Mary Douglas Nicol, arqueóloga inglesa. Comprovou a tese, de que o homem havia surgido na África

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Mary Douglas Nicol (Londres, 6 de fevereiro de 1913 – 9 de dezembro de 1996), arqueóloga inglesa. Quando criança, nos colégios de elite em que estudava, na Inglaterra, suas colegas diziam que ela jamais seria “uma moça da sociedade”. Mary Douglas Nicol não se importava. Foi expulsa de todas as escolas em que estudou, de Kensington a Wimbledon. Educada informalmente pelo pai, o pintor Erskine Edward, a menina decidiu se tornar arqueóloga ao conhecer a célebre Dorothy Liddele, uma espécie de Indiana Jones de saias.
Começou como sua assistente e, aos 21 anos, quando fugiu para a África com o paleontólogo Louis Leakey, casado e dez anos mais velho, já era reconhecida no meio acadêmico. Após o casamento, em 1936, Mary Leakey instalou-se no Quênia, onde fez a maior parte de suas pesquisas. Na selva , acompanhada de uma garrafa de Bourbon, charutos e seus cães dálmatas escavou toneladas de terra enquanto seu marido percorria os Estados Unidos dando palestras.
Quando se separaram, em 1968, Mary Leakey já havia descoberto os fósseis do Homo habilis, o mais antigo ancestral humano, com 1,75 milhão de anos. Tinha também conseguido provar que, ao lado de nossos antepassados, desenvolveu-se outra linhagem de hominídeos que não vingou.
Mary Leakey fez sua maior descoberta em 1978, aos 65 anos, quando vasculhava uma área vulcânica no Serengeti, Tanzânia. A arqueóloga encontrou 33 metros de uma trilha de pegadas de hominídeos, alinhadas com uma precisão assustadora, “tão frescas que pareciam ter sido deixadas naquela manhã”. Preservadas em cinza vulcânica de 3,6 milhões de anos, as pegadas haviam sido feitas enquanto a terra ainda estava fofa. Eram dois rastros deixados por adultos, aparentemente um macho e uma fêmea, e um terceiro deixado por um filhote.

 

O menorzinho seguia o macho, pisando de propósito em suas pegadas, de brincadeira. Pela distância entre uma marca e outra e a diferença de profundidade entre elas, Mary reconstituiu a cena. “A certa altura, a fêmea pára e olha para o leste por alguns instantes, em busca de um sinal de perigo. Então, prossegue rumo ao norte. Esse movimento, tão reconhecivelmente humano, ficou gravado para sempre”, descreveu Mary. Suas escavações na área comprovaram que o andar ereto dos hominídeos foi uma evolução anterior à descoberta das ferramentas.
Afastada do trabalho de campo nos últimos anos, vítima de uma trombose que a fez perder o olho esquerdo, Mary dedicava-se a organizar suas descobertas. A tradição da família foi seguida por seu filho, Richard Leakey. Em 1972 Richard comprovou a tese da mãe, de que o homem havia surgido na África. Antes de sua morte, dia 9 de dezembro de 1996, em Nairóbi, Mary já era reconhecida pelas descobertas anteriormente atribuídas a seu marido. Barton Worthington, colega do casal na Sociedade Real de Geografia, é o responsável pela reavaliação. “Louis sempre foi mais propagandista que cientista. A verdadeira caçadora de fósseis era Mary.”

(Fonte: Veja, 18 de dezembro de 1996 – Edição 1475 – Datas – Pág; 138)

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