Nizar Qabbani, o mais expressivo poeta árabe

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Nizar Qabbani (Damasco, Síria, 21 de março de 1923 – Londres, 30 de abril de 1998), o mais expressivo poeta árabe 

Nascido em Damasco (Síria), em março de 1923, Qabbani formou-se em direito. O serviço diplomático o levou a cidades como Cairo, Beirute, Londres, Pequim e Madri, mas sua admiração por Damasco, onde “principia e finda a criação”, era insuperável.


“Todas as crianças têm seu cordão umbilical cortado quando nascem… menos eu, que o tenho atado ao útero de Damasco”, escreve em “Damasco de Nizar Qabbani”, de 1995.

 

Fundou uma editora em Beirute e, nos anos 40, já havia conquistado árabes e estrangeiros. Obras como “Qalat li al Samra” (A morena me disse), de 1942, “Anti li” (Você é minha), de 1950, e “Habibati” (Minha Amada), de 1961, fazem parte de sua primeira fase, marcada pela exaltação do amor e da mulher. Em 1949, inspirado pelo Brasil, produz “Samba”.


Nessa época, questionado por que não escrevia para a pátria, afirma: “Como não escrevo para a pátria? A mulher é parte fundamental dela”.


Orgulhoso de seu povo e de seu passado em lugares como a Espanha, exalta a nação árabe.


Após 1967, quando Israel ocupa a faixa de Gaza e a península do Sinai, na Guerra dos Seis Dias, intensifica-se a temática política em seus livros. Em 1979, a embaixada do Iraque no Líbano é bombardeada. A funcionária iraquiana Balqis, sua mulher, morre. O poeta, inconformado, dedica-lhe um poema lastimoso. Sempre sob forma poética, passa a criticar o poder e seus representantes.

 

Damasco e jasmim


Em sua obra, saboreamos o sumo do damasco, da romã, das outras frutas típicas do Oriente. E sentimos o perfume do jasmim que se exala entre as linhas de suas composições poéticas. “Minha língua provém do vocabulário dos jasmins.”
Qabbani propôs a fundação de um país amigo dos poetas e de um parlamento de jasmins, ciente da necessidade da delicadeza das flores num mundo embrutecido.


“Meu filho coloca à minha frente uma caixa de lápis de cor e pede que eu desenhe uma plantação de trigo. Pego o lápis e desenho um revólver. Surpreso, pergunta-me: “Não conheces a forma do trigo?’. Respondo-lhe: “No passado conhecia a forma do trigo, do pão e da rosa. Mas, nesse tempo metálico, que engoliu as árvores da floresta e em que rosas usam roupas camufladas…'”.


A voz de cantores árabes como a da libanesa Majda Rumi e do iraquiano Kazhem Assaher ecoa nos corações dos que apreciam a boa poesia. Por meio de poemas tal qual “Fi madrassat al hobb” (Na escola do amor), esses artistas manterão mais viva a lembrança de sua mensagem. 

 

Desde os tempos das “Muaalaqat”, poesias pré-islâmicas, os nômades árabes reverenciam sua língua e fizeram dela sua principal arte. 


O filósofo alemão Martin Heidegger disse que ela é a “morada do ser”. Não por acaso, em árabe, o verso poético é denominado “bait”, que também significa casa. Nos países árabes, a tradição poética é forte e parte essencial de simples reuniões entre amigos.

Nizar Qabbani faleceu em 30 de abril de 1998, de ataque cardíaco em Londres.

 

 

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq02059831 – FOLHA DE S.PAULO – ILUSTRADA – MEMÓRIA/ PAULO DANIEL FARAH da Redação – 2 de maio de 1998)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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