Mário Wallace Simonsen, empresário paulista, dono da TV Excelsior e da empresa aérea Panair.

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Mário Wallace Simonsen (Santos, 21 de fevereiro de 1909 – Orgevall, 24 de março de 1965), o homem mais rico e um dos mais influentes do Brasil. Empresário paulista, dono da TV Excelsior, da empresa aérea Panair do Brasil, e da Comal, a maior exportadora de café do Brasil.

Foi um grande defensor da indústria nacional e procurou trazer diversas indústrias de alta tecnologia da época para o Brasil.

Sobrinho do fundador da Fiesp, este Simonsen era dono, simultaneamente, da mais famosa companhia de aviação do País, a Panair, da emissora de televisão de maior sucesso, a Excelsior, e da Comal, a maior empresa de exportação de café do Brasil, num período em que o café respondia por dois terços das exportações nacionais.

Naquele Brasil acanhado do início dos anos 60, isso bastaria para credenciá-lo como príncipe, mas havia mais. O elegante e discreto neto de ingleses, cujos olhos azuis viviam escondidos atrás de lentes fotocromáticas, tinha também duas dezenas de outras empresas, entre as quais a Companhia Melhoramentos e o Banco Noroeste, para citar apenas duas.

Simonsen foi vítima de uma campanha de difamação como poucas vezes se viu no Brasil e seus negócios foram arruinados por oito meses de investigação escandalosa no Congresso. Acima de tudo, porém, ele foi atingido pelo golpe de Estado de 1964, que instalou no poder pessoas que o tinham na conta de inimigo.

Simonsen foi um empreendedor notável, movido por convicções à frente do seu tempo. Criou o primeiro supermercado brasileiro, o Sirva-se, e fundou no início dos anos 60 uma empresa chamada Rebratel, que interligou Rio e São Paulo através de um link de microondas inédito na época.

Com ele, se transmitiu pela primeira vez ao vivo, do Maracanã, uma partida de futebol entre as seleções paulista e carioca. A TV Excelsior Canal 9 de São Paulo foi a primeira emissora a ser administrada com visão empresarial.

No mercado de café, onde se concentrava o grosso da sua fortuna, Simonsen arriscou-se a disputar com as grandes companhias americanas o espaço da distribuição internacional. Não se conformava que o Brasil fosse apenas exportador passivo de grãos e montou uma empresa, a Wasin, para atuar agressivamente nos mercados da Europa e dos EUA. A Wasin tinha escritórios nas principais praças comerciais do planeta e representantes em 53 países, da Colômbia ao Burundi. Café era o seu forte, mas também vendia cachaça, feijão, guaraná, frutas e carne seca. No apogeu, diz seu genro, o conde italiano Carlo de Villarosa, a exportadora de Simonsen chegou a movimentar US$ 200 milhões por ano, uma fortuna imensurável para a época.

Não obstante, esse empresário pioneiro foi exumado da memória empresarial brasileira. Talvez porque tenha ficado na contramão do regime militar, talvez porque aos beneficiários da sua ruína interessasse enterrar sua memória, o fato é que Simonsen foi expurgado do passado. Ao contrário de outros empresários nacionalistas destruídos pelo Estado, como Delmiro Gouveia e Ireneu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, Simonsen ainda não recebeu o seu quinhão de reconhecimento. O empresário Simonsen e sua família fossem uma lenda glamourosa na São Paulo dos anos 60.

Se o esforço da ditadura em destruí-lo é evidente, os motivos para isso são menos óbvios. Simonsen não era um homem de esquerda e nem gozava de especial intimidade com Jango Goulart. Como tantos empresários, era governista por necessidade. Em agosto de 1961, quando Jânio renunciou e a direita tentou impedir a posse de seu vice, Simonsen engajou-se ao lado da legalidade, arranjando inimigos entre militares e conspiradores civis.

Jango se encontrava na Ásia e disseminou-se a lenda de que ele voltara ao Brasil em um avião da Panair. Não foi assim. O dono da Panair estava em Londres quando soube que se tramava contra a posse de Jango. Imediatamente mandou Max Rechulsky, seu mais importante executivo na Europa, interceptar o vice-presidente em sua viagem de retorno da China, para pô-lo a par dos fatos. O encontro deu-se em Zurique. Dali, em vez de seguir para Londres, como era seu plano, Jango voou para Paris com Rechulsky. Hospedou-se no Príncipe de Gales, ao lado do escritório da Wasin. No escritório ele fez dois telefonemas, um para Santiago Dantas e outro para Juscelino.

Em 1964, os militares tiveram seu bode na pessoa do empresário, espremido até morrer pouco depois – de ataque cardíaco, em fevereiro de 1965, aos 56 anos, como quer a família, por ter-se suicidado, conforme se acredita.

Apesar disso, Simonsen morreu em Orgevall, um vilarejo próximo a Paris, destituído de quase tudo, inclusive da vontade de viver.

(Fonte: Veja, 30 de novembro de 1988 – ANO 21 – N° 48 – Edição 1056 – ECONOMIA – Pág: 88/93)

(Fonte: http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/7952 – NEGÓCIOS/ Por Ivan Martins – Nº EDIÇÃO: 345 – 14.ABR.04)

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