Marlos Nobre, maestro e compositor brasileiro prolífico
Recifense, um dos principais do meio erudito, foi diretor da Rádio MEC e teve obras em filmes do cinema novo
O maestro e compositor brasileiro prolífico Marlos Nobre, no Rio de Janeiro, em 1982. (Crédito da fotografia: Cortesia © Copyright All Rights Reserved/ Lewis Moraes/Folhapress ®/ REPRODUÇÃO/ TODOS OS DIREITOS RESERVADOS)
Marlos Nobre (nasceu em 18 de fevereiro de 1939, em Recife, Pernambuco – faleceu em 2 de dezembro de 2024, no Rio de Janeiro, Rio de Janeiro), era maestro, compositor e pianista pernambucano, um dos mais destacados compositores brasileiros, que passou por diversas instituições do meio erudito ao longo de sua carreira e foi o primeiro brasileiro a reger a Royal Philarmonic Orchestra de Londres, em 1990.
Ele também foi regente de várias outras orquestras: Orchestre Philharmonique de l’ORTF em Paris; l´Orchestre de la Suisse Romande; l’Orchestre de l’Opéra de Nice, France; Orquesta Filarmónica del Teatro Colón, em Buenos Aires; Orquesta Sinfónica no México; Orquesta Sinfónica de Cuba. Foi professor visitante da Universidade Yale, da Juilliard School, da University of Texas e da Indiana University.
Suas obras são publicadas pelas editoras Max Eschig (Paris), Boosey & Hawkes (Inglaterra) e Marlos Nobre Edition (Rio de Janeiro).
Nobre dirigiu o Instituto Nacional de Música da Fundação Nacional das Artes (Funarte), em 1976. Presidiu o Conselho Internacional de Música da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em Paris, entre 1985 e 1987. Em 1988, passou a dirigir a Fundação Cultural de Brasília. Ocupa a cadeira nº 1 da Academia Brasileira de Música e é diretor musical e regente titular da Orquestra Sinfônica do Recife.
Músico ficou conhecido por mesclar música clássica com elementos da música popular brasileira.
Autor de cerca de 250 composições, trabalhou com uma linguagem eclética, combinando técnicas como politonalidade com atonalidade e elementos da música popular brasileira. Com “Concertino para piano e orquestra de cordas”, de 1959, recebeu menção honrosa 1º Concurso da Música e Músicos do Brasil, promovido pela Rádio MEC, onde depois seria diretor musical.
Fora do ambiente da música, teve peças suas nas trilhas de filmes do cinema novo, como “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro”, de Glauber Rocha, de 1969, e “Os Inconfidentes”, de Joaquim Pedro de Andrade, de 1972, onde é executada composição “Mosaico”.
Recifense, nascido em fevereiro de 1939, iniciou seus estudos no Conservatório Pernambucano de Música aos cinco anos. Em 1955, ele se formou em piano e teoria musical e estudou composição com Hans-Joachim Koellreutter (1915 – 2005) e Camargo Guarnieri entre 1960 e 1962.
Ao longo da carreira estudou ainda com nomes como Alexandre Goehr e Günther Schüller, no Berkshire Music Center, nos Estados Unidos, e trabalhou com Leonard Bernstein.
Nobre também recebeu distinções como a Bolsa Guggenheim, o Prêmio Tomás Luís de Victoria da SGAE e a Ordem do Mérito Cultural do Brasil.
Em 2005, recebeu por unanimidade o Prêmio Tomás Luís de Victoria da Sociedad de Derechos de Autor (SGAE), em Madrid, Espanha, concedido por unanimidade pela primeira vez em sua história. Na entrega do prêmio, foi lançado na Espanha o livro Marlos Nobre: El sonido del realismo mágico, de Tomás Marco, editado pela Fundación Autor de Madrid.
Marlos Nobre faleceu em 2 de dezembro de 2024, aos 85 anos.
Em nota, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) disse que Marlos, que já foi empregado da Rádio MEC, emissora ligada ao sistema, “sempre será lembrado por sua genialidade e contribuição à arte”. Como produtor de rádio na empresa, apresentou os programas Linguagem da Música e Tribuna de Compositores.
“A Empresa Brasil de Comunicação expressa seus sentimentos e se solidariza aos familiares, colegas e amigos de Marlos Nobre”, diz o comunicado da EBC.
A viúva do maestro, Maria Luiza Nobre, disse que o legado que ele deixa é o de ser o maior compositor ibero-americano, segundo o jornal The New York Times.
“O legado dele foi criar na Funarte o Projeto Espiral com filhos de funcionários em pleno regime militar. Foi preso duas vezes e, mesmo assim, voltou a fazer o projeto. A grande glória dele foi encontrar em Nova York vários meninos do Projeto Espiral fazendo doutorado na Juilliard School. Ela também foi visiting professor da Indiana Music, da Juilliard School, em Nova York e da Yale University. Um grande legado é ser tocado pelas maiores orquestras do mundo. Ele era considerado um verdadeiro gênio e queria o melhor para o Brasil na cultura”, disse a viúva.
(Créditos autorais: https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil – Newsrondonia/ NOTÍCIAS/ BRASIL/ História de ANA CRISTINA CAMPOS – REPÓRTER DA AGÊNCIA BRASIL – 04/12/2024)
(Créditos autorais: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2024/12 – Folha de S.Paulo/ Folhapress/ ILUSTRADA – 4. dez. 2024)
Empresa Folha da Manhã S.A. – Grupo Folha – Copyright Folha de S.Paulo.