Nicolai Gogol, autor de Almas Mortas considerado um dos maiores escritores russos de todos os tempos

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Nicolai Gogol (Poltava, Ucrânia, 20 de março de 1809 – Moscou, 21 de fevereiro de 1852), dramaturgo, contista e romancista, autor de Almas Mortas, considerado um dos maiores escritores russos de todos os tempos.

Com vinte anos (1829), o jovem Gogol vai para São Petersburgo, onde conhece Alexandre Púchkin, o maior escritor de então, que lhe inspira devota amizade e fervorosa empatia, ideias novas para obras que ainda não tinham vindo à luz do dia, nomeadamente Noites na Herdade de Dikanka, sua obra de estreia, tendo sido publicada em 1831, obtendo Gogol o seu primeiro êxito.

A morte de Púchkin no ano de 1837, em um desinteressante duelo, abala profundamente Gogol. «Agora tenho a obrigação de concluir a obra cuja ideia fora do meu amigo». Referia-se, naturalmente, ao alentado texto de Almas Mortas.

Tenta publicar a obra em Moscou em 1841, mas o Comitê Moscovita de Censura recusa. Não é senão após uma intervenção dos amigos do autor que o livro é publicado, em 1842. O romance é uma descrição em detalhe das preocupações do homem russo em uma Rússia profunda; uma sátira, às vezes impiedosa, que porém guarda subjacente o profundo e natural amor de Gogol pelo país.

De 1837 a 1843 vive em Roma. Regressa à Rússia, doente. Um misticismo religioso acentuado induz-o a abandonar as antigas ideias liberais (como se aí residisse o que é de absolutamente condicionante) para se tornar um defensor da autocracia. Essa fase mística virá a exacerbar-se após a sua viagem à Palestina, em 1849.

As tribulações recomeçam: Itália, França, Alemanha etc. Em 1848, faz uma peregrinação em Jerusalém. A pouco e pouco, sua saúde se degrada, e ainda mais devido à sua irritável hipocondria que em nada o recompõe; seu sentimento religioso se exalta. Gogol se torna cada vez mais místico, impelido em ir buscar, pelo sentimento religioso, a salvação da alma.

De volta a Moscou, redige a segunda parte de Almas Mortas. Mas seu estado físico se degrada incessante, mercê do sonho que o acompanha desde jovem: mesmo homem absolutamente sadio e regrado, sua ânsia por uma nova ordem das coisas o martiriza. No início de fevereiro de 1852, num momento de delírio, segundo dizem, ele queima na lareira de seu quarto todos os manuscritos inéditos – inclusive o fim da segunda parte de Almas Mortas.

O romance é uma belíssima e irônica ficção sobre a corrupção de uma classe decadente que domina o povo ignorante e escravo do Estado. Mas nunca fora concluída.

A 21 de fevereiro de 1852 Nicolau Vasilievich Gógol morre.

São-lhe concedidas cerimônias e reconhecimento únicos: seu corpo embalsamado segue insepulto por mais de um dia carregado pelos estudantes, que oferecem homenagens acaloradas em memória do grande escritor. Todos os que leram Gogol queriam ver de perto a despedida do grande autor. Está enterrado no Cemitério Novodevichy, em Moscou.

Sua obra fez de Nikolai Gogol o maior escritor russo da primeira metade do século 19, o verdadeiro introdutor do realismo na literatura russa, o precursor genial de todos os grandes escritores que se lhe seguiram. Como disse Dostoiévski: “Todos nós saímos de O Capote de Gógol”. Toda a literatura russa, que já muito devia a Púchkin, colherá em Gógol os maiores ensinamentos.

(Fonte: Veja, 10 de agosto de 1994 – ANO 27 – N° 32 – Edição 1352 – LIVROS/ Por Leo Gilson Ribeiro – Pág; 118/119)

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