Nelson Prudêncio, dono de duas medalhas olímpicas no salto triplo em Jogos Olímpicos.

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Nelson Prudêncio, ex-atleta, expoente e medalhista olímpico, ex-saltador. Dono de duas medalhas – uma de prata e outra de bronze – no salto triplo em Jogos Olímpicos.

A trajetória de Prudêncio

Além de facilitar o voo dos atletas, o ar rarefeito da Cidade do México colaborou para uma disputa de tirar o fôlego. Entre as semifinais e a final do salto triplo nos Jogos de 1968, três atletas quebraram nove vezes o recorde mundial. Um deles era o brasileiro Nelson Prudêncio, que ficaria com a medalha de prata ao atingir 17m27 na prova vencida pelo russo Viktor Saneyev (17m39), com o italiano Giuseppe Gentile (17m22) em terceiro. Capaz de botar em prática toda a excelência que pautou sua vida acadêmica, Prudêncio era um elo forte da tradição vitoriosa do Brasil na modalidade, inciada com os dois ouros de Adhemar Ferreira da Silva em Helsinque-1952 e Melbourne-56. Bronze em Munique-1972, o paulista, nascido em Lins, em 4 de abril de 1944, ainda estendeu a carreira até os Jogos de Montrel quando João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, já saltava para o primeiros dos seus dois bronzes olímpicos.

Dois anos antes da apoteose de Pelé no México, era Prudêncio quem decolava para uma viagem sem volta. Com apenas quatro anos de atletismo e uma medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg-1967, se dividia entre os estudos e a meta de quebrar o recorde sul-americano estabelecido por Adhemar 13 anos antes, na mesma Cidade do México, com 16m56. Mesmo depois de superar a marca em 9 centímetros, o brasileiro podia fazer mais. Numa sucessão de recordes que fez o italiano estabelecer 17m10, Prudêncio já tinha caído para o quarto lugar quando fez o melhor salto do mundo até então, que seria derrubado em seguida pelo russo. Mesmo que a liderança tenha sido efêmera, ficaram as marcas de prestígio e dedicação que jamais serão esquecida no atletismo brasileiro.

Com a preparação prejudicada para os Jogos de Munique quatro anos depois, Prudênco saltou 17,05 para ficar em terceiro na prova vencida pelo russo Saneyev (17m35), com o alemão oriental Jorg Drehmel (17m31) em segundo. Antes de se despedir dos Jogos em Montreal, voltou ao México em 1975 para disputar seu terceiro e último Pan-Americano repleto de simbolismo. Além do honroso quarto lugar, com 16,85, Prudêncio celebrou enfim a permanência de um recorde brasileiro. Ao cravar 17m89 na ocasião, João do Pulo só seria superado dez anos depois.

Com a tradição renovada, Prudêncio foi trocando as pistas pelas salas de aula. Doutor em Educação Física pela Universidade Federal de São Paulo, colecionou títulos além das pistas. Ao perseverar na vida acadêmica numa época em que os negros em geral caminhavam à margem da sociedade, acabou dando um de seus saltos de maior alcance. No rasto de Prudêncio, novas gerações precisam zelar por uma tradição e criar outra ao produzir novos triplistas e professores capazes de quebrar barreiras. Internado em coma profundo na casa de Saúde de São Carlos, Prudêncio morreu nesta sexta-feira em decorrência de um câncer de pulmão. O ex-campeão, de 68 anos, era vice-presidente da Confederação de Atletismo.

(Fonte: http://oglobo.globo.com/esportes – 23/11/12)

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