógrafo do inusitado, dos ângulos obtusos e das luzes estudadas, Scliar consagrou-se nacionalmente pelo seu trabalho com fotorreportagem.
No rastro do irmão mais velho, Carlos Scliar, Salomão foi para o Rio de Janeiro em 1941, com 18 anos. Começou como “foca” da Revista Diretrizes, passando, depois, para a Revista Rio. Como gostava de cinema, empregou-se na Atlântida para aprender como eram os bastidores e a produção de um filme. A companhia estava no início, e ele participou, como um assistente “faz-tudo”, dos três primeiros filmes da empresa: Moleque Tião, É Proibido Sonhar e Tristezas não Pagam Dívidas. Essa experiência o estimulou a investir um pouco mais de seu tempo e talento no cinema.
Em 1944, dirigiu o curta documental Homens do Mar, na praia de Capão da Canoa. Pouco tempo depois, fotogramas do filme são publicados em O Cruzeiro, sob o título Uma Cruz entre Dunas, com texto de Franklin de Oliveira. A partir de então, as fotografias de Salomão vão ocupar as páginas de uma das mais importantes revistas brasileiras de então.
Suas fotografias tinham sempre um quê de surrealistas, com suas luzes e cortes diferenciados. Eram modernas, de vanguarda.
Ao mesmo tempo em que fotografava, Salomão Scliar fazia seus experimentos no cinema. Trabalhou na equipe de cinematografia de Inconfidência Mineira, Inocência e Caminhos do Sul, até dirigir seu primeiro e único longa-metragem: Vento Norte.
Pioneiro e definitivo, Vento Norte, de 1951, dirigido por Salomão Scliar, e rodado em Torres, no litoral norte do Estado, foi o primeiro filme sonoro feito no Rio Grande do Sul e o mais importante filme brasileiro da década.
Scliar não era apenas o diretor do filme, ele acumulava as funções de roteirista, produtor e fotógrafo. Com sua fotografia inovadora, planos cinematográficos diferenciados, e temática universal, é, “o limite gaúcho”, marco na filmografia brasileira.
Renovador, Vento Norte explora uma linguagem de cinema nunca antes abordada. Há quem diga que, pelas suas ousadias de enquadramento e composição, Scliar antecedeu em quase uma década Ingmar Bergmann e Godard.
Além de Vento Norte, Scliar fez outros filmes, curtas ou documentários. Desses, destacam-se Problemas de uma Cidade, de 1954, Bolívia, de 1956, e O Museu de Arte de São Paulo, de 1957. Seu último trabalho em cinema foi a História de um Povo: a Formação do Paraná, feito em 1960 para a inauguração da TV Paraná, de Curitiba.

(Fonte: Revista APLAUSO Cultura em Revista – ANO 1 – N.º 11 – 1999 – CINEMA – Pág. 28/29/30)

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